31/07/2015

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'Lua Azul' pode ser vista hoje

Expressão indica a ocorrência de duas luas cheias no mesmo mês. Mas o fenômeno não altera a cor do satélite.



Hoje, dia 31, amantes do céu poderão observar a 'Lua Azul', no horário de Brasília, a partir das 18h14, fenômeno que acontece a cada dois anos e sete meses. Apesar de ter esse nome, o satélite não muda de cor. A expressão apenas faz alusão ao acontecimento de uma segunda lua cheia em um mês - a primeira de julho foi vista no dia 2.
Na verdade, a 'Lua Azul' não pode ser considerada como um evento astronômico, já que ela só acontece devido à ausência de sincronia entre o calendário de fases da Lua, que dura 29,5 dias, e o calendário gregoriano, que possui meses de 30 e 31 dias - com exceção de fevereiro -, adotado na maioria dos países.
Independente disso, o fenômeno é considerado "muito importante" para os astrólogos (não para os cientistas). Para eles, a segunda lua cheia de um mês é um ótimo momento para definir os destinos de todos os signos do zodíaco, já que assinala um período de grandes mudanças e reviravoltas.
Apesar de parecer impossível, a lua já até ficou azul algumas vezes por causa de vulcões em erupção ou incêndios em florestas, pois a poeira e a fumaça "filtram" a luz vinda do satélite, causando a aparência azulada. Um episódio muito famoso desse acontecimento é a explosão do vulcão Krakatoa, por causa de uma bomba nucler, na Indonésia, em 1883. Mas tudo isso em nada tem a ver com o fenômeno conhecido como "lua azul".
A 'Lua Azul' também virou expressão popular. Nos países de língua inglesa, é comum usar o ditado "once in a blue moon" ("uma vez a cada lua azul"). Essa locução equivale ao termo brasileiro "só no dia de São Nunca". Mas o fenômeno contradiz o vocábulo, pois não é tão raro assim. O último foi em 31 de agosto de 2012. Caso não consiga visualizá-la amanhã, a próxima estará no céu em 31 de janeiro de 2018.
Nome incorreto - A nomenclatura nasceu em 1946, por causa de um erro de um astrônomo amador, e é famosa até hoje. Além disso, a expressão 'Lua Azul' que, no século XVI, era sinônimo de exagero, já era utilizada para descrever outro fenômeno: os anos tropicais que possuem 13 luas cheias e, por isso, uma das estações do ano tem quatro luas cheias, ao invés de apenas três.



fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/lua-azul-podera-ser-vista-amanha
foto:http://bluemoongiftshops.com/once-in-a-blue-moon/

Maioria dos alunos do 4º e 7º anos do país tem desempenho em níveis baixos


Mais da metade dos alunos brasileiros do 4º e 7º anos tem desempenho em níveis baixos em leitura, matemática e ciências, segundo dados do Terce (Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo), divulgados nesta quinta-feira (30) pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Em leitura, 55,3% dos estudantes do 4º ano estão nos níveis 1 e 2 de desempenho, dentre as 4 faixas de proficiência; no 7º ano, o índice aumenta para 63,2%. Em matemática, as performances de 61,3% dos alunos do 4º ano e 83,3% do 7º ano não foram satisfatórias. O desempenho de ciências só foi avaliado no 7º ano. Nesta etapa, 80,1% dos estudantes estão nos níveis 1 e 2.
Entre os os países da América Latina avaliados, o Brasil teve uma média superior nas provas de matemática do 4º ano e de leitura do 7º ano. Nas outras áreas, a média brasileira não difere de modo significativo da dos outros países.
Os alunos ainda passaram por uma prova de escrita, na qual foram analisados os domínios discursivo, textual e convenções de legibilidade. Comparado com outros países que participaram do estudo, o desempenho brasileiro foi abaixo da média apenas no domínio discursivo, nos dois anos escolares avaliados.
Ainda de acordo com os dados, a média regional de níveis de aprendizagem melhorou em todos os anos e áreas avaliadas, porém a maioria dos estudantes ainda se concentra nos níveis mais baixos de desempenho e poucos estão classificados no nível superior (4). Os países que estão acima da média regional em todos os testes e anos avaliados são Chile, Costa Rica e México.

Fatores associados à aprendizagem

Segundo o relatório, os fatores que incidem positivamente nos resultados da aprendizagem na sala de aula são o atendimento e a pontualidade dos professores, a disponibilidade de material didático, o ambiente escolar e as boas práticas de ensino.
No âmbito familiar, o apoio dos pais, o nível socioeconômico da família e a promoção da leitura são fatores que se relacionam positivamente com a aprendizagem.

O Terce avaliou 134 mil estudantes de mais de 3.200 escolas da América Latina e Caribe. Participaram da avaliação 15 países da região (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai) e o Estado mexicano de Nuevo León.


fonte:http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/07/30/maioria-dos-alunos-do-4-e-7-anos-tem-desempenho-em-niveis-baixos.htm
foto:https://www.emaze.com/@AOWRFQFL/La-Educacion

Gosto musical revela como as pessoas pensam, diz estudo

O gosto musical de uma pessoa pode dar pistas sobre a maneira como ela pensa, e vice-versa, segundo pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Publicado na plataforma Plos One, o estudo apontou que pessoas empáticas, com maior capacidade de se identificar com outra pessoa, preferiram músicas mais suaves, de baixa energia.
Já aquelas classificadas como "sistemáticas" - pessoas que procuram analisar padrões no mundo - optaram por punk, heavy metal e músicas em geral mais complexas.
Os pesquisadores afirmam que o trabalho pode ter implicações para a indústria musical.
Muitas pessoas tomam decisões instantâneas sobre músicas que gostam ou não gostam, mas cientistas afirmam que os mecanismos dessas preferências continuam pouco claros.

