08/06/2015

Precisamos cuidar das nossas crianças


Bater, humilhar, abandonar, discriminar uma criança ou um adolescente são ações condenadas por toda sociedade e evidentemente, com razão. No entanto, a violência contra crianças e adolescentes na atualidade não está restrita a estas ações hediondas.  
Estamos convivendo e muitas vezes permitindo uma perversidade velada, disfarçada e que recebe nomes diversos e até mesmo é chamada de arte, de livre expressão da criatividade, de talento e uma infinidade de outras denominações. Porém, quando nos deparamos com uma imagem destas ações é impossível não ficar indignado e não abandonar a inércia para pedir mudanças.
Mudanças na sociedade de forma geral e mudanças específicas na maneira como as crianças estão sendo criadas pelas famílias, educadas nas escolas, influenciadas pelos veículos de comunicação, incluindo a internet. E principalmente como estão abandonadas a sua própria sorte.
Recentemente uma emissora de televisão, SBT, transmitiu durante o seu telejornal uma série de reportagens sobre as crianças e adolescentes no mundo do funk. Um tapa na cara de todos nós. Se as letras machistas, violentas e de apologia ao sexo pelo sexo já eram uma afronta ao bom senso, escutar essas músicas nas vozes de crianças e adolescentes e vê-los dançando da forma mais vulgar possível é tocar o fundo do poço.
O pior é que não poucas vezes estes pseudo artistas são incentivados pelos pais e mães que afirmam estar apenas “fazendo a vontade de seus filhos talentosos”. O que a arte tem a ver com apologia ao sexo na infância ou com a gravidez de meninas que ainda não estão com o corpo formado, sem as mínimas condições físicas e psicológicas de assumir uma gestação?
O que vejo não tem nada a ver com arte e sim com exploração infantil, com o descaso de toda uma sociedade que torce o nariz para os bailes funks mas finge que não percebe a gravidade do que está acontecendo lá dentro com crianças e adolescentes. Além do sexo sem proteção e banalizado, o uso de drogas e bebidas alcoólicas acontece livremente.
Nas reportagens apresentadas no SBT e também em outros programas que abordaram a mesma questão é possível ver crianças com menos de 10 anos drogadas e alcoolizadas assumindo um erotismo e uma disponibilidade sexual que não condiz com sua idade. O que dizer da MC Melody de 8 anos que incentivada pelo pai que também é seu empresário, pode ser vista nas redes sociais em poses provocativas e sensuais?

É inadmissível que tudo isso continue acontecendo e provoque apenas reações tímidas e isoladas. Como a da Promotoria de Justiça de Santana, em São Paulo, que proibiu o MC Pedrinho de 13 anos de cantar músicas com conteúdo pornográfico. Embora louvável a decisão é preciso mais, muito mais. Chega de ficarmos de braços cruzados e fingindo que não nos diz respeito. Todos nós somos responsáveis pelo que acontece as crianças e adolescentes. Temos que assumir esta responsabilidade antes que seja tarde demais.


Dra. Tânia Mota de Oliveira


imagem:http://www.encuentro.de/html/noticias.html

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