Em
diversas oportunidades, o mundo vê mães saindo às ruas para defender filhos,
maridos e causas. Em entrevista ao Terra, o mestre em geografia Ricardo
Alvarez, editor do blog Controversia - espaço de debates e discussões sobre
questões contemporâneas - elenca três movimentos sociais encabeçados por mães
que marcaram a história.
Para ele, os laços familiares se tornam políticos nos movimentos sociais.
"As mães estão sempre presentes em muitas lutas no mundo, seja em defesa
de seus filhos contra perseguições arbitrárias seja em defesa das liberdades
fundamentais, cuja ausência as vitimiza igualmente", diz.
Mães da Praça de Maio
As Mães da Praça de Maio lutaram para encontrar seus filhos desaparecidos
durante o período de ditadura argentina (1976-83), número que chegaria a 30
mil. Em abril de 1977, 14 mulheres se reuniram na Praça de Maio para serem
ouvidas pelo ditador Jorge Vilela, lideradas por Azucena Villafor De Vicenti,
seqüestrada em 10 de dezembro de 1978 e jogada de um avião militar em alto-mar.
Elas conseguiram entregar uma carta ao Papa João Paulo II, abriram processos
judiciais na Alemanha, França, Itália, Espanha e era apenas o começo. Hoje elas
lutam contra a fome, contra a má distribuição de renda, além de promover a
construção de moradias.
"O movimento das 'Mães da Praça de Maio' combina uma luta contra as
mazelas dos governos militares na América Latina, ao mesmo tempo em que
mergulha de cabeça na defesa de ideais democráticos de governo. Tem um sentido
emblemático pela durabilidade do movimento e pela focalização em sua causa",
afirma Ricardo.
Causa Palestina
Na Palestina, a luta é contra a sociedade machista e a ocupação israelense. Com
as mulheres fora do mercado de trabalho, o papel de chefe de família é quase
inviável em momentos em que os maridos foram presos ou mortos em conflitos.
"O assassinato de lideranças políticas e militantes em defesa da criação
do estado da Palestina forçou as mulheres a se engajarem na luta direta contra
a opressão e a retomada de seus territórios hoje invadidos por Israel",
explica Ricardo.
Acari e Candelária
No Brasil podemos citar os agrupamentos de mães em busca da responsabilização
pelas mortes de seus filhos em chacinas, como é o caso de Acari e Candelária,
no Rio de Janeiro. "Há ainda o movimento Associação Brasileira de Busca e
Defesa a Crianças Desaparecidas (ABCD), que trava uma batalha em busca de seus
filhos desaparecidos. Muitos são vítimas da pobreza ou do tráfico".
Foto:vilamulher.terra.com.br
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