30/11/2014

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China apresenta seu primeiro projeto de lei contra a violência conjugal

A China apresentou seu primeiro projeto de lei contra a violência conjugal. A proposta terá que ser aprovada pela Assembleia Nacional Popular (ANP) no final de dezembro, após ter sido submetido a comentários da população. Um estudo oficial de 2011 indica que o problema afeta 25% das mulheres casadas, apesar de alguns especialistas afirmarem que o número pode ser maior.
O projeto define pela primeira vez o que é violência conjugal e inclui medidas para lutar contra ela. Apesar de ser vaga, muitos ativistas saudaram a iniciativa como um primeiro passo, especialmente para a conscientização sobre o problema. A proposta também ajudará nos tribunais, onde têm sido difícil ajuizar os casos de violência conjugal devido a uma falta de definição judicial.
No entanto, outros apontam que o importante será ver até que ponto a lei será aplicada. Também consideram que o projeto possui importantes limitações, já que só engloba a violência dentro do matrimônio e não aquela que acontece com casais que vivem juntos nem a sofrida pelas mulheres divorciadas. A lei considera violência conjugal a física ou emocional, mas não prevê outros casos, como a pressão contra a mulher pela via econômica.
Até agora, a violência conjugal na China era considerada uma questão particular. Muitas mulheres afetadas, de acordo com a Federação de Mulheres da China, não informam sobre os maus tratos que sofrem, já que consideram o abuso verbal, as surras e as humilhações por parte de seus cônjuges como parte de seus afazeres diários. Um comunicado desta organização diz que "a violência conjugal não é uma disputa familiar, e sim uma agressão contra os direitos públicos e deve ser resolvida com medidas judiciais".
A nova lei prevê que a polícia terá que responder às denúncias de violência conjugal. Também podem ser impostas ordens de afastamento, e os tribunais terão um máximo de dois dias para decidir sua aplicação. Não precisa ser unicamente a vítima a denunciar o abuso, mas outras pessoas também poderão fazê-lo. As autoridades governamentais e judiciais terão que prover tratamento médico e assistência jurídica para pessoas que tenham sofrido essa violência.

Reportagem de Macarena Vidal Liy
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/28/internacional/1417204307_734329.html
foto:http://www.fattosefottos.com.br/2014/11/governo-chines-apresenta-projeto-de-lei.html

Suíça desafia a UE com um referendo para impedir a entrada de imigrantes

Suíça vai às urnas por uma das chaves da sua prosperidade. A chegada com poucas restrições de cidadãos comunitários desde 2002 impulsionou a economia e os salários quase sem alterar a taxa de desemprego, de invejáveis 3% há anos. Mas a aceleração da entrada de estrangeiros e o medo de perder o que conquistou multiplicaram o receio da população. Depois de enfrentar a União Europeia, que presumiu um apoio a uma recente iniciativa para limitar a imigração, os suíços decidem no próximo domingo sobre um projeto muito mais radical: reduzir as chegadas para apenas 0,2% a cada ano.
A proposta do grupo ambientalista Ecopop vem acompanhada de outra ideia muito mais polêmica: a obrigação de que a Suíça dedique 10% do seu orçamento de ajuda ao desenvolvimento para o controle de natalidade de países pobres. O lema da iniciativa invoca um mesmo objetivo para justificar as duas metas: "Não à superpopulação. Sim à conservação sustentável dos recursos naturais". Ano passado, houve 88.000 entradas líquidas de estrangeiros no país dos Alpes, 3,2% a mais que em 2013. Com o projeto da Ecopop, esse número seria reduzido a menos de 17.000.
Seus promotores defendem abertamente a redução da população, ainda que isso deixe as empresas sem mão de obra suficiente para suas atividades. "O objetivo não é multiplicar os postos de trabalho. Não temos necessidade de crescimento da população", alega Anita Messere, da Ecopop. Quando é perguntada da lógica de os trabalhadores se deslocarem para onde há emprego, solta: "Isso também prejudica a prosperidade. Nós estamos roubando médicos dos espanhóis. A Suíça não tem motivo para resolver os problemas de outros lugares".
Partidos políticos, empresários, sindicatos e organizações sociais são contundentemente contrários à medida. As últimas pesquisas indicam uma rejeição de 56% dos consultados, apesar de respeitáveis 39% apoiarem. "Nós levamos esse assunto muito a sério. Uma parcela da população está preocupada com o aumento da imigração, que tem sido muito rápido nos últimos anos, não se pode negar", admite uma porta-voz do Ministério da Justiça suíço.
A Suíça tem uma grande tradição de acolher cidadãos de outros países, que representam 23,5% da população. Mas o perfil de imigrantes é muito diferente dos Estados comunitários. A imensa maioria é europeia, especialmente de países mais desenvolvidos - com alemães à frente -, mesmo que agora cresça rapidamente a chegada de europeus do leste. É também um grupo que tem 58% dos seus membros com formação universitária. "Limitá-los teria consequências diretas na economia. Por exemplo, 20.000 pessoas se aposentam todos os anos na indústria de máquinas e a população local cobre apenas 3.000 (desses postos)", explica Carmelo Laganà, da patronal Économiesuisse.
Além desses números, o impacto na relação preferencial que a União Europeia mantém com a Suíça seria drástico. "Temos que falar claramente com a população e pedir que reflitam; se a livre circulação com os países comunitários cair, cairá todo o resto". A porta-voz da Justiça refere-se aos 120 acordos que vinculam a confederação ao bloco comunitário e que envolvem, entre outras coisas, o livre comércio que beneficia muito os dois lados. Uma cláusula desses pactos estipula que se uma for anulada, todas serão.
Os referendos suíços, uma marca registrada que orgulha o país, colocam a nação em apuros. O Governo pretende concretizar a medida que apoiou em fevereiro para voltar a estabelecer cotas de estrangeiros sem jogar fora a relação bilateral. A própria União Europeia tem uma posição delicada neste debate, com o Reino Unido à frente dos que questionam a livre circulação.

