Tendo dedicado um dia de seu encontro de dois dias às preocupações com a economia global causada pela crise na zona do euro, o G20, grupo dos principais países emergentes e avançados, tem nesta terça-feira pouco tempo para se aprofundar em temas econômicos que também fazem parte da agenda, como desequilíbrios cambiais, livre comércio e desenvolvimento sustentável.
Por agregar países que respondem por 80% do comércio mundial e 90% do Produto Interno Bruto do planeta, o G20 se tornou se tornou o principal fórum político de arquitetura financeira do globo. Mas isso quer dizer que também tem uma agenda econômica mais ampla, incluindo, por exemplo, segurança alimentar.
Com o respiro oferecido pelo resultado das eleições ao euro, o debate avançou no sentido de reconhecer a necessidade de estímulos econômicos para proteger a economia global de ser contagiada por aquelas mais paralisadas.
Mas seu debate mais aprofundado, com o objetivo final de gerar empregos – foco do encontro –, continua inconclusivo.
Antes do encontro, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) vinha alertando que o G20 ainda precisa fechar uma lacuna de 21 milhões de empregos acumulados em todos os seus países desde o início da crise, em 2008.
Mas como e onde serão gerados estes postos de trabalho, ainda é um debate distante para um G20 que só neste encontro começou a se inclinar para o problema com a mesma intensidade com que via a necessidade de ajuste fiscal três anos atrás.
Outras agendas
Enquanto isso, os desequilíbrios no câmbio, que já foram o foco de encontros multilaterais anteriores, viraram apenas um pequeno adendo no que o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, descreveu como ''desequilíbrios externos'' que alguns países não-europeus do G20 – sobretudo a China e possivelmente mesmo o Brasil – precisam resolver.
O assunto permanece em banho-maria, mas hoje outros países desenvolvidos, como a Suíça e o Japão, têm indicado que vão intervir no mercado de moedas se for necessário evitar a sua apreciação, em vista do enfraquecimento do dólar e do euro.
Já o livre comércio, nas palavras do anfitrião, o presidente mexicano Felipe Calderón, seria ''uma ferramenta muito poderosa, entre as mais poderosas, para promover o crescimento de que necessitamos e criar os postos de trabalho que todos nossos cidadãos estão demandando'' - mas isso, por enquanto, parece ter ficado na retórica.
Os líderes têm feito um apelo a que se evite o protecionismo – novamente o Brasil é mencionado como vilão, especialmente aqui no México, com quem recentemente se viu uma disputa no mercado automotivo –, mas a menção à rodada Doha, que poderia prover renda para os países mais pobres, soa oca.
A terceira e última sessão plenária da G20 tratará de segurança alimentar, produtividade agrícola sustentável e a volatilidade dos preços dos alimentos, além de crescimento verde. Atribulada com a preparação para a Rio+20, que abre um dia depois, a presidente Dilma Rousseff deve assistir a esta sessão e partir imediatamente para o Brasil.
Reportagem de Pablo Uchoa
foto:blogdoambientalismo.com
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