Pesquisa com ouvintes

Para investigar essa questão, pesquisadores recrutaram 4 mil participantes, que foram submetidos a diferentes testes.
Primeiramente, eles foram solicitados a preencher questionários com afirmações desenhadas para investigar se eram mais "empáticos" ou "sistemáticos".
Os participantes responderam, por exemplo, se tinham interesse por design e construção de motores de carro, e se eram bons em prever o sentimento das pessoas.
Depois, foram submetidos a 50 trechos curtos de músicas, de 26 estilos diferentes, e tiveram que dar notas de 1 a 10 para cada trecho.
Pessoas com alto índice de empatia tiveram maior inclinação a gêneros como R&B, soft rock e folk.
Por outro lado, quem se aproximou mais do perfil "sistemático" teve tendência a gostar da música de bandas de heavy metal e de jazz contemporâneo.
Participantes com altos índices de empatia se aproximaram de músicas como a versão de Jeff Buckley para Hallelujah, de Leonard Cohen, e Come Away with Me, de Norah Jones.
E quem foi identificado como "sistemático" teve maior conexão com músicas comoEnter Sandman, do Metallica.
Ao avançar na investigação, pesquisadores descobriram que dentro de um mesmo gênero musical havia diferenças na intensidade e no estilo de música preferido por cada grupo.
David Greenberg, doutorando em Cambridge, sugere que esses achados podem ser úteis à indústria da música.
"No Spotify e na Apple Music, por exemplo, há muito dinheiro sendo gasto com algoritmos para escolher quais músicas você deverá gostar", afirma.
"E entendendo o estilo de pensamento de determinada pessoa, tais serviços poderão no futuro alinhar suas recomendações musicais a esses padrões."

fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150727_gosto_musical_pesquisa_tg#orb-banner
foto:http://21c-learning.com/music-education-workshops/

Tatuadora cobre cicatrizes para ajudar mulheres vítimas de violência a resgatar autoestima

Flavia Carvalho (foto abaixo) tinha 15 anos quando foi agredida pelo primeiro namorado, que vez ou outra se descontrolava e batia nela. À época, ele pedia perdão, e ela voltava. E muitas vezes se culpava pelos tapas e golpes que recebia.
Mais de uma década depois, quando já era tatuadora profissional, Flavia se viu de novo diante de um caso de violência. Mas dessa vez, a vítima não era ela, e sim uma cliente. Uma jovem de 20 e poucos anos pediu à tatuadora que cobrisse uma cicatriz com um desenho. Era uma forma de ocultar de vez as marcas de uma agressão que sofrera havia quase dez anos.
"A cliente tinha uma cicatriz bem grande no abdômen. Eu não perguntei, mas ela foi me contando que estava numa boate, um cara a abordou e ela não quis beijá-lo. Ela saiu e foi ao banheiro, mas ele a abordou de novo e a golpeou com um canivete", contou Flavia à BBC Brasil.
"Ela precisou ser hospitalizada, ficou aquela marca bem grande. E depois de muito tempo, ela quis fazer uma tatuagem para cobrir a cicatriz. Foi transformador pra ela, ela tinha vergonha de usar biquíni, e a reação dela quando viu que não tinha mais a cicatriz me comoveu."
Foi esse caso que inspirou Flavia a criar o projeto "A Pele da Flor", que tem como objetivo ajudar mulheres vítimas de violência a recuperarem a autoestima por meio de uma simples tatuagem.
"Eu fiquei pensando no tanto de mulher que sofre violência doméstica, mas que não tem condição de fazer tatuagem, plástica ou algo para cobrir aquela marca. As cicatrizes fazem com que a mulher fique sempre lembrando da agressão e mudam a relação delas com o próprio corpo", diz.
"Essa minha cliente se emocionou na hora que viu o resultado no espelho, me abraçou. Por causa daquela marca, ela tinha vergonha de mostrar o corpo até para um namorado. Eu vi a transformação dela ali e vi que era possível usar a tatuagem como ferramenta para resgatar autoestima."

