19/04/2011

Estudo associa taxa de suicídio na força de trabalho à economia

A notícia abaixo foi publicada no jornal norte-americano The New York Times e faz referência a um estudo feito naquele país. No entanto, será que a situação no Brasil é muito diferente?

A taxa de suicídio aumentou 3% na recessão de 2001 e, em geral, tem acompanhado a maré da economia desde a Grande Depressão, aumentando nos tempos ruins e caindo nos tempos bons, segundo uma análise abrangente do governo divulgada na quinta-feira.


Os especialistas dizem que o novo estudo pode ajudar a esclarecer uma relação há muito nebulosa entre o suicídio e as tendências econômicas.
Apesar de muitos pesquisadores argumentarem que as dificuldades econômicas podem aumentar a probabilidade de suicídio em pessoas que já são vulneráveis –como aquelas com depressão ou outros males mentais– as pesquisas eram ambíguas. Alguns estudos apoiavam essa ligação, mas outros apontavam o oposto: as taxas caíam em períodos de alto desemprego, como se as pessoas exibissem resistência quando mais precisassem.
Usando dados mais abrangentes para determinar as tendências econômicas, o novo estudo encontrou uma correlação clara entre as taxas de suicídio e o ciclo de negócios entre adultos jovens e de meia-idade. Essa correlação desapareceu quando os pesquisadores olharam apenas para crianças e idosos. Pode não ser o caso que problemas econômicos causem tentativas de suicídio, mas podem ser um fator.
“Eles fizeram um ótimo trabalho acrescentando uma peça a um quebra-cabeça muito complexo”, disse Eve Moscicki, uma pesquisadora do Instituto Psiquiátrico Americano para Pesquisa e Educação, que não esteve envolvida no estudo. “Pode ser que quando pessoas que são mais vulneráveis ao suicídio perdem o emprego ou sofrem uma redução salarial, isso adicione mais um elemento de estresse.”
No estudo, que foi publicado no “The American Journal of Public Health”, pesquisadores dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), um órgão federal, examinaram as taxas de suicídio por 100 mil americanos para cada ano de 1928 a 2007.
A taxa geral caiu em mais de um terço naquela época, de 18,0 para 11,2, com grande parte do declínio ocorrendo antes de 1945. Ela flutuou em meados dos anos 50, apresentou tendência de alta no final dos anos 70 e recuou entre meados dos anos 80 e o ano 2000. Ao longo dos anos, os pesquisadores atribuíram esta tendência de queda em geral a um maior acesso a atendimento, elevação dos padrões de vida e melhores medicamentos, entre outras coisas.
Para investigar o efeito dos ciclos de negócios, os pesquisadores calcularam a taxa média durante os períodos de retração da economia e a compararam com a média durante os períodos que antecederam as recessões. O aumento mais acentuado ocorreu no início da Grande Depressão, quando as taxas saltaram 23% –de 18,0 em 1928 para 22,1 em 1932. O estudo encontrou saltos menores durante a crise do petróleo do início dos anos 70 e na recessão de mergulho duplo do início dos anos 80, entre outros pontos baixos econômicos.
A taxa de suicídio geralmente cai durante os períodos de expansão econômica, com algumas exceções. As taxas entre as pessoas na faixa dos 30 e 40 anos subiram durante o boom dos anos 60, e diminuíram entre os idosos na recessão severa de meados dos anos 70.
Fatores culturais exerceram um papel, argumentam os autores. “A inquietação social e o tumulto dos anos 60 podem ter contribuído para o estresse mental entre os jovens, portanto contribuindo para a continuidade do aumento das taxas de suicídio”, eles escreveram. “Entre os grupos idosos, o rápido aumento dos benefícios do Seguro Social no final dos anos 60 pode ter fornecido uma rede de segurança em momentos difíceis.”
Feijun Luo, o principal autor do estudo, disse: “Os resultados sugerem o potencial de vermos um grande aumento das taxas durante esta atual recessão”. Seus co-autores foram Curtis S. Florence, Myriam Quispe-Agnoli, Lijing Ouyang e o dr. Alexander E. Crosby, todos dos CDC.
O suicídio é impossível de prever e raro até mesmo nas circunstâncias mais terríveis, o motivo para programas de prevenção e tratamento terem resultados ambíguos. A maioria trata de problemas específicos como abuso de substâncias, depressão, isolamento e relações familiares problemáticas. Mas este estudo deve dar às comunidades e médicos uma melhor ideia não apenas de quando o risco aumenta, mas também entre quem –adultos em idade de trabalho, neste caso.
“Assim que as pessoas deixam a força de trabalho por idade, parece não haver relação entre o ciclo de negócios e sua vulnerabilidade”, disse Florence.


Tradução:George El Khouri Andolfato
(http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2011/04/15/estudo-associa-taxa-de-suicidio-na-forca-de-trabalho-a-economia.jhtm)
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