Reportagem de Lucía Abellán
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/29/internacional/1417293790_508726.html
foto:http://sociallaranjinha.blogspot.com.br/2014_02_01_archive.html

Uruguai pós-Mujica trará continuidade, mas com 'ênfases diferentes'

Tabaré Vázquez
Os uruguaios voltam às urnas neste domingo para escolher, em segundo turno, quem será o sucessor de José "Pepe" Mujica a partir de 1° de março.
À frente nas pesquisas de intenção de voto, com uma média de 54%, o oncologista Tabaré Vázquez (foto acima, de 74 anos, representa a manutenção da Frente Ampla de Mujica no Executivo. O ciclo de gestões da coalizão no Uruguai foi iniciado pelo próprio Vázquez em 2005, quando se tornou o primeiro presidente de esquerda do país, depois de 174 anos de governos dos tradicionais partidos Colorado e Nacional (ou Blanco).
Em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto, com média de 41%, aparece Luis Lacalle Pou, advogado de 41 anos do Partido Nacional que teve sua campanha pautada pela promoção de uma "revolução positiva". Seu lema é manter o que é bem avaliado no país (como os programas de redução de pobreza) e mudar o que vem sendo criticado – principalmente educação e segurança, as duas maiores preocupações dos cidadãos uruguaios atualmente, segundo pesquisas de opinião.
"Em política nada está garantido, mas todos os institutos de pesquisa indicam a vitória de Vázquez, o que nos permite considerar que teremos um terceiro governo de esquerda, e com maioria parlamentar", diz à BBC Brasil o historiador e analista político Gerardo Caetano.
Ele avalia que a aposta no Mercosul será mantida por parte do Uruguai, apesar do interesse manifestado por Danilo Astori - economista que será ministro da Fazenda em um eventual governo de Vázquez - pela Aliança do Pacífico (bloco formado por Chile, Colômbia, México e Peru). "Mujica é muito pró-integracionista, e aqui há uma diferença com Vázquez, mas a Frente Ampla continuará mantendo a integração em sua perspectiva. Vai continuar com um alinhamento forte com o que o Brasil fizer."
O analista político Alvaro Padrón, pesquisador da Universidad de la República, concorda com Caetano e enfatiza a importância da maioria parlamentar que terá a coalizão de esquerda para governar, especialmente com relação a problemas domésticos.
"Entre o governo de Mujica e o de Tabaré, o Uruguai mudará muito pouco, pois se trata da repetição de um presidente que já foi mandatário do país antes de Mujica. Estamos diante de uma certa continuidade", resume.
"Para a próxima gestão, a esquerda assumiu dois dos principais focos de debate da campanha, educação e segurança, e a partir de março tentará promover iniciativas que gerem resultados. Em educação o novo governo vai tentar mostrar uma mudança de rumo."

Maconha

De volta à seara internacional, as principais diretrizes serão mantidas, mas a diferença se dará quanto às "ênfases e perfis" representados pelos dois políticos. "Não se trata de uma área que motive especialmente Vázquez, e ele nunca vai dizer que sua prioridade não é o Mercosul. Mas deve se manter em uma posição de moderação: nem tão entusiasta e nem tão crítico da integração", considera Padrón.
Dessa ponta da equação está mais próximo Lacalle Pou, representante do "liberalismo individualista clássico, de matriz anglo-saxônica", como define Caetano.
"Com Lacalle Pou, podemos pensar em um Uruguai muito mais orientado a uma política externa próxima dos tratados de livre comércio com os Estados Unidos e com a Europa, e com a economia e o mercado como grandes distribuidores de bens e recursos, além de um papel de destaque para a iniciativa privada. A Frente Ampla tem um modelo mais estatista e integracionista."
Sobre a continuidade da implementação da Lei da Maconha, que estatiza todo o processo de produção, armazenamento e venda da droga, Caetano considera que o candidato favorito "vai cumprir a lei à risca".
"Tabaré Vázquez nunca apresentou dúvidas quanto à substância da lei. Sua preocupação é que [a lei] não gere instrumentos desencadeadores de violência, como no caso de as farmácias que vendam maconha passarem a incomodar algum narcotraficante local, o que faz com que fiquem sujeitas a represálias."
Caetano assinala um aspecto que considera essencial para entender a lógica da lei do ponto de vista tanto de José Mujica como de Tabaré Vázquez, "dois moderados", na classificação de Padrón: o fato de que para Mujica a normativa não se inscreve como a garantia de um direito, mas sim como um instrumento de luta contra o narcotráfico. "Para Mujica, trata-se de uma lei experimental com esse objetivo, e Vázquez certamente respalda essa visão."
Além do mais, afirma Padrón, "o programa de governo é um programa de partido. E a base tanto de Mujica como de Tabaré foram e serão o programa da Frente Ampla".

Reportagem de Denise Mota
fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141128_uruguai_segundoturno_pai_dm#orb-banner
foto:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/30487/tabare+vazquez+aceita+concorrer+a+presidencia+do+uruguai+pela+frente+ampla.shtml

O Imperativo da inclusão

Artigo de Mahmoud Mohieldin,enviado especial do presidente do Banco Mundial sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Maria Beatriz Orlando, especialista sênior em desenvolvimento social do Banco Mundial. 