Prefeitura

Dois anos depois, já com a ideia materializada, Flavia começou a levar o projeto - de oferecer tatuagens gratuitas a mulheres que quisessem cobrir cicatrizes de episódios de violência que sofreram – para algumas ONGs, mas, de cara, recebeu vários "nãos". As entidades diziam que "não haveria demanda".
A tatuadora, então, entrou em contato com a Secretaria da Mulher da Prefeitura de Curitiba, onde mora, e firmou uma parceria. Na última terça-feira, eles divulgaram o projeto pelo Facebook – e, em dois dias, Flavia já recebeu mensagens de mais de 40 mulheres contando seus casos de violência.
Pelo menos 10 delas já estão marcando o dia e a hora para fazerem a tatuagem no estúdio de Flavia e acabarem de vez com marcas permanentes de agressões que elas querem esquecer.
"Eu fiquei bem impressionada, quando me reuni com a Secretaria, a gente ficava pensando se ia ter demanda, porque eu ouvi bastante 'não', né. Mas à medida que você vai divulgando, os casos vão aparecendo", conta.
"Vieram histórias bem diversas, de todos os tipos. Da menina novinha que apanhava do namorado, da mulher que apanhou do marido por anos, da professora com o aluno. Você imagina que é coisa de novela, mas é real mesmo, de todos os tipos. De todas as classes e idades."
Nesta semana, Flavia já recebeu algumas das mulheres que a procuraram no estúdio e tirou a medida para fazer o desenho que cobrirá as cicatrizes delas. A tatuadora conta que, na maioria dos casos, as vítimas pedem desenhos femininos para tampar as marcas, como "flores, borboletas ou pássaros".
"Um dos casos que mais me chamou a atenção foi de uma professora, que foi atacada por um aluno. Ele a esfaqueou 16 vezes, tem marca no braço, nas costas."
"Outra, que vai vir semana que vem para cobrir (uma cicatriz), sofreu tentativa de homicídio. Ela foi esfaqueada oito vezes, perto do coração, ficou até na UTI. Ela tinha terminado o relacionamento com o namorado, que a agredia, e aí um dia ela estava indo para o trabalho, e ele a atacou. Depois (ele) se matou. Ela tem várias cicatrizes, mas o que mais a incomoda é uma na perna, porque ela não pode usar saia, shorts."

'Psicóloga'

Desde que o post sobre o trabalho de Flavia Carvalho foi divulgado pela Prefeitura de Curitiba, ela não parou de receber mensagens. Não só de mulheres querendo fazer a tatuagem para cobrir cicatrizes, mas também de gente que queria apenas compartilhar suas histórias de agressão.
"Algumas das mulheres que me procuraram ainda não têm coragem de mostrar a cicatriz, nem de cobri-la, mas elas querem contar os casos, querem uma motivação para fazer a tatuagem um dia."
Flavia conta que recebeu até mesmo mensagens de mulheres de outros Estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ela virou quase que uma "psicóloga" para elas e garante que está arranjando tempo para responder todas as mensagens.
Vítima de agressão física na adolescência e de violência psicológica com seu primeiro marido, Flavia não esconde o sentimento de revolta que sente a cada vez que vê uma cicatriz em uma mulher causada por violência doméstica.
"Mexe muito comigo ainda isso. Tem meninas novas vindo me contar esses casos e eu lembro de como eu, novinha, vivi isso. É bem difícil. É um misto de revolta da gente saber como isso acontece com tanta frequência com uma vontade de acolher, de abraçar essas meninas. Por isso, a ideia do projeto é fazer algo que faça com que essas mulheres se sintam bem."

Reportagem de Renata Mendonça
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150731_tatuadora_mulheres_violencia#orb-banner
foto:Arquivo Pessoal de Flávia Carvalho

30/07/2015

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A menina que doa livros

Quer uma boa leitura de graça? Basta procurar Giovanna Pampolin no Minhocão em São Paulo.



Perdido num lugar distante de tudo, um homem se abriga na casa de uma família simpática e diferente. Essa gente tem um hábito esquisito: sair todas as noites para buscar o dia. Quando passa de novo por ali, o homem leva um presente que muda a rotina daquelas pessoas...”
Na infância, o fotógrafo Paulo Pampolin adorava esta história de Edy Lima, “A gente que ia buscar o dia”, contada pela mãe. O livro se perdeu, mas Pampolin guardou a fábula na cabeça e, a seu modo, passou a recontá-la para embalar os sonhos da filha Giovanna, hoje com 9 anos. Tal era a conexão entre pai e filha que Patrícia, atual mulher de Pampolin e madastra de Gigi, decidiu procurar um exemplar da obra nos sebos de São Paulo. Lima repousa atualmente nas estantes da família e é um dos raros livros aos quais a menina se apega. Os demais ela faz questão de compartilhar, depois de lidos, obviamente, com quem quiser. Quase todos os domingos ela e o pai oferecem literatura de graça aos pedestres do Minhocão, região central da capital paulista. 
A ideia de doar livros começou há pouco mais de seis meses. Dona de uma biblioteca invejável para a idade, Gigi se perguntou: por que não compartilhar com outros leitores? Encontro-a em uma manhã fria e cinzenta de inverno. O termômetro marca 13 graus, mas não a desanima. A menina empurra um carrinho repleto de obras de sua coleção rumo a um ponto do elevado, fechado aos carros no domingo. Entre artistas, ourives, ciclistas e turistas, ela monta sua pequena banca de exposição de tomos gratuitos.
Diante do empenho da filha, Pampolin criou no Facebook a página “A menina que doa livros”. Pela rede social, avisa quando estará ao lado de Gigi no Minhocão (as doações acontecem nos fins de semana que a menina passa com o pai), elenca os títulos disponíveis e aceita pedidos de encomendas. Giovanna lê todos os comentários, mas, por motivos de segurança, deixa as respostas a cargo do pai. “Em uma tarde, a página passou de 30 curtidas (seguidores) para mais de mil. Com isso comecei a juntar meus livros para doar também”, diz o fotógrafo.
Os adultos são a maioria dos frequentadores e também os mais desconfiados. Já perguntaram se havia câmeras escondidas ou se era pegadinha. Chegam tímidos, mas no fim sempre escolhem um título. Vários se comprometem a trazer seus livros para doar, embora poucos o façam de verdade.
O movimento varia e depende muito do clima. Nesse domingo frio e cinzento, Gigi doou apenas 5 dos 41 livros à disposição. Em dias mais ensolarados, relata a menina, não sobra nenhum exemplar. Eros, o cão da família, também é um bom garoto-propaganda. Quando ele vai junto, a visita aumenta. “O pessoal chega para brincar com ele e acaba pegando um livro”, conta a garota, ciente da empatia causada pelo animal.
Há quem peça para tirar fotos com a menina. Outros querem uma dedicatória no título escolhido, caso de Eliana Raposo, que passeava com o marido e aproveitou para dar uma olhada nas opções. Ela escolheu Trem-Bala, de Martha Medeiros, presente para a mãe. “Ela está querendo esse livro há tempos e encontrei aqui”, comemora Eliana. O marido, Wilson Rodrigues, até pensou em levar o poeta chileno Pablo Neruda, mas mudou de ideia e escolheu A Cidade dos Bichos, texto infantil de Arlette Piai. Dará a uma criança. Prova de que gentileza gera gentileza, como dizia o poeta carioca. 
Aos leitores Gigi e Pampolin só pedem um favor: a manutenção da corrente de doações. “O ideal é que o livro circule, não só troque de estante”, explica o fotógrafo. Para quem tem dificuldade em se livrar de seus livros (discos etc.), a menina aconselha: “Desapega”.
Pai e filho têm um tratoGigi ganha livros quando quer. Outro tipo de presente só em datas muito especiais (aniversário, Dia das Crianças e Natal). Depois de sorver cada página, a menina coloca o exemplar na lista de doações. É o que acaba de fazer com O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry, clássico preferido das aspirantes a miss. Encomenda, aliás, de um frequentador da página no Facebook.
Apesar de leitora voraz, Gigi não abre mão de um momento de prazer: a leitura noturna feita pelo pai antes de ela dormir. A voz a conecta com sua mais tenra infância. Só não valem histórias tristes. 

