Sete presidentes
latino-americanos tomarão posse em 2014. Seis deles eleitos durante o ano: El
Salvador e Costa Rica, em fevereiro; Panamá e Colômbia, em maio; Bolívia e
Uruguai em outubro. A sétima Presidência será ocupada no Chile por Michelle
Bachelet, que está prestes a tomar posse. No Brasil, o presidente eleito em
outubro só será empossado em janeiro de 2015. Caberia acrescentar o mexicano
Enrique Peña, que assumiu em 1 de dezembro, com seu grandioso plano de reforma
a se concretizar durante o ano. Melhor do que falar de esquerda e direita seria
fazer um desmembramento de naturezas, segundo o seguinte padrão: continuidade
com ou sem renovação, inovação e revolução.
A Colômbia está na continuidade,
já que tudo aponta para a reeleição de Juan Manuel Santos, de centro-direita,
que disputará com um candidato apoiado por Alvaro Uribe, mas há a
transcendental renovação com a eventual assinatura de um acordo de paz com as
FARC; a Costa Rica, onde a partenogênese da esquerda dá vantagem a Johnny
Araya, que não se envergonha de dizer que representa “os mesmos de sempre”, o
partido de Óscar Arias; e o Panamá, onde José Domingo Arias, sucessor do
presidente Ricardo Martinelli, enfrenta as forças de esquerda aparentemente sem
grandes possibilidades.
O Chile está na inovação com a
socialista Bachelet, que pretende reformar a Constituição em seu segundo
mandato para acabar com os resíduos do regime de Pinochet e melhor redistribuir
os frutos do progresso material do país; Em El Salvador, Sánchez Cerén, do
antigo movimento guerrilheiro FMLN, é a continuidade da esquerda moderada
representada pelo presidente em exercício, Mauricio Funes; o Brasil, aparente
feudo de outra socialista moderada, Dilma Rousseff, que se candidata à
reeleição gabando-se de ter tirado 40 milhões de pessoas da pobreza, se
recuperou das manifestações populares massivas que tomaram as ruas em junho
contra os gastos dos Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo; o Uruguai, onde a Frete
Ampla do presidente José Mujica, da esquerda monástica, quer ver uma repetição
com Tabaré Vázquez, uma cautelosa esquerda inimiga de excentricidades; e Peña
Nieto, no México, que quer inventar um país competitivo e desenvolvido com um
carrossel de reformas tão inovadoras quanto a própria paz na Colômbia. E ainda
se poderia acrescentar um nono presidente in péctore de toda a América Latina: o Papa Bergoglio,
ítalo-argentino, recém-nomeado.
Mas a única revolução em
andamento é a boliviana, onde Evo Morales concede subsídios para eliminar dois
terços dos votos de uma direita autocensurada e, assim, dar um novo impulso em
um terceiro mandato e diminuir a influência hispânica no país.
O balanço global aponta para a
estagnação da Revolução Bolivariana (Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua),
que embora mantenha presidências, se enfraquece com o caos econômico de seu
grande tesoureiro, Caracas, enquanto que a Aliança do Pacífico (México, Peru,
Chile e Colômbia) consome o espaço da ALBA, organização chavista que carece de
fundos. E, assim, a inovação (Chile, Brasil, El Salvador e México), mais a
tentativa de renovação colombiana, navegam hoje de vento em popa.
Reportagem de Miguel Ángel
Bastenier
foto:http://francanetocafenews.blogspot.com.br/2014/01/eleicoes-2014-favoritismo-de-dilma-na.html
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