Bater,
humilhar, abandonar, discriminar uma criança ou um adolescente são ações
condenadas por toda sociedade e evidentemente, com razão. No entanto, a violência
contra crianças e adolescentes na atualidade não está restrita a estas ações
hediondas.
Estamos
convivendo e muitas vezes permitindo uma perversidade velada, disfarçada e que
recebe nomes diversos e até mesmo é chamada de arte, de livre expressão da
criatividade, de talento e uma infinidade de outras denominações. Porém, quando
nos deparamos com uma imagem destas ações é impossível não ficar
indignado e não abandonar a inércia para pedir mudanças.
Mudanças
na sociedade de forma geral e mudanças específicas na maneira como as crianças
estão sendo criadas pelas famílias, educadas nas escolas, influenciadas pelos
veículos de comunicação, incluindo a internet. E principalmente como estão abandonadas a sua própria sorte.
Recentemente uma emissora de televisão, SBT, transmitiu durante o seu telejornal uma série de
reportagens sobre as crianças e adolescentes no mundo do funk. Um tapa na cara
de todos nós. Se as letras machistas, violentas e de apologia ao sexo pelo sexo
já eram uma afronta ao bom senso, escutar essas músicas nas vozes de crianças e
adolescentes e vê-los dançando da forma mais vulgar possível é tocar o fundo do
poço.
O pior
é que não poucas vezes estes pseudo artistas são incentivados pelos pais e mães
que afirmam estar apenas “fazendo a vontade de seus filhos talentosos”. O que a
arte tem a ver com apologia ao sexo na infância ou com a gravidez de meninas
que ainda não estão com o corpo formado, sem as mínimas condições físicas e
psicológicas de assumir uma gestação?
O que
vejo não tem nada a ver com arte e sim com exploração infantil, com o
descaso de toda uma sociedade que torce o nariz para os bailes funks mas finge
que não percebe a gravidade do que está acontecendo lá dentro com crianças e
adolescentes. Além do sexo sem proteção e banalizado, o uso de drogas e bebidas
alcoólicas acontece livremente.
Nas reportagens apresentadas no SBT e também em outros programas que abordaram a mesma questão é
possível ver crianças com menos de 10 anos drogadas e alcoolizadas assumindo um
erotismo e uma disponibilidade sexual que não condiz com sua idade. O que dizer
da MC Melody de 8 anos que incentivada pelo pai que também é seu empresário, pode
ser vista nas redes sociais em poses provocativas e sensuais?
É inadmissível
que tudo isso continue acontecendo e provoque apenas reações tímidas e
isoladas. Como a da Promotoria de Justiça de Santana, em São Paulo, que proibiu
o MC Pedrinho de 13 anos de cantar músicas com conteúdo pornográfico. Embora louvável
a decisão é preciso mais, muito mais. Chega de ficarmos de braços cruzados e
fingindo que não nos diz respeito. Todos nós somos responsáveis pelo que
acontece as crianças e adolescentes. Temos que assumir esta responsabilidade antes que seja tarde demais.
Dra. Tânia Mota de Oliveira
imagem:http://www.encuentro.de/html/noticias.html
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