Reportagem de Wanezza Soares 
fonte:http://www.cartacapital.com.br/revista/859/a-menina-que-doa-livros.html
foto:http://www.mikelavere.com/motivation/seven-self-improvement-books/

França cria plano de ação para combater assédio sexual contra mulheres no transporte público

Pesquisa constatou que 100% das usuárias já foram assediadas dentro de metrôs e ônibus; medidas serão aplicadas em território nacional a partir de outubro.



“Eu estava no metrô voltando da piscina quando um homem de uns 30 anos começou a me olhar fixamente. Eu tenho 20 anos e estava usando um vestido até o joelho, nem estava com maquiagem. Ele tinha o olhar meio perverso. Quando levantei pra descer, ele pegou na minha mão e sussurrou que eu era linda. Fiquei irritada e falei pra ele não me tocar porque ele nem me conhecia. Saí do metrô e ele continuou me encarando. Meus amigos disseram pra eu me acalmar, mas eu fiquei irritada — nós mulheres não podemos andar na rua tranquilamente?”.
Depoimentos como este da estudante Clo, moradora de Lyon, leste da França, são comuns. Uma pesquisa feita pelo órgão francês HCEfh (Alto Conselho de Igualdade entre mulheres e homens) entrevistou 600 mulheres na região parisiense e concluiu que 100% das usuárias de transporte público já foram vítimas de assédio sexual dentro dos metrôs e ônibus do país, um “fenômeno amplamente minimizado ou normalizado”, segundo o documento.
Diante destas conclusões, o governo francês anunciou um plano nacional de luta contra este tipo de agressão que deve ser implementado até o fim do ano. As medidas são divididas em três partes: prevenção, com campanhas para conscientizar o público para o problema; reação, através de serviços de alerta eficientes; e sensibilização, com profissionais capacitados para lidar com o problema em um ambiente não sexista.
Entre as medidas, resumidas em 12 pontos, está a determinação de banir propagandas que objetifiquem as mulheres nos transportes públicos, pois as peças “criam um ambiente hostil para as usuárias”, segundo o próprio governo. Um exemplo citado pela secretária de Estado dos Direitos das Mulheres, Pascale Boistard, foi a recente propaganda da tradicional loja de departamento Galeries Lafayette, na qual aparece uma mulher deitada nua com um biquíni pendurado no pé. “Não é uma questão moral, mas de respeito. Não dá pra vender biquínis sem sequer colocar o biquíni sobre a mulher, por exemplo”, disse a secretária em um programa de televisão. A seleção das propagandas não sexistas será feita pelas próprias empresas de transporte, mas os critérios ainda não foram divulgados.
As empresas responsáveis também disponibilizarão um número de telefone de urgência para que vítimas e testemunhas possam denunciar agressões sexuais imediatamente. Será criado também um alerta por SMS — dependendo da situação, a discrição da mensagem de texto é mais apropriada, para não chamar atenção. A campanha também pretende lembrar as punições para cada tipo de agressão: exibição de partes íntimas pode custar até 15 mil euros (aproximadamente R$ 50 mil) e um ano de prisão ao agressor. Já a pena por xingar uma mulher em público porque ela não quis conversa será 22 mil euros (cerca de R$ 76 mil) e seis meses de prisão.
As primeiras medidas devem ser colocadas em prática a partir de outubro. Clo afirma estar satisfeita com a iniciativa. “Acho ótimo que eles façam alguma coisa contra isso. Os homens que assediam assim na rua precisam entender que não têm esse direito. Se eu pudesse denunciar quando aconteceu comigo, não pensaria duas vezes”, contou.
Conscientização
O índice de 100% das usuárias de transportes públicos assediadas sexualmente nestes espaços provocou incredulidade em parte do público francês, mas associações feministas afirmam que o resultado não é nenhuma surpresa. Romain Sabathier, secretário-geral do HCEhf, explicou a metodologia da pesquisa: “Nosso estudo contabiliza agressões sexistas, sejam elas conscientes ou não. Algumas mulheres responderam ‘não’ quando perguntadas se já haviam sofrido assédio, mas logo depois disseram que sim quando especificamos os tipos de assédio, que vai desde um assovio inapropriado até uma mão na coxa ou pior”, diz. “A campanha já tem o mérito de tornar visível um fenômeno que até agora foi muito tolerado e extremamente minimizado”, conclui Sabathier.
Associações feministas demonstraram satisfação com a preocupação do governo com o tema e reconheceram os pontos positivos da campanha, mas algumas apontaram lacunas, como a falta de um plano orçamentário detalhado, por exemplo. Também argumentaram que as medidas de segurança continuam apenas colocando a mulher em situação de vítima, enquanto o problema é mais profundo.
Anne Favier faz parte da associação Stop Harcèlement de Rue (fim do assédio nas ruas, em tradução literal) e é bastante favorável à campanha: “Acho que tudo que faz avançar as mentalidades sobre o assédio é positivo. Lembrar aos homens que esse tipo de agressão é crime e pode ser punido por lei é importante”. Mas a ativista também tem algumas ressalvas quanto às medidas securitárias, que tendem a responsabilizar as mulheres pela própria segurança, aliviando, de certa forma, a culpa dos agressores. “Na cidade de Nantes vão experimentar a parada de ônibus fora do ponto à noite, mas a campanha foca apenas na vulnerabilidade das mulheres. Eles negligenciam que há outras pessoas, como os homossexuais ou idosos, que serão beneficiados”, afirma Favier.
Iniciativas em outros países
Na Bélgica, uma lei contra o sexismo em espaços públicos está completando um ano sem os resultados esperados. Na capital Bruxelas apenas 22 multas foram distribuídas, menos de duas por mês. Representantes da associação belga Vie Féminine não parecem surpresas: “As mulheres não veem vantagem em denunciar. O sexismo está tão banalizado na sociedade que elas não acham que valha a pena passar por todo o processo por tão pouco”, afirmou Ariane Estenne, porta-voz da Vie Féminine à imprensa local.
A Argentina também está atenta ao problema — três projetos de leis foram apresentados contra o assédio sexual nas ruas neste ano. Um dos focos é justamente treinar os agentes de segurança para lidar com este tipo de denúncia, sem desestimular as mulheres durante o processo burocrático. A campanha francesa também espera sensibilizar a população para a importância de denunciar e pretende incentivar as testemunhas a tomar partido da vítima, seja denunciando o agressor diretamente ou demonstrando apoio à vítima para que ela perceba que não está sozinha.
Outras soluções imediatistas, como a criação de vagões para mulheres, adotada em algumas cidades brasileiras, foram estudadas, porém descartadas. “Achamos que este método está ultrapassado, pois parte do princípio de que todas as mulheres são vítimas e todos os homens são agressores. Pior ainda: se uma mulher escolhe não usar um destes vagões, este ato poderia ser interpretado como um convite a uma agressão?”, questiona Sabathier.

