Dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última
terça-feira mostram que os índices de obesidade no país continuam a crescer, e
em ritmo acelerado. Em 2011, o porcentual de brasileiros obesos era de 15,8%.
Já em 2012, essa taxa passou para 17,4% — em 2006, quando a análise começou a
ser feita, o índice era de 11,6%. O número de pessoas acima do peso considerado
ideal também aumentou: de 48,5% em 2011 para 51% em 2012. Os dados estão na
pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico).
O levantamento, divulgado anualmente pelo Ministério, traz
um diagnóstico da saúde do brasileiro a partir de questionamentos sobre os
hábitos da população, como tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas,
alimentação e atividade física. Foram coletadas informações de 45.400 pessoas
com mais de 18 anos de todas as capitais e do Distrito Federal, de julho de
2012 a fevereiro de 2013.
Segundo os dados, entre as pessoas que estão acima do peso,
os homens são a maioria - 54,5% têm o problema, enquanto entre as mulheres o
índice é de 48,1%. A prevalência da obesidade, por outro lado, é maior entre as
mulheres: 18,2.% estão com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 – entre
os homens, essa taxa é de 16,5%. A maior prevalência de pessoas com sobrepeso e
obesidade se encontra na população que está entre os 45 e 64 anos.
Entre as capitais, Campo Grande é a campeã nos índices de
adultos com excesso de peso, com 56% da sua população. Na sequência, estão
Porto Alegre e Rio Branco, com 54%. As capitais com os menores índices de
excesso de peso são Palmas e São Luís, com 45%. Em relação à obesidade, os
maiores índices (21%) estão em Rio Branco, Natal e Campo Grande.
Hábitos – A
prevalência dos brasileiros sedentários em 2012 subiu para 14,9% — em 2011, o
índice era de 14%. Entre aqueles que fazem atividades físicas no tempo livre, o
maior índice está entre os homens, com 41,5%, contra 26,5% entre as mulheres.
Em relação à alimentação, o levantamento mostrou que, quanto maior a
escolaridade, maior o consumo de frutas e hortaliças. As mulheres são as que
mais consomem esses alimentos: 27,2% delas, frente a 17,6% dos homens.
De acordo com Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em
Saúde do Ministério, o combate ao aumento de peso deve ser um processo
contínuo, que engloba ações na cantina da escola à lanchonete de uma empresa.
"Ainda estamos mais magros que nossos vizinhos, mas os índices continuam a
crescer. É preciso combater a obesidade." Segundo Alexandre Padilha, ações
para o controle da obesidade devem ser feitas o quanto antes. "Se não
conseguirmos controlar esse aumento agora, poderemos chegar a patamares como os
do Chile e dos Estados Unidos." De acordo com Padilha, a qualidade da
merenda escolar será decisiva para que o país possa reverter a tendência de
aumento de peso.
Álcool — O
consumo de bebida alcoólica se mostrou maior entre as pessoas com maior
escolaridade. Entre aqueles com mais de 12 anos de estudo, 31,9% dos homens
consomem mais de cinco doses e 14% das mulheres consomem mais do que quatro
doses – uma média de 22%. O consumo abusivo se mostrou mais frequente (24,7%)
entre jovens de 25 a 34 anos.
Os índices mais alarmantes, no entanto, estão entre os
brasileiros que bebem e dirigem na sequência. A maior prevalência está entre os
homens com mais de 12 anos de estudo (18,9%). "As menores proporções estão
no Recife e no Rio de Janeiro e isso tem a ver com a operação Lei Seca",
diz Padilha. Em Recife, o porcentual de adultos que dirigem depois de beber é
de 4% e no Rio de Janeiro, de 5%. A capital com maior índice é Florianópolis,
com 16%. Segundo o ministro, não há uma série histórica dentro do Vigitel que
possa ser usada como modelo comparativo para avaliar se a Lei tem relação
direta com os índices nessas duas capitais.
Câncer — O acesso
à mamografia, exame preventivo para o câncer de mama, tem crescido no sistema
público. Os dados do Vigitel apontam que 77,4% das mulheres de 50 a 69 anos
fizeram o exame nos últimos dois anos. Em 2007, essa taxa era de 71,1%. A maior
prevalência, no entanto, se encontra nas capitais dos estados mais
desenvolvidos do país: Curitiba (90%), Distrito Federal (87%) e Belo Horizonte
(86%). Nas regiões Norte e Nordeste, a discrepância é gritante em relação ao
resto do país. Em João Pessoa, apenas 61% das mulheres fizeram o exame. No
Recife, 64%; em Boa Vista, 67%; e Manaus, 68%.
Reportagem de Aretha Yarak
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