Já recorri aos textos do escritor libanês Gibran Khalil Gibran (foto) em várias ocasiões, inclusive neste blog. Apesar de não estar na “moda” e ser criticado por muitos pelo seu excesso de sentimentalismo, penso que suas palavras são sábias e ajudam nas reflexões que faço cotidianamente e compartilho com vocês. As tragédias ambientais recentes que interromperam tantas vidas, causaram tremendas destruições no Brasil e recentemente no Japão; a inércia mundial diante da miséria, da opressão e da violência e a ausência de ética e compaixão nas relações humanas me levam por caminhos um tanto quanto melancólicos, o que não significa que irão me afastar dos meus princípios e ideais, longe disso. E uma das armas que tenho para que isto não ocorra é recorrer a textos como este do livro O profeta de Gibran:
“Então, um advogado disse: “Que pensar de nossas Leis, mestre?
E ele respondeu:
Vós vos deleitais em estabelecer leis,
Mas vos deleitais ainda mais em violá-las,
Tais como criança brincando à beira do oceano edificam, pacientemente, torres de areia e, logo em seguida, as destroem entre risadas.
Mas enquanto edificais vossas torres de areia, o oceano atira mais areia à praia.
E quando vós as destruís, o oceano ri convosco.
Na verdade, o oceano sempre ri com os inocentes.
Mas que dizer daqueles para quem a vida não é um oceano, nem as leis baixadas pelo homem, torres de areia, aqueles para quem a vida é uma pedra, e a lei, um cinzel com o qual procuram esculpi-la à sua própria imagem?
Que dizer do aleijado que odeia os bailarinos?
E do boi que gosta de seu jugo e considera o gamo e o cervo seres extraviados e vagabundos?
E da serpente idosa que não pode mais largar a pele e qualifica todas as outras de desnudas e impudicas?
E daquele que chega cedo ao banquete de núpcias e, depois, saciado e esgotado, segue seu caminho, dizendo que todo festim é uma violação da lei todo festejador, um culpado?
Que direi desses todos, senão que eles também se mantêm na claridade do sol, mas de