Reportagem de Amanda Lourenço
fonte:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/41062/franca+cria+plano+de+acao+para+combater+assedio+sexual+contra+mulheres+no+transporte+publico.shtml
foto:http://vaidape.com.br/blog/2014/03/frotteurismo-cotidiano-da-mulher-no-transporte-publico/

“A multitarefa baixa o rendimento”


Quando, em 2001, Facundo Manes regressou a seu país, a Argentina, depois de concluir um mestrado de ciências em Cambridge, estava convencido de que para criar um polo científico relevante só se necessitava de quatro paredes e um punhado de mentes brilhantes. O que o inspirou foi sua passagem pelos Laboratórios Cavendish, lugar pelo qual já desfilaram mentes como as de Isaac Newton e Stephen Hawking. Sem pensar duas vezes, fundou o Instituto de Neurologia Cognitiva (Ineco) para investigar temas como a memória, a tomada de decisões e as emoções de forma multidisciplinar, unindo os conhecimentos de cientistas de diversas áreas. Hoje, sua criação é um polo de referência na América Latina. Já produziu mais de 180 trabalhos científicos, publicados em revistas internacionais de prestígio, como Brain e Nature Neuroscience.
No Ineco, em estúdios de televisão, em colunas nos jornais Clarín eLa Nación e em seus livros, o neurologista Facundo Manes divulga seu trabalho de pesquisa sobre esse órgão de apenas um quilo e meio de peso, “que nos faz humanos” e cativou sua atenção já nas primeiras aulas de anatomia. Homem midiático, de linguagem fácil e apaixonada, muito popular em seu país de origem, seu nome se tornou conhecido de todos quando o cérebro que teve entre suas mãos foi o da presidenta argentina. Isso ocorreu eu outubro de 2013, quando liderou a equipe que tratou Cristina Fernández de Kirchner, que ficou internada no Instituto Favaloro, dirigido por ele, após ser submetida a uma cirurgia de crânio. “O mais difícil em casos como esse, por todas as pressões que existem de todos os lados, é concentrar-se na atividade”, diz Manes, de 46 anos, durante uma passagem por Madri para dar uma palestra na Fundação Telefónica. “É motivo de orgulho que tudo tenha corrido bem em um momento tão intenso como aquele.”
Pergunta. O que o senhor aprendeu com essa experiência?
Resposta. Aprendi que todos nós somos humanos.
Homem para quem Raúl Alfonsín é uma figura inspiradora, Manes tem sido cortejado politicamente, entre outros, pelo presidente da centrista União Cívica Radical, Ernesto Sanz. E ele não descarta a possibilidade de entrar na política, desde que seja para conduzir a Argentina “em direção a uma sociedade baseada no conhecimento”.
Durante esta entrevista, o reitor da Universidade Favaloro de Buenos Aires se mostra como um homem que se lança sobre as perguntas. Ele as aguarda com um olhar fixo, quieto, imóvel. E, assim que termina o enunciado, dispara a resposta.
Sua paixão, sua vontade de convencer, seu afã de divulgar, tudo isso impulsiona seu corpo para a frente, deixando-o na borda da poltrona de couro em que está sentado nesta tarde quente de Madri. É um homem dinâmico, rápido, que não perde tempo com bobagens. Quando se levanta para ir a algum lugar, ele vai com determinação, isso fica bem claro.
P. O senhor afirma que a forma como pensamos é a forma como sentimos.
R. Sem dúvida. Uma das grandes coisas que a neurociência fez foi colocar as emoções no mesmo nível dos processos cognitivos racionais. Por muito tempo se considerou que para pensar com clareza a pessoa tinha de se livrar das emoções. Hoje sabemos que a emoção e a razão são necessárias para nossa conduta – mais que isso, sabemos que a emoção guia nossa conduta, facilita a tomada de decisões, consolida a memória. A emoção dá cor aos estados mentais: é impossível imaginar a vida sem alegria, sem tristeza, sem ciúme, sem ódio, sem admiração.
P. Podemos mudar o que sentimos?
R. Se eu sinto ciúme, admiração, ressentimento ou raiva, não posso modificar o disparo emocional, mas posso modular as consequências desse disparo. Podemos mudar a maneira como sentimos. Isso é parte do trabalho da terapia cognitiva: não posso mudar a realidade, mas posso mudar a forma como respondo a ela.
P. Entramos no terreno da terapia…
R. A terapia cognitiva, baseada nas ciências modernas, demonstrou ser eficaz em casos de transtornos de ansiedade, obsessivo-compulsivos, mas pode ser aplicada em qualquer pessoa, sem que seja necessário que ela tenha algum transtorno mental: todos nós temos ansiedades, medos, paranoias, depressão, angústia, tristeza. Onde está o limite entre o normal e o anormal? Está no momento em que afeta sua vida diária, a esfera de trabalho, social.
