Uma nova pesquisa mostra que a mudança para uma vizinhança menos degradada pode ter enormes impactos na saúde mental de famílias pobres. Os cientistas da Universidade de Chicago analisaram voluntários de baixa renda que se mudaram para vizinhanças mais ricas, e constataram um aumento no bem-estar em relação àqueles que permaneceram em seus bairros originais. O estudo foi publicado na revista Science.
Os pesquisadores compararam os dados de 4.604 famílias de baixa renda nos Estados Unidos. Dessas, 2.134 ganharam subsídios governamentais para se mudar para vizinhanças menos degradadas. A mudança não afetou a renda familiar — tanto as famílias que se mudaram quanto as que ficaram nas antigas vizinhanças recebiam 20.000 dólares anuais na época da pesquisa. Mesmo assim, a mudança para ambientes 13% menos pobres afetou o bem-estar dos voluntários de modo parecido com um aumento de 13.000 dólares na renda anual.
Os voluntários mostraram melhora em índices de sofrimento psíquico, depressão, desordens de ansiedade, calma e sono. Também se disseram mais felizes. "Essas descobertas sugerem a importância de focar nossos esforços na melhoria do bem-estar das famílias pobres, em vez de apenas buscar melhorar sua renda. As intervenções se mostram importantes para atingir esse fim", diz Jens Ludwig, pesquisador da Universidade de Chicago e um dos autores do estudo.
O estudo usou os dados de famílias inscritas no programa Moving to Opportunity, um experimento social do governo americano realizado nos anos 90 que sorteou subsídios para uma parcela dos voluntários se mudarem para áreas menos pobres. As famílias eram todas de baixa-renda, e em sua maioria lideradas por mulheres negras ou hispânicas. Entre as principais razões para querer trocar de bairro, elas citaram problemas com gangues e tráfico de drogas e a busca de melhores escolas para os filhos.
Segundo os cientistas, uma das implicações da pesquisa é mostrar que estudos que só levam em conta a renda para analisar a desigualdade podem subestimar os efeitos negativos que a questão residencial tem nas famílias mais pobres. "Focar as análises somente na diferença de renda ao longo do tempo, enquanto se ignora os efeitos dessa diferença, subestima a tendência atual de uma maior desigualdade no bem-estar", diz Ludwig.
foto:skyscrapercity.com
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