Grandes avanços foram feitos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) desde que eles foram definidos em 2000. Mas, infelizmente, muitos países ainda estão muito longe de atingi-los. Mesmo as nações que fizeram um progresso substancial, alguns grupos – incluindo povos indígenas, moradores de favelas e áreas remotas, minorias religiosas e sexuais e pessoas com deficiência –  ainda são constantemente excluídos. Como apontou um relatório recente do Banco Mundial, entender o porquê é essencial para garantir que esforços futuros para o desenvolvimento sejam mais eficientes e inclusivos.
A exclusão econômica e social não é apenas um problema moral, mas também é caríssima. Um relatório do Banco Mundial de 2010 sobre a exclusão dos ciganos dos sistemas econômicos e educacionais na Europa estimava uma perda de produtividade de pelo menos 172 milhões de dólares na Sérvia, 273 milhões de dólares na República Tcheca e 600 milhões de dólares na Romênia (calculada utilizando as taxas de câmbio de abril de 2010).
Essas perdas refletem as consequências de longo alcance da exclusão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Banco Mundial descobriram que crianças com deficiência têm menos chances de ingressar em escolas do que os seus pares não deficientes – e que entre elas há um índice maior de evasão escolar. Na Indonésia, há uma discrepância de 60% entre crianças com e sem deficiências que frequentam o ensino fundamental e uma diferença de 58% no ensino médio. O sentimento resultante da exclusão e da alienação pode enfraquecer a integração social e até mesmo levar à agitação e conflitos.
A nova agenda de desenvolvimento que irá suceder os ODM reflete uma consciência mais aguda da importância crucial da inclusão. No seu relatório sobre a agenda pós-2015, o Painel de Alto Nível de Pessoas Eminentes enfatizou a inclusão, declarando que “à nenhuma pessoa – independentemente de etnia, gênero, localização geográfica, deficiência, raça ou outra condição – devem ser negados os direitos humanos universais e oportunidades econômicas básicas”. A nova agenda de desenvolvimento, afirma o documento, deve “acabar com a discriminação” e “enfrentar a pobreza, a exclusão e a desigualdade”.
Dado isto, não surpreende que a inclusão seja a pedra angular da ambiciosa nova proposta para os sucessores dos ODM, os Objetivos Sustentáveis Para o Desenvolvimento (OSD) – começando com o processo de seleção dos objetivos, em que os países em desenvolvimento têm sido protagonistas.
Atingir os objetivos para a inclusão social e econômica não será fácil. Os alvos devem ser bem definidos, mensuráveis, executáveis e amparados por monitoramento e avaliações eficientes, bem como por estruturas comuns de responsabilização. Além disso, deve ser criado um sistema para ajudar os países a transformar os objetivos globais acordados na Organização das Nações Unidas (ONU) em medidas concretas que se adaptem às suas circunstâncias econômicas e normas sociais particulares.
Para atingir este fim, este ano o governo mexicano sediou uma série de seminários que reuniram representantes governamentais, agências da ONU, bancos de desenvolvimento multilaterais e o meio acadêmico para compartilhar visões e as melhores práticas e metodologias para implementar, avaliar e monitorar objetivos inclusivos e sustentáveis. Essas discussões se basearam no compromisso da comunidade internacional em enfrentar as causas estruturais da pobreza, desigualdade e degradação ambiental.
A inclusão social e econômica está no centro dos objetivos do grupo do Banco Mundial de erradicação da pobreza extrema e promoção da prosperidade partilhada. Afinal de contas, esses objetivos não podem ser atingidos a menos que o investimento em desenvolvimento beneficie a todos. Garantir isso requer o enfoque em grupos que têm sido repetidamente marginalizados. É por isso que o grupo do Banco Mundial escolheu a igualdade como principal tema da reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) deste ano.
Políticas e programas que buscam a inclusão social não necessariamente fazem mais; em vez disso, fazem as coisas de outro jeito. Com essa abordagem, a África do Sul, saindo de uma condição de segregação institucionalizada, fez um progresso considerável na direção do ideal de uma “nação arco-íris” em apenas duas décadas.
De modo similar, Bangladesh avançou na questão da inclusão ampliando a participação no seu antes excludente sistema informal de justiça, o shalish. O Programa de Redução da Pobreza nas Montanhas do Norte, no Vietnã, criado para oferecer serviços sociais melhores e uma infraestrutura sustentável para os moradores pobres da região, demonstrou o papel crucial que os membros das comunidades de minorias étnicas podem ter nas iniciativas de desenvolvimento.
Por último, o inclusivo Projeto de Educação Compensatória para a Primeira Infância, do México, focado em expandir o acesso à serviços de desenvolvimento para a primeira infância e em melhorar resultados de aprendizagem nas suas municipalidades mais marginalizadas, reuniu-se com grupos excluídos para identificar as suas necessidades especificas. Ele oferece, por exemplo, educação bilíngue, conforme exigido pelos pais indígenas.
Projetar uma agenda de desenvolvimento inclusiva pós-2015 é apenas o primeiro passo. O êxito da sua implementação vai exigir políticas arrojadas e uma cooperação global robusta que lide tanto com o impacto da inclusão quanto com as suas causas subjacentes.
Além disso, os líderes mundiais devem aplicar as principais lições aprendidas com os ODM: alvos claros, financiamento adequado e dados mais precisos são essenciais para políticas embasadas e o monitoramento da sua eficiência. Com uma abordagem desse tipo, a próxima agenda do desenvolvimento finalmente poderá assegurar que todos os grupos ganhem em termos de oportunidades econômicas e progresso social. 

Tradução: Roseli Honório
fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/o-imperativo-da-inclusao
foto:http://asboasnovas.com/tecnologia/tecnologia_de_alto_impacto_social

29/11/2014

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Cameron quer expulsar europeus que não conseguirem emprego em 6 meses

Primeiro-ministro britânico propõe negar seguro-desemprego aos trabalhadores e exigir quatro anos de residência para benefícios.

Pressionado pelas estatísticas publicadas na última quinta-feira, que apontam um aumento de 43% na imigração no Reino Unido e a consequente ruptura da promessa do Governo de reduzi-la antes do fim do mandato, David Cameron anunciou uma bateria de propostas para conter a imigração europeia. Como promessa eleitoral em função dos comícios de maio, o primeiro-ministro conservador propôs dar aos cidadãos da União Europeia um prazo limite de seis meses para que encontrem trabalho e, se não conseguirem, devem abandonar o país. Cameron propôs a exigência de residir no Reino Unido durante quatro anos para poder se beneficiar de certos benefícios sociais, como auxílios fiscais ou o acesso a moradia social. Também pretende acelerar a deportação de criminosos condenados originários de outros países da UE.
Em seu discurso, Cameron fez menção de propor a imposição de cotas para conter a imigração, e o “freio de emergência” para conter temporalmente a tendência, solicitada pelos setores mais radicais de seu próprio partido. E provavelmente encontrará também a oposição de outras capitais europeias que podem tachar a medida de discriminatória.
O conservador garantiu que “não tem dúvidas” de que suas propostas exigirão reformas dos tratados europeus. Um porta-voz da Comissão Europeia respondeu pouco depois: “São propostas britânicas e são parte do debate. Devem ser debatidas sem drama, com tranquilidade e cuidado. É responsabilidade dos parlamentares nacionais lutar contra os abusos do sistema e isso as leis da UE permitem”, segundo informa a Reuters.
Cameron espera que a retirada do salário-desemprego sirva para dissuadir os trabalhadores europeus menos qualificados de instalarem-se no Reino Unido. Ao mesmo tempo, a proposta atenderá a chanceler alemã Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, que advertiram o primeiro-ministro de que não vão tolerar que ele atravesse a linha vermelha do princípio da liberdade de movimento dentro da União.
A proposta, no entanto, não calará as críticas do partido populista antieuropeu UKIP nem do setor mais radical de suas próprias fileiras, para quem a medida não é suficiente para deter a imigração.
Mas uma proposta como a que finalmente apresentou, que não ameace o princípio de livre circulação, parece que não vai encontrar unanimidade em Bruxelas, como sugeriu o próprio presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao Financial Times. Tanto Juncker como a chanceler alemã Angela Merkel estariam dispostos a avaliar uma gradação do seguro-desemprego que os diferentes Estados oferecem aos imigrantes da comunidade, mesmo que isso exija a reforma de alguns artigos dos tratados da União.