P. Este suplemento se chama Ideas, por isso esta pergunta é obrigatória: como são geradas as ideias?
R. Somos muito mais automáticos do que pensamos. Às vezes somos racionais e deliberativos, mas não sempre; tomamos decisões sociais. Muitas vezes, quando discutimos, temos um viés de confirmação, a única coisa que fazemos é buscar argumentos que confirmem os pensamentos prévios. Mas como é que surgem as grandes ideias? Em minha opinião, há muitos livros, muitos cursos sobre criatividade, mas ainda não sabemos como o cérebro dá origem ao momento eureka.
P. Muitas vezes, a melhor ideia aparece quando a gente se desliga do assunto e relaxa.
R. Sim, mas antes é preciso estar obcecado com um tema. Em termos de criatividade, a inspiração é para amadores. Um dos aspectos-chave da ideia é a preparação, a incubação. Os pensamentos obsessivos em torno de uma questão influem mais nessa criatividade do que o coeficiente intelectual. É preciso ter paixão, estar obcecado.Paul McCartney escreveu Yesterday dormindo, mas vinha pensando naquilo. Quando estamos deitados no sofá, ou dormindo no banco de trás do carro, surge o momento eureka. Cai a atividade dos centros de atenção e execução e aparecem os centros de associação. Além disso, para criar é preciso estar um pouco louco – e é preciso estar preparado para cometer erros.
P. Mas as nossas sociedades não perdoam muito o erro...
R. Estigmatizam o erro.
P. E é um erro.
R. Sim, um erro [risos]. Steve Jobs se equivocou muitas vezes antes de fazer o iPad. Galileu também cometeu erros. O contexto criativo é fundamental. Por que o Vale do Silício produz mais tecnologia do que qualquer outro lugar? Por que Cambridge é uma universidade melhor do que outras? Por causa do contexto criativo.
P. Em seu livro Usar o Cérebro[lançado no Brasil pela editora Planeta], o senhor cita a obra do tecnocético Nicholas Carr, que, em A Geração Superficial – O Que a Internet Está Fazendo Com os Nossos Cérebros, alerta sobre certos perigos, sobre capacidades que perdemos por causa do uso em massa de tecnologias. O senhor discorda e argumenta que não existe nenhuma evidência de que as novas tecnologias estejam atrofiando nosso córtex cerebral.
R. Não considero que a internet e a tecnologia venham a gerar um novo lóbulo cerebral, porque a imprensa também não fez isso. A tecnologia vai facilitar nossa vida em muitos aspectos. No entanto, em pessoas – crianças, adolescentes e adultos – com tendência para a ansiedade, vai disparar esse tipo de comportamento. É importante que os jovens voltem a ficar entediados, que tenham introspecção, que imaginem, porque se estiverem o dia todo conectados, ficarão estressados, e a multitarefa baixa o rendimento cognitivo.
P. Isso significa que somos menos eficientes?
R. Somos menos eficientes: há mais estresse e mais cansaço. Achamos que somos eficientes fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, mas na verdade a multitarefa baixa o rendimento cognitivo.
P. Se levarmos em conta os coeficientes intelectuais, o ser humano está cada vez mais inteligente – é o chamado Efeito Flynn. É assim mesmo?
R. A ciência não pode medir toda a inteligência. O coeficiente intelectual não a abrange totalmente: há inteligência empática, emocional, social... Mas o que mostra o Efeito Flynn, em crianças bem nutridas, bem estimuladas, é que elas costumam ter um rendimento melhor em certas tarefas do coeficiente intelectual geração após geração.
P. E por que isso ocorre? Nós, assim como as máquinas, não vamos nos aperfeiçoando?
R. Sem dúvida. O fato de haver melhores condições de estímulo cognitivo e emocional para as novas gerações influi nisso.
P. Os filhos desta geração serão, portanto, mais espertos que seus pais?
R. Em alguns aspectos da inteligência. Mas não em toda ela, porque não se pode medir a inteligência, dada sua complexidade. Como se mede o humor, a ironia, a empatia?
P. Em seu último livro, o senhor se pergunta se é possível medir a felicidade. E reflete sobre o conceito de Felicidade Nacional Bruta (FNB) como um indicador alternativo ao Produto Interno Bruto (PIB). O que a neurociência tem a nos dizer sobre a felicidade?
R. O cérebro está preparado para fugir do perigo e buscar o prazer. E acredito que um dos avanços da neurociência será o de que, com o tempo, vai aumentar o valor da gestão do tempo pessoal e das emoções. Um indivíduo pode ser milionário, mas se não controla seu tempo e suas emoções, é um miserável.

