12/06/2015

UE diz não estar pronta para negociar com Mercosul; nova reunião ocorrerá no fim do ano


A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, afirmou ontem (11/06) que a União Europeia “não está pronta” para realizar a troca de ofertas tarifárias com o Mercosul (Mercado Comum do Sul) no marco do acordo de livre comércio que vem sendo negociado há 15 anos. As declarações foram proferidas após o encontro realizado com os cinco integrantes do bloco sul-americano. Uma nova reunião está prevista para o fim do ano, após ajustes técnicos de ambas as partes.
“Ainda não estamos prontos [para uma troca de ofertas]. Ninguém está realmente pronto, é por isso que decidimos hoje incrementar o trabalho técnico” com a “esperança” de trocar ofertas até o final do ano, disse Malmström.
A reunião entre o Mercosul e a UE ocorreu no marco da 2ª Cúpula da Celac-UE (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e União Europeia), iniciada na última quarta-feira em Bruxelas e encerrada ontem (11/06).
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, confirmou que Mercosul e a UE se comprometeram a realizar as ofertas no último trimestre do ano. “Os blocos estão decididos a seguir a negociação. Haverá negociações técnicas para cumprir todos os passos necessários”.
Apesar de não participar das negociações, por ter ingressado no Mercosul quando o processo já estava em andamento, a Venezuela participou da reunião entre a UE, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Diante dos esforços para que o tratado de livre comércio seja formalizado, o presidente boliviano, Evo Morales, cujo país está em processo de entrada no organismo sul-americano, afirmou que caso o acordo seja firmado, seu país deixará as negociações para integrar o bloco: “Se o Mercosul quer forjar um acordo de livre comércio com a UE, a Bolívia terá que se retirar” porque defende um comércio “de solidariedade e não de competitividade”, afirmou.
Argentina
Apesar de as especulações em torno de um possível acordo de duas velocidades, devido ao fato de que a Argentina tem se mantido reticente com relação ao acordo por discordar de alguns pontos do tratado, a possibilidade foi descartada e foi reafirmado que o Mercosul negociará em bloco.
Hoje, o chanceler uruguaio, Nin Novoa, — que em maio havia aventado a possibilidade de que o acordo fosse negociado em ritmos distintos, cogitando que a Argentina poderia se somar ao processo posteriormente — afirmou hoje que “não haverá negociações de múltiplas velocidades entre UE-Mercosul. A Argentina se soma e vamos em bloco”.
Novoa disse também que foi assinado um memorando de entendimento entre a UE e o Mercosul e ressaltou que “é a primeira vez que o bloco europeu assina algo assim” e ressaltou que a “Europa tratará de diminuir sua cesta de exclusões na negociação”. No mesmo sentido, a presidente brasileira Dilma Rousseff negou que tenha “perdido a paciência” com a Argentina por conta das reticências com a negociação. “Creio que é muito importante que o Mercosul vá unido. […] Argentina é um grande sócio nosso, temos toda a consideração com a Argentina, jamais foi perdida a paciência”.
Ela ressaltou ainda que “os acordos bilaterais podem ser difíceis para qualquer país, ou qualquer região (…) não é banal fazer um acordo comercial”, disse a mandatária brasileira.
15 anos de negociação
O Mercosul apresentou, no ano passado, uma oferta à UE. Em novembro de 2014, sob a presidência pró tempore da Argentina, o organismo comunicou oficialmente o bloco europeu de que já havia concluído seus trabalhos para a formalização de uma oferta. Os europeus, no entanto, não responderam a proposta sul-americana por que não havia acordo entre os 28 países.
Para que a negociação seja fechada, é preciso que os países digam quais áreas podem ser incluídas no tratado. As divergências se dão porque a União Europeia tem a agricultura como tema sensível e que busca proteger. Já os países do Mercosul tem como principal ponto de preocupação a entrada de produtos industrializados europeus.
Por essa razão a Argentina mantém-se reticente. O governo da presidente Cristina Kirchner tem como prioridade a proteção da indústria nacional. “O valor agregado dos produtos europeus é maior que o nosso e sem saber o que eles pretendem exportar em termos industriais para nossos mercados, fica difícil", disse uma fonte do governo argentino à BBC, acrescentando que não havia pressa em acelerar o acordo.
O processo de negociações entre ambos os blocos teve início em 2000, mas foi estancado devido à crise atravessada pelos países, tendo sido retomado novamente em 2010.

Reportagem Vanessa Martina Silva
fonte:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40666/ue+diz+nao+estar+pronta+para+negociar+com+mercosul+nova+reuniao+ocorrera+no+fim+do+ano.shtml
foto:http://blog.planalto.gov.br/dilma-defende-fundo-verde-e-diz-que-brasil-chegara-a-cop21-em-situacao-vantajosa/

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