Reportagem de Pablo Guimón
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/28/internacional/1417165645_045022.html
foto:http://folhanobre.com/noticia/economia/bc-britanico-preve-que-desemprego-pode-chegar-a-7-ate-2014,1810.html

Espanha vive sua grande onda ciclística


Uma verdadeira “febre”. Assim pode ser definido o interesse cada vez maior dos espanhóis pelas bicicletas, informa matéria publicada nesta semana pelo jornal El País. Só para se ter ideia, em 2013 foram vendidas na Espanha mais de um milhão de bikes, superando pelo segundo ano consecutivo as vendas de automóveis (722.703).
Tamanhas cifras animaram o setor, que faturou 2,48% a mais que no exercício anterior e movimentou mais de um bilhão de euros (três bilhões de reais), segundo a Associação de Marcas de Bicicletas da Espanha (Ambe). A indústria ciclística, que emprega 14.000 pessoas, exibe musculatura econômica. “Nos últimos cinco anos, em plena crise, as vendas de bicicletas cresceram a uma média de 10%”, anuncia a Ambe, que acaba de apresentar seu relatório sobre as cifras do setor.
“A bicicleta esteve tradicionalmente associada ao uso esportivo, mas isso mudou há anos”, diz Juan Merallo, porta-voz do Conbici, que representa mais de 55 associações pró-bicicletas de toda a Espanha. Embora as mountain bikes continuem dominando as vendas (63%), os modelos urbanos e elétricos começam a despontar, com 7% e de 1% do mercado, respectivamente.
Atento a isso, Héctor Muñoz criou, em 2010, a marca Manual Art Work, que conciliava com seu trabalho na oficina de uma loja. Dedica-se ao upcycling, a melhora e a customização de bicicletas principalmente de uso urbano. “O que faço são projetos de customização: pegar uma bicicleta velha, trocar vários componentes, e colocá-la de novo para rodar. Transformo um produto abandonado em algo novo”, explica Muñoz, que há um ano se dedica exclusivamente a seu negócio e está em busca de sede física.
“Revolução ciclística”
Sua empresa é uma das 250 especializadas em bicicletas na Espanha. “Acredito que a moda da bicicleta foi muito benéfica, mas nem todas as lojas se saíram bem”, acrescenta Muñoz.
Nos últimos cinco anos, as cidades viveram uma tranquila “revolução” ciclística. Entre 2008 e 2011, o número de pessoas que chegava ao trabalho de bicicleta duplicou; passou de 6,8% para 11,9%, segundo o último Barômetro da Bicicleta da Direção Geral de Trânsito. “E nos três anos que se passaram desde essa medição, o uso urbano aumentou mais”, diz Luís Álvarez, consultor de mobilidade Freemob e vice-presidente da Associação Profissional de Técnicos Especialista em Mobilidade Urbana Sustentável (APTeMUS).
A quantidade de pessoas interessadas em bicicletas cresceu; e o negócio, também. “Como o número de lojas se multiplicou, é preciso dividir os lucros”, diz Andrés Arregui, um dos fundadores da loja madrilenha Ciclos Noviciado. No ano passado, operavam na Espanha 3.000 lojas especializadas (incluindo departamentos de ciclismo de grandes lojas). Muitas delas, recém-criadas, fruto da efervescência dos pedais. “Acredito que a metade desses estabelecimentos terão de desaparecer”, acrescenta Arregui. Em 2011, no centro de Madri existiam 55 lojas de bicicletas; um ano depois, a cifra se multiplicou por três e superou os 180, segundo dados da Madrid Probici, a associação regional de empresários do ramo.
As vendas de bicicletas respondem por 60% do faturamento da indústria ciclística; os componentes, 24%; e as vendas de roupas e acessórios, 16%. “Entre a atomização e as escassas margens de lucro, as lojas vivem um momento complicado”, queixa-se Sol Otero, vice-presidenta da Plataforma Empresarial da Bicicleta e administradora de uma bicicletaria mítica, Bicicletas Otero, fundada em 1927 em Madri.
Cidades melhores
“Mais bicicletas, melhores cidades”, destaca a Ciclosfera, publicação dedicada às duas rodas. “Vive-se melhor em cidades onde há mais bicicletas”, diz Rafa Vidiella, diretor da revista. “Não só por um motivo de urbanismo, mas também pela economia”, acrescenta. Cada ciclista gera 276 euros de benefício intangível à sociedade (calculando as economias que o exercício rotineiro produz no sistema de saúde, a diminuição de problemas de poluição ou a redução de atrasos e faltas no trabalho, entre outros), segundo cálculos da London School of Business.
Além disso, os ciclistas gastam mais em comércios locais, conforme se depreende de um estudo realizado em Portland (Estados Unidos), onde as vendas no comércio de rua cresceram 19% depois da instalação de ciclovias. Com essas cifras, o prefeito de Lillestrøm justifica sua decisão de pagar às pessoas para utilizarem a bicicleta em sua cidade: “É um investimento”.

fonte:http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/espanha-vive-sua-grande-onda-ciclistica/
foto:https://sinfer.wordpress.com/2014/11/07/venda-de-bicicletas-supera-de-carros-na-espanha/

Renner está envolvida com trabalho escravo

Varejista recebeu 30 autuações e será multada em até R$ 2 mi; 37 funcionários bolivianos que viviam em condições degradantes e trabalhavam jornadas exaustivas foram resgatados.