Reportagem de Joseba Elola
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/09/ciencia/1436463420_426214.html
foto:http://sucessonainternet.net/como-a-multitarefa-pode-atrapalhar-o-seu-negocio-online/

Brasileiros usam cruzeiros para tentar migrar para os EUA

Navios de cruzeiro que circulam entre a Flórida e o Caribe se tornaram uma alternativa para brasileiros que tentam migrar ilegalmente para os Estados Unidos.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 90 brasileiros foram detidos só em 2015 nas Bahamas ao tentar chegar à costa dos Estados Unidos sem a documentação adequada.
Não foram divulgados detalhes sobre as circunstâncias em que eles foram detidos, mas sabe-se que eles tentavam entrar ilegalmente nos EUA.
O número - divulgado após uma consulta da BBC Brasil - já supera o total de detenções em todo o ano passado (80).
País arquipélago a 80 quilômetros do litoral da Flórida, as Bahamas são um popular destino turístico no mar caribenho.
O ministério diz que a maior parte dos detidos tentava alcançar os Estados Unidos em navios turísticos.
Segundo especialistas em assuntos migratórios, os detidos podem ter tido a entrada negada nos Estados Unidos e sido entregues a autoridades das Bahamas ou, se viajavam em barcos independentes, interceptados no meio do caminho e obrigados a voltar ao arquipélago. Alguns podem ainda ter sido detidos antes de embarcar, se as autoridades suspeitavam que planejavam chegar ilegalmente à Flórida.
Também não há dados sobre brasileiros que conseguiram entrar ilegalmente no país com essas embarcações.
O governo brasileiro estima que 1,2 milhão de brasileiros morem nos Estados Unidos, 730 mil dos quais irregularmente. A maioria ingressou no país de avião, com vistos de turistas, ou atravessando a fronteira com o México.

Riscos e desinformação

O desânimo sobre a situação no Brasil e a falta de informações sobre os riscos da travessia marítima estão por trás do aumento nas tentativas de migração pelo mar, diz o advogado brasileiro Alexandre Piquet, que atende imigrantes na Flórida há 16 anos.
Segundo ele, pequenos grupos de brasileiros têm migrado aos Estados Unidos em embarcações que partem das Bahamas há muito tempo, mas desde o fim do ano passado o fluxo se intensificou.
"O pessoal acha que, como os navios são turísticos, o controle migratório é mais frouxo e eles não correm riscos de serem barrados."
Segundo Piquet, a rota é usada por dois tipos de passageiros. Um é composto por pessoas que viajam de avião até as Bahamas e, de lá, tentam chegar aos Estados Unidos em navios ou barcos clandestinos. As Bahamas não exigem vistos de brasileiros para viagens de turismo de até 15 dias.
O outro grupo é formado por brasileiros que já estão nos Estados Unidos com vistos de turista e viajam às Bahamas em cruzeiros achando que, ao regressar, terão o prazo de permanência renovado.
Segundo o advogado, quando notam que o passageiro deixou os Estados Unidos apenas para renovar o prazo de estadia, os agentes migratórios podem rejeitar a entrada e ordenar que ele seja devolvido ao ponto de embarque.
No caso dos que partem das Bahamas, eles têm de voltar ao arquipélago e, de lá, são obrigados a retornar ao Brasil.
Em outros casos, os migrantes podem ficar detidos nos Estados Unidos e deportados por ordem de um juiz de imigração.
A agência americana de alfândega e proteção de fronteiras diz que 25 brasileiros foram detidos no litoral sul da Flórida no atual ano fiscal, que vai de outubro de 2014 a 30 de setembro de 2015.
O dado, que contabiliza casos de brasileiros que chegaram a entrar em território americano até o fim de junho, já iguala o total de detenções em todo o ano fiscal de 2014.
Em 2012, houve 22 detenções de brasileiros e, em 2013, 20.
O número de detenções de pessoas de todas as nacionalidades também está em alta: passou de 4.478, em 2012, a 6.588, em 2014. A agência não diz quantos dos detidos viajavam em cruzeiros e quantos estavam em barcos clandestinos.

