30/09/2013

Com biblioteca na mochila, jovens levam leitura a comunidades do RN


Uma bicicleta, uma mochila nas costas e 100 livros transformam jovens do Rio Grande do Norte em bibliotecas móveis. O projeto Agentes de Leitura, desenvolvido pelo Governo do Estado, selecionou jovens para levar a 41 cidades o hábito da leitura. Mais de 400 agentes circulam entre as zonas urbana e rural do Estado contando histórias e apresentando as obras para mais de 15 mil famílias. Criado pelo Ministério da Cultura há quatro anos, o programa faz parte do Mais Cultura e, apesar de previsto para todo o Brasil, ainda não entrou em prática em todos os Estados.
Com uma abordagem lúdica, que envolve brincadeiras, saraus, adivinhações e versos, os agentes introduzem as áreas menos desenvolvidas do Rio Grande do Norte a livros infantis, lendas e clássicos como Manuel Bandeira e o potiguar Câmara Cascudo. Para participar do projeto, foram selecionadas famílias beneficiadas pelo Bolsa Família que moram nos municípios com os menores Índices de Desenvolvimento Humano.
O programa Agentes de Leitura foi lançado no dia 12 de dezembro de 2012. Desde 2009, no entanto, o Rio Grande do Norte já vinha organizando o projeto. Em 2011, o Estado selecionou os 41 municípios participantes e, em um segundo momento, escolheu 550 jovens para atuar como agentes - destes, alguns desistiram, restando 402. Como pré-requisito, os agentes deveriam ter entre 18 e 29 anos e já terem concluído o ensino médio. No último mês de maio, o projeto foi posto em prática. A receptividade da população foi bastante boa, acredita Márcio Farias, diretor da Biblioteca Pública Câmara Cascudo e coordenador do projeto.
Farias conta que cidades que tiveram problemas com relação ao envio do acervo de livros - situação já normalizada, afirma - receberam cobrança dos moradores que esperavam pelos agentes.
Os agentes de leitura passaram por uma série de oficinas realizada durante uma semana para capacitá-los a atuar no projeto. Geruza Câmara, que trabalhou como formadora dos agentes, afirma que o principal cuidado nesse processo de capacitação foi orientar os jovens a abordar as famílias com simpatia e contar as histórias com a entonação adequada.
Alexandre Silva estuda ciências da religião na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) e trabalha com oficinas de teatro. Sua experiência com interpretação foi fundamental para uma boa postura vocal e corporal, necessárias para a leitura. Silva circula entre a cidade e a zona rural de Macaíba, região metropolitana de Natal, e troca livros com agentes da capital para variar o acervo.
Para exercer esta atividade por um ano, os agentes recebem uma bolsa-auxílio mensal no valor de R$ 350. O pagamento, no entanto, não está acontecendo. Farias explica que a razão é um entrave burocrático relacionado à documentação dos bolsistas, que não está regularizada. Em páginas no Facebook, os alunos manifestam sua insatisfação e uma greve chegou a ser programada. Silva diz que a falta de remuneração desmotiva muitos dos colegas. Por outro lado, aponta o aprendizado das crianças como recompensa maior. “Há uma menina que sempre me pede para emprestar um livro quando passo em frente à sua escola. Já ando sempre com eles na mochila”.

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