Aos pés da serra da Cantareira, no bairro paulistano do Tremembé, roupas da Lojas Renner eram fabricadas por trabalhadores bolivianos em regime análogo ao escravo. Em 11 de novembro, a fábrica foi interditada pelo Ministério do Trabalho e 37 funcionários foram resgatados, dentre eles 36 adultos (21 homens e 15 mulheres) e um adolescente de 16 anos. Havia 35 mil peças da Renner, das marcas Cortelle, Just Be, Blue Steel e Blue Steel Urban.
Apesar de terem registro em carteira, os trabalhadores viviam em alojamentos em condições degradantes, tinham descontos indevidos nos salários, trabalhavam em jornadas exaustivas, eram remunerados por produção e sofriam violência psicológica, verbal e física. Identificou-se ainda o crime de tráfico de seres humanos para fins de exploração laboral. A Renner poderá ser incluída na lista suja do trabalho escravo.
A oficina prestava serviços às confecções Kabriolli e Betilha. As duas intermediárias e a oficina possuem certificação de boas práticas nas relações de trabalho da Associação Brasileira do Varejo Têxtil, expedida pela empresa de auditoria Bureau Veritas. Na quarta-feira 26, a Renner recebeu 30 autuações referentes a cada problema identificado, o que a responsabiliza a pagar 930 mil reais aos trabalhadores por danos morais e dívidas trabalhistas acumuladas desde junho de 2013, período em que foi verificada a produção da oficina para a varejista. Representantes da Renner não compareceram, porém, à assinatura do Termo de Ajuste de Conduta, firmado apenas pelas duas fornecedoras, que assumiram emergencialmente o pagamento.
A Renner será multada em até 2 milhões de reais pelo ministério por infração administrativa. Outra multa por dano moral coletivo será estabelecida pelo Ministério Público do Trabalho. Os trabalhadores receberão três meses de seguro desemprego.
O boliviano M. S. produzia 26 vestimentas da Renner por hora. Em 2013, um cronômetro ao lado da máquina de costura controlava o ritmo de produção. Se a meta não fosse atingida, o valor era descontado do salário de 1,082 mil reais. Também eram abatidos valores de emissão de documentos, multas por não cumprimento de tarefas como lavar banheiros, pagamentos de creche e custos por materiais de trabalho quebrados. Alguns trabalhadores ficavam com saldos negativos, o que configura servidão por dívida.
Cada peça rendia 85 centavos de real ao costureiro. O marcador de tempo foi substituído neste ano pelo controle por peça produzida, o que estendia o expediente a largas horas. Trabalhava das 7 da manhã às 9 da noite e nos fins de semana. Um registro de ponto na parede servia apenas para fraudar a fiscalização.
Tímido, M.S. conta ter chegado ao Brasil em 2012 na esperança de uma vida melhor e dinheiro para enviar a familiares na Bolívia. Porém, o que ganha mal dá para sobreviver com a esposa, também costureira, e o filho de 1 ano e meio. O dinheiro que restava depois dos descontos era retido pela oficina, prática induzida pelo empregador, sob a alegação de segurança. O pagamento era feito por vales de acordo com a necessidade de gastos do funcionário. Caso quisessem deixar a empresa, não conseguiam reaver os valores retidos e a oficina proibia desligamento antes de dois anos de trabalho.
No alojamento de três andares onde viviam cerca de 20 bolivianos, cada família com crianças ocupava um cômodo, alguns separados por divisórias de madeira. Beliches, guarda-roupas e televisões compunham o ambiente mofado e com cortinas no lugar das portas. Botijões de gás estavam em locais de risco com pouca circulação de ar. Na cozinha coletiva, pequenas baratas andavam perto das comidas. Ratoeiras denunciavam a presença de roedores no local. “Submeter os trabalhadores a essas condições representa desrespeito à dignidade da pessoa humana”, lê-se no relatório dos fiscais. Certo dia, os trabalhadores reclamaram da qualidade da comida, que por vezes vinha com baratas e cabelos. No dia seguinte, não foi servido o almoço, nem havia mantimentos no alojamento para cozinhar.
Os relatos sobre os abusos só surgiram depois do resgate. No dia da fiscalização, os trabalhadores repetiam as mesmas informações de que pagavam o aluguel da moradia e trabalhavam oito horas por dia. Os empregadores diziam aos funcionários que as horas adicionais sem remuneração serviam para cobrir as despesas com o alojamento e a comida. Se quisessem morar em outro lugar, receberiam apenas 10 centavos de real a mais por peça produzida. Ao fim de dois anos de trabalho, mentiam os contratantes sobre os valores descontados para o INSS, que em vez de recolhidos eram retidos, seriam devolvidos aos costureiros.
A escravidão moderna escora-se na vulnerabilidade das vítimas, muitas vezes imigrantes que desconhecem as leis do país onde vão trabalhar. Por isso, muitas vezes torna-se uma relação consentida. “Eles ficam presos a correntes invisíveis e a libertação consiste em explicar que o acordo fechado com o empregador não está correto”, explica o auditor fiscal do trabalho Luis Alexandre de Faria. Há medo de deportação, apesar da vigência do acordo de livre circulação do Brasil com o Mercosul, Bolívia e Chile, que permite aos habitantes desses países solicitarem permanência no outro com garantia de todos os direitos civis, incluindo trabalhistas.
Para o Ministério do Trabalho, a jornada exaustiva imposta na oficina é diretamente relacionada ao baixo valor pago pela Renner e aos prazos de entrega impostos. A pulverização de fornecedores, o chamado sweatshops, comum no setor têxtil, serviria justamente para reduzir custos com a precarização do serviço. Apenas a mão de obra de maior expertise, responsável pela criação dos produtos e pelo controle de qualidade, é contratada direta das grifes. A Lojas Renner, signatária do Pacto de Erradicação do Trabalho Escravo e Pacto Global em 2013, respondeu não compactuar e disse repudiar a utilização de mão de obra irregular em qualquer etapa de produção. Segundo a varejista, o processo de auditoria e certificação de fornecedores será revisado.
Documentos obtidos pela fiscalização mostram que a Renner calcula os custos do fornecedor e determina o preço pago por peça. Uma eventual negociação de preço exigiria do fornecedor o detalhamento de cada variável de custo e sua margem de lucro. Ou seja, as grifes sabem qual o nível de subcontratação de oficinas de cada confecção. O ministério verificou que os mesmos fornecedores atuam de forma diferenciada, com costureiras próprias, quando o varejista exige e paga um preço melhor.
Diante das denúncias de uso de trabalho escravo, os grandes magazines passaram a auditar os fornecedores. Uma certificação de boas práticas foi lançada em 2010 e 7 mil empresas receberam o selo. O resultado da primeira auditoria realizada pela Renner, em 2013, foi a redução de fornecedores locais, de 636 para 551, e o aumento das importações.
As indústrias têxteis brasileiras acusam as confecções estrangeiras, principalmente as da Ásia, onde as leis trabalhistas são menos exigentes e pouco se fiscaliza, de dumping social. “É preciso exigir que todos os países sigam um padrão de leis trabalhistas, pois, se o comércio é global, os meios de produção também precisam ser”, afirma Rafael Cervone, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. O alerta foi levado pelos empresários à Organização Internacional do Trabalho na 103ª Conferência, em Genebra, em junho deste ano. Segundo o Ministério Público, uma oficina com 20 trabalhadores explorados das formas encontradas nas fiscalizações pode obter uma vantagem competitiva mensal de 20 mil dólares em relação ao empresário cumpridor da legislação.
O caso Renner indica mais uma vez que cabe às grandes grifes, maiores clientes de confecções no mundo inteiro, ir além das certificações, hoje burladas, e assumir uma remuneração pelo serviço que permita a sobrevivência de empresas seguidoras da lei.