Responsabilidade das empresas

Carey Davis, diretor da agência americana de alfândega e proteção de fronteiras, afirma que cabe às empresas que operam os cruzeiros impedir que passageiros sem documentos embarquem para os Estados Unidos.
A legislação americana prevê multa de US$ 3.300 (R$ 11 mil) às companhias por cada passageiro embarcado que não cumpra os requisitos para entrar no país.
Segundo Davis, autoridades migratórias americanas checam os documentos de todos os passageiros no porto de chegada.
Dois brasileiros que viajaram em cruzeiros das Bahamas a Miami nos últimos anos, porém, disseram à BBC Brasil que só tiveram os documentos checados por funcionários do próprio navio, ainda nas Bahamas.
A BBC Brasil questionou três das principais empresas que operam rotas entre a Flórida e o arquipélago - a Royal Caribbean, a Carnival e a Disney Cruise Lines - sobre o que faziam para evitar que passageiros usassem seus navios para migrar ilegalmente aos Estados Unidos.
Apesar de repetidas cobranças por e-mail e telefone, nenhuma delas respondeu os questionamentos. Procurado, o governo das Bahamas tampouco se expressou sobre a detenção de brasileiros.

Falhas de segurança

Há relatos antigos sobre o uso de navios de cruzeiro por pessoas que buscavam migrar aos Estados Unidos.
Em 1994, uma reportagem do The New York Times denunciou falhas no controle migratório nessas embarcações.
"Para imigrantes ilegais, entrar nos Estados Unidos pode ser tão simples quanto se agarrar às escadas de um navio de cruzeiro nas Bahamas e descer no sul da Flórida algumas horas depois - sem nem mostrar qualquer prova de cidadania ou trocar uma só palavra com um inspetor da imigração", dizia a reportagem.
Há ainda relatos de brasileiros detidos ao tentar viajar das Bahamas aos Estados Unidos em barcos clandestinos, um dos principais métodos usados por cubanos que migram ao país.
Em 2012, uma embarcação que levava 15 brasileiros para a Flórida foi interceptada e obrigada a retornar a Nassau, capital das Bahamas. O grupo foi deportado para o Brasil.
Também há registros de brasileiros mortos em naufrágios no trajeto.

Fuga de cérebros

O advogado Alexandre Piquet diz que, desde novembro de 2014, seu escritório em Miami têm atendido um grande número de brasileiros que desejam migrar legalmente aos Estados Unidos. O aumento coincidiu com a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
"Existe um sentimento generalizado de frustração e de descrença nas instituições", diz. "São pessoas que jogaram a toalha e não veem a luz no fim do túnel".
Piquet aponta uma diferença entre o fluxo atual de migrantes e o que chama de "grande êxodo da década de 1990".
"Antes vinha uma mão de obra menos qualificada, gente que chegava para ralar na construção civil, construir a vida do zero. Agora vêm profissionais liberais com grande qualificação, pessoas com nível superior, empresários."
Segundo Piquet, "o Brasil está perdendo talentos" para um país que sabe recebê-los.
"São pessoas competentes e honestas que vão usar sua força e sucesso em outro país. Será um grande rombo para o Brasil".

Reportagem de João Fellet
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150728_eua_brasileiros_cruzeiros_migracao_pai_jf#orb-banner
foto:http://www.comexblog.com.br/logistica/breves-consideracoes-sobre-a-legislacao-aplicavel-aos-cruzeiros-maritimos

29/07/2015

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Uma jornada começa com um simples passo, mas o retorno geralmente vem em passo gigante

Décadas de dedicação aos estudos e na busca incessante pelo saber, aliás, um esforço contínuo do qual certamente não abdicarei enquanto tiver forças, jamais poderiam ser em vão. Quem semeia o conhecimento por onde passa contribui de forma inequívoca para mudar o mundo e transformar as pessoas. Uma mudança cujo objetivo maior é a construção de uma sociedade mais igualitária e pacífica, onde o ser supere o ter e na qual as diferenças sejam respeitadas de fato.
Com muita honra acabo de ser convidada para participar de uma convocatória da Facultad de Derecho de la Universidad Militar Nueva Granada (http://www.umng.edu.co/inicio), em Bogotá, Colômbia, para a vinculação de docentes para esta instituição. 




Nem tenho palavras para agradecer ao convite feito pelo ilustre decano da UMNG, Dr. Walter René Cadena Afanador. Um convite que me faz ter a certeza de que todos meus esforços valem a pena e que não poderia conduzir minha vida de outra forma.
Na verdade, os agradecimentos pela materialização deste honroso convite que coroa com êxito minha trajetória de estudos que jamais chegará ao fim, incluem, como não poderia ser de outra maneira, a Universidade de Buenos Aires (UBA), na qual atualmente faço meu segundo doutorado, a Universitat de Girona, Espanha, onde fiz o Master duplo, além, é claro, das universidades de Santa Catarina (Brasil), Sevilha (Espanha), Chile e de Grenoble, na França, instituições que me receberam para cursos de pós graduação e cujos docentes generosamente compartilharam seus conhecimentos comigo, contribuindo de maneira decisiva para os contornos da minha trajetória.
 Afinal, como sabiamente afirma Bertrand Russell, "uma vida boa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento". 



Dra. Tânia Mota de Oliveira