Na semana passada, pesquisadores da Queen Mary’s University, de
Londres, e da Microsoft anunciaram ter utilizado a nanotecnologia num protótipo capaz de carregador celulares
com a energia da vibração gerada pelo barulho ambiente. O equipamento,
do tamanho de um celular convencional, utiliza nanotubos de óxido de
zinco que geram eletricidade ao serem distendidos ou comprimidos pelo
som de conversas, música ou do trânsito.
Os cientistas pulverizaram uma placa de plástico com os nanotubos e
aqueceram a superfície a 90 graus Celsius, o que permitiu que a
substância se multiplicasse, cobrindo a placa. No vídeo ao lado (em
inglês), Steve Dunn, professor de Nanomateriais da Escola de Engenharia e
Ciência dos Materiais da Queen Mary’s University, dá uma visão sobre o
projeto, como essa tecnologia poderia ganhar escala nos próximos anos e o
seu potencial de substituição das baterias. Dunn cogita, por exemplo, a
instalação de painéis publicitários interativos e autônomos em trens,
capazes de aproveitar o alto nível de decibéis desse meio de transporte.
O esforço de gerar eletricidade acústica é relativamente recente. Em
2011, cientistas coreanos já haviam demonstrado essa possibilidade, mas
eles conseguiram gerar apenas uma tensão elétrica ínfima, 50 milivolts. A
pesquisa divulgada na semana passada viabilizou a expansão da geração a
5 volts, o suficiente para carregar um celular.
Antes disso, em 1999, Scott Backhaus e Greg Swift, do maior
laboratório de pesquisas nucleares dos Estados Unidos, o Los Alamos
National Laboratory, demonstraram a viabilidade de um motor
termoacústico, concebido a partir dos escritos de um engenheiro escocês
do século XIX, Robert Stirling, que ficaram adormecidos durante cem
anos. As pesquisas desenvolvidas em Los Alamos, por sua vez, inspiraram
cientistas da University of Nottingham, na Inglaterra, que criaram um
sistema que usa um fogão doméstico comum para aquecer ar comprimido
contido no interior de um cano.
Com isso, ele passa a vibrar, produzindo ondas sonoras altíssimas, de
mais de 170 decibéis (comparáveis às de um foguete decolando).
Entretanto, do lado de fora do sistema, o som é abafado. As ondas
sonoras vibram um diafragma no outro extremo do cano, que movimenta uma
mola, que gera a corrente elétrica. O equipamento, que permite gerar eletricidade e refrigeração, está sendo testado no Nepal e Bangladesh.
Qual o real potencial dessas tecnologias? Apartentemente, os
investimentos em geração sonora ainda são baixos e não viabilizaram sua
utilização em escala. Mas é tentador sonhar com as possibilidades de
exploração de um recurso tão abundante, gratuito, renovável e
onipresente.
Reportagem de Regina Scharf
fonte:http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/som-nova-fonte-de-energia/
foto:http://paulinemoss.deviantart.com/art/Sound-Waves-366938876
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