Reportagem de Samantha Maia
fonte:http://www.cartacapital.com.br/revista/828/renner-esta-envolvida-com-trabalho-escravo-1352.html
foto:http://ecotece.org.br/blog/tag/trabalho-escravo/

Morre o mexicano Roberto Bolaños, o eterno Chaves

Responsável por um fenômeno televisivo que arrebatou legiões de fãs em toda a América Latina, humorista estava com a saúde fragilizada nos últimos anos.


Criador de um fenômeno televisivo que, a partir do México, se espalhou pelo continente e conquistou legiões de fãs em toda a América Latina, o humorista mexicano Roberto Gomez Bolaños, autor e intérprete dos personagens Chaves e Chapolin, morreu ontem, aos 85 anos. Com a saúde fragilizada há mais de uma década, Bolaños passou os seus últimos anos em uma cadeira de rodas, lutando contra problemas respiratórios e complicações de diabetes. Nesta sexta-feira, ele sofreu uma parada cardíaca.

A morte de Bolaños deixa órfã uma geração de fãs brasileiros que cresceu assistindo aos episódios de Chaves, a sua principal criação, reprisados exaustivamente pelo SBT ao longo das últimas três décadas. Um grupo de admiradores fiel que, ignorando todas as limitações técnicas da produção, sempre garantiu ótimos resultados de audiência ao programa mexicano – e sempre mostrou um impressionante poder de mobilização a cada ameaça de cancelamento das exibições do seriado, com campanhas fora e dentro das redes sociais. 
Razão de tanto carinho, a história do garoto orfão que "sem querer querendo" inferniza a vida da vizinhança caiu nas graças do público apostando em piadas ingênuas e sem apelação: um exemplo claro do tipo de humor que Bolaños pregava. "Quando sobram piadas chulas, é porque falta talento", afirmou o mexicano em entrevista a VEJA em 1999. Mesmo não sendo um adepto do politicamente correto – como as pancadas de Seu Madruga em Chaves deixam claro –, Bolanõs fugia do humor preconceituoso nos seus roteiros. "Sempre evitei fazer piadas com raças, religiões, opções sexuais e mulheres. Aliás, nos meus programas as meninas sempre são mais inteligentes. No Chaves, era a Chiquinha quem arquitetava os planos mirabolantes", comentou.
Pequeno Shakespeare - Antes de se tornar o criador – e o rosto – de Chaves, porém, Bolaños já havia construído uma sólida trajetória artística em seu país. Versátil, o mexicano trabalhou desde jovem nas mais diversas mídias: foi roteirista de programas de rádio, peças de teatro, esquetes de televisão e filmes no cinema – muitas vezes assumindo também o papel de ator. Tal habilidade rendeu ao multifacetado artista o apelido de Chespirito – "pequeno Shakespeare" –, alcunha pela qual ficaria conhecido no México até o fim da carreira, encerrada hoje.

A fama internacional, no entanto, só chegaria mesmo a partir dos anos 1970, com a criação de seus dois personagens mais famosos: o presunçoso herói Chapolin Colorado e o ingênuo Chaves. Dono de uma marreta biônica de plástico e de "anteninhas de vinil" sensitivas, Chapolin é uma divertida sátira dos infalíveis super-heróis dos quadrinhos americanos. A série colecionou um enorme número de fãs e conquistou o seu próprio status cult – camisetas com o emblema do personagem são um ícone pop até hoje –, mas seu alcance jamais superou o da outra criação de Bolaños.
Fenômeno latino - Exibido em mais de cem países ao longo de quatro décadas, Chavesdesembarcou no Brasil quase por acaso. A série era parte de um pacotão de programas do canal mexicano Televisa comprado por Silvio Santos para turbinar a programação do ainda jovem SBT. Foi o início de uma bem sucedida parceria. Por quase trinta anos ininterruptos,Chaves foi uma das principais atrações – e curingas – da emissora, cobrindo qualquer buraco que surgisse na grade, e invariavelmente dobrando a audiência da faixa. No auge do sucesso, o humorístico cansou de dar surras na Globo, roubando o primeiro lugar no Ibope e deixando diretores do canal carioca temerosos por seus empregos.

Embora também tenha conquistado fãs em outras partes do mundo, foi na América Latina que a principal obra de Bolanõs ganhou contornos de fenômeno cultural – a ponto de ser comparada pela revista Forbes ao revolucionário Simon Bolivar por seu poder unificador no continente. Para o humorista, os índices de pobreza da região ajudavam a explicar o grande apelo do personagem entre os latino-americanos. "O Chaves é uma criança que não cresce porque não come. O personagem faz sucesso em qualquer lugar do planeta onde haja fome", disse ele.
Triângulo amoroso - A exibição original de Chaves no México durou de 1971 a 1980 – terminou, portanto, anos antes de o programa sequer começar a ser veiculado no Brasil. Após esse período, o seriado sobreviveu até 1992 como esquete dentro do programa de Chespirito na Televisa, chegando ao fim por causa da idade avançada de Bolaños, então com 63 anos. Muito antes disso, no entanto, o humorístico já havia sofrido baixas em seu elenco – a primeira delas por causa de um inesperado triângulo amoroso entre Chaves, Dona Florinda e Quico. Ou melhor, entre Bolaños, a atriz Florinda Meza e o ator Carlos Villagrán.

Namorada de Villagrán durante anos, Meza trocou o parceiro pelo intérprete de Chaves em 1977. Logo depois, Villagrán anunciou sua saída do programa para seguir carreira-solo. A rusga entre os ex-colegas, porém, não terminou por aí e acabou se desdobrando em uma disputa judicial pelo personagem de Quico. Por causa da briga, Villagrán passou a se apresentar alterando a grafia do nome para "Kiko". Mostrando que o tempo não aplacou a animosidade entre eles, o ator acusou Bolaños em 2011 de não lhe pagar os direitos devidos pelo faturamento do programa. "Tudo quem leva é o Roberto, que é multimilionário", alfinetou.
Conflito semelhante envolveu a intérprete de Chiquinha, Maria Antonieta de Las Nieves, que se desentendeu com Bolaños em 1994 e travou por mais de uma década uma batalha pelos direitos de uso da personagem. As disputas nos tribunais desgastaram a relação entre Bolaños e os ex-colegas e o criador de Chaves nunca mais retomou a amizade com a dupla. "Ele não atende meus telefonemas nem meus convites. Se não quer, não posso obrigá-lo a ser meu amigo", lamentou Maria Antonieta em entrevista ao site de VEJA em 2013.

O relacionamento com Florinda Meza, porém, rendeu frutos duradouros. Descrita por Bolaños como "uma dessas mulheres que passam de uma em uma e os homens seguem de três em três", a atriz, vinte anos mais nova do que ele, foi sua companheira por mais de trinta anos – nos últimos deles fazendo também o papel de assessora e enfermeira do marido já debilitado.

Perguntado muitas vezes sobre a razão do estrondoso êxito de sua principal obra, Bolaños tinha uma explicação simples – e surpreendentemente satisfatória – na ponta da língua: "Chaves sempre defendeu valores familiares como honestidade e compaixão, e as pessoas se identificam com ele por causa disso".


fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/morre-o-mexicano-roberto-bolanos-o-eterno-chaves
foto:http://www.alvonoticias.com.br/Noticia.asp?Noticia=10886

28/11/2014

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É possível para mulheres envelhecer bem no mundo da moda?

"A velhice não é lugar para os fracos", dizia a atriz Bette Davies – uma frase que parece fazer mais sentido nos dias de hoje, em que a expectativa de vida cresceu bastante.
Com a população vivendo mais, as mulheres mais velhas passaram a ter um papel mais importante no mundo da moda do que no passado, quando eram praticamente ignoradas.
Pessoas influentes no mundo da moda – como as editoras Grace Coddington e Carine Roitfeld – estão ajudando a abrir cada vez mais portas para mulheres mais velhas em revistas e desfiles.
No Reino Unido, estrelas como Vivienne Westwood e Helena Bonham Carter estão mostrando que esta parcela da população feminina não precisa se comportar ou se vestir de forma conservadora, como no passado.
Rostos mais maduros estão sendo alçados a embaixadores de marcas, como a modelo britânica Daphne Selfe, de 86 anos, que fez campanhas para a T.K Maxx e apareceu nas páginas da Vogue, Harper Bazaar e Vanity Fair.
A nova-iorquina Iris Apfel, de 93 anos, que também fez fama como decoradora, foi recentemente contratada para ser a cara da loja de roupas online & Other Stories, que está em ascensão no mundo da moda.

De 60 a cem anos

A nova campanha da loja foi filmada na casa da modelo por Ari Seth Cohen, um respeitado blogueiro do mundo da moda. A campanha Advanced Style (Estilo Avançado, em tradução livre) mostra como vivem nova-iorquinas estilosas com idades entre 60 e cem anos.
"Mulheres como Iris Apfel promovem personalidade e expressão pessoal, em vez do ideal jovem de perfeição e beleza", diz ele.
O blogueiro e diretor acredita que a sociedade está aprendendo que mulheres maduras e avós são os melhores modelos de comportamento a serem seguidos.
"As marcas estão finalmente acordando para o fato de que existe uma demografia inteira de consumidoras inteligentes e experientes que vêm sendo ignoradas há anos", diz Cohen. "Trazer visibilidade ao processo de envelhecimento vai, tomara, mudar nossas atitudes em relação à idade."
Cohen valoriza, nos perfis que filmou na campanha, a confiança e a força de caráter.
"Estilo é uma atitude que aparece quando nos vestimos. Muitas das mulheres que eu retrato ficaram mais confiantes com a idade. Elas conhecem seus corpos melhor, não têm medo de se expressar e não estão nem aí para o que os outros pensam."
Para Cohen, o estilo das mulheres mais velhas pode nem transparecer apenas nas roupas que vestem: surge na forma como elas encaram sua vida.
Outra diferença das modelos mais maduras é que elas já passaram por vários estilos de moda ao longo dos anos.
"Muitas das mulheres que eu fotografo dizem que todos estão tentando parecer diferente hoje em dia, mas acabam ficando iguais", diz Cohen. Para ele, mulheres maduras, como Iris Apfel, possuem mais estilo por ousar pensar diferente.
"A própria Iris diz: 'Quando você não se veste como todos os outros, você não está pensando como os outros'."

Crítica

A colunista britânica India Knight tem um ponto de vista diferente. Ela acredita que as mulheres mais velhas não precisam se preocupar tanto com seu estilo se não quiserem, e que a criatividade delas não precisa se refletir nas roupas.
"É ótimo ser criativo na forma como você se veste, mas isso não significa que pessoas vestidas de forma mais discreta não tenham criatividade. Iris Apfel é um ícone da moda e está certa em se manifestar como tal. Mas mulheres comuns são perfeitamente capazes de serem originais mesmo usando apenas uma calça jeans e um blusão comum."
Em seu mais recente livro In your prime: Older, Wiser, Happier ("No Seu Auge: Mais Velha, Mais Sábia, Mais Feliz", em tradução livre), India Knight se manifesta contra a ideia de mulheres mais velhas vestirem roupas "malucas" ou terem comportamentos considerados inadequados para a idade.
Para a autora, o pior conselho possível foi dado pela poeta Jenny Joseph no poema Warning ("Advertência"), de 1961: "Quando eu for uma mulher velha vestirei púrpura/ com um chapéu vermelho que não combina e que não me cai bem".
A filosofia de India Knight é mais parecida com a de outro ícone da moda: Coco Chanel.
"Nada faz uma mulher ficar mais velha do que sua tentativa desesperada de parecer jovem", disse Chanel.
"Eu não gosto da ideia de uma mulher de 55 anos usando as roupas de sua filha adolescente", diz Knight. No entanto, o extremo oposto disso também não a agrada. É o que ela chama de visual "senhora de Hampstead" – em referência a um bairro rico e conservador de Londres.
"Roupas cinzas, geométricas, geralmente de design japonês – por algum motivo as pessoas que se vestem assim acham que isso mostra um certo rigor intelectual. Eu, pessoalmente, acho isso muito engraçado."
Com tantas opiniões pessoais a respeito de que não deve ser usado, a escritora diz que as mulheres mais velhas estão em uma posição confortável no mundo da moda - já que podem usar o que bem entenderem.
"O bom de envelhecer é que você está livre das ansiedades tolas sobre o que os outros vão pensar", diz Knight.

Reportagem de Lindsay Baker
fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141127_vert_cul_moda_idade_dg#orb-banner
foto:http://bellezaslatinas.com/educacion/diseno-de-moda-mejores-escuelas

Para engenheiro israelense, dessalinizar água do mar é opção para amenizar crises hídricas em SP

Em Israel, 67% da água para consumo doméstico são tratados a partir da dessalinização; especialista Fredi Lokiec diz que Brasil poderia trilhar caminho semelhante.




A construção de usinas de dessalinização no litoral paulista poderia garantir água potável para a população e o abastecimento não dependeria mais das flutuações climáticas. Essa é a análise do engenheiro ambiental Fredi Lokiec.

Lokiec, carioca que se mudou para Israel em 1969, é um executivo da maior empresa israelense de dessalinização – a IDE Technologies –, que já construiu 3 das 4 usinas existentes no país, além de mais 400 usinas em 40 países.
Com uma experiência de 24 anos na área hídrica, Lokiec diz lastimar a situação de degradação do abastecimento de água em São Paulo.
Para o engenheiro, as autoridades relevantes demonstraram não ter uma visão de longo prazo. "Rezar para que chova não é suficiente, as autoridades deveriam construir infraestrutura para enfrentar a seca. A dessalinização é um método que confere independência", disse o engenheiro.

Do total da água do planeta, apenas 2,5% são água doce e todo o restante é dos oceanos. Diante da crescente escassez de água doce, a água do mar se destaca como o grande reservatório da humanidade, especialmente em vista de novas tecnologias que tornam a dessalinização um processo rápido e viável.

O processo de dessalinização dura cerca de 30 minutos e consiste na denominada "osmose inversa", na qual, por intermédio de pressão, a água do mar atravessa um sistema de membranas que separa o sal de outras substâncias, tornando-a potável. Em seguida, as substâncias retiradas da água são devolvidas ao mar.

Em Israel, que é um país semiárido que sofre de longos períodos de estiagem, 67% da água para consumo doméstico já provêm da dessalinização.

De acordo com Lociek, as usinas de dessalinização fornecem 500 milhões de metros cúbicos por ano, dos 750 milhões consumidos domesticamente no país.
Outro 1,2  bilhão de metros cúbicos é extraído de fontes naturais e serve às necessidades da agricultura e da indústria.
"Se Israel não tivesse investido em dessalinização, hoje não teríamos água nas torneiras das grandes cidades", disse Lokiec.
Preço
O metro cúbico de água dessalinizada custa entre 70 e 80 centavos de dólar na saída da usina. A este custo se somam as despesas de canalização da água até o consumidor. No caso da cidade de São Paulo haveria o custo de bombear a água dessalinizada, que viria do litoral, pela Serra do Mar acima, o que acarretaria despesas de energia que poderiam elevar o custo até cerca de 1 dólar por metro cúbico.
"Se houvesse uma usina de dessalinização no litoral, a água produzida poderia abastecer as cidades no próprio litoral e isso liberaria uma grande quantidade de água para o abastecimento da cidade de São Paulo", sugere o engenheiro.
De acordo com ele, em Israel "é mais barato utilizar água dessalinizada do que canalizar abastecimento de lugares distantes".

Até 2005, quando a água dessalinizada começou a ser utilizada em larga escala no país, grande parte da água consumida em Tel Aviv era canalizada por meio do Canal Nacional, do Mar da Galileia, que fica a 150 quilômetros da maior cidade de Israel.

Hoje em dia quatro usinas de dessalinização suprem praticamente todas as necessidades das cidades ao longo da orla do Mar Mediterrâneo, onde mora a maioria da população israelense.
A utilização de água dessalinizada também contribui para que as fontes naturais, principalmente os aquíferos do litoral israelense e da montanha (na região de Jerusalém), possam se recuperar após muitos anos de estiagem.
Sugestões para São Paulo
De acordo com o engenheiro brasileiro-israelense, o governo de São Paulo deveria se preparar para a eventualidade de que crises como a atual se repitam no futuro.
"Ninguém garante que dentro de cinco ou dez anos uma seca como a atual não vá se repetir", afirma Lokiec, "São Paulo deve se preparar para um futuro com escassez de água".

Ele menciona o exemplo de Cingapura, que apesar de ter chuvas abundantes e um contrato de longo prazo de abastecimento de água da Malásia, está construindo usinas de dessalinização.

"O problema de Cingapura é que seu território é muito pequeno, portanto não possui área para captar as águas das chuvas", explica.
"Para se precaver contra o risco de que no futuro a Malásia venha a suspender o fornecimento de água, a Cingapura constrói usinas de dessalinização e assim serve de exemplo de planejamento hídrico de longo prazo".
A construção de uma usina de dessalinização para suprir 10% do abastecimento para fins domésticos da área metropolitana de São Paulo poderia durar 3 anos "se o financiamento fosse do governo", avalia Lokiec. Se o empreendimento fosse privado haveria necessidade de um prazo a mais para captação de capital, explica.
Mas antes de se pensar em dessalinização ele sugere que o governo de São Paulo implemente as medidas tomadas por Israel há décadas. "Antes de tudo deve-se educar a população a economizar água e assim evitar o desperdício no dia-a-dia", disse. "Aqui em Israel já no jardim de infância se ensina as crianças a fecharem a torneira enquanto escovam os dentes.”
Outra medida que o engenheiro considera urgente é "reduzir a quantidade de água não contabilizada". De acordo com ele, hoje em dia em São Paulo cerca de 40% da água se perde em vazamentos do sistema ou em desvios ilegais. Já em Israel a quantidade de água não contabilizada é de apenas 8% a 10%. "Se o Estado de São Paulo conseguisse diminuir as perdas do sistema hídrico de 40% para 20% já seria um grande avanço", disse.
Hoje em dia em Israel 85% da água dos efluentes domésticos são tratados e reutilizados para a agricultura.
"A água de esgoto tratada é de qualidade tão boa que pode ser reutilizada para irrigar qualquer tipo de plantação", afirma Lokiec e sugere que em São Paulo também se pense seriamente em reutilização dos efluentes domésticos.





Reportagem de Guila Flint. Ela cobre o Oriente Médio para a imprensa brasileira há 20 anos e é autora do livro 'Miragem de Paz', da editora Civilização Brasileira.

fonte:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/38650/para+engenheiro+israelense+dessalinizar+agua+do+mar+e+opcao+para+amenizar+crises+hidricas+em+sp.shtml
foto:http://www.ksb.com/ksb-pt/Produtos_e_Servicos/Agua_Limpa/Tratamento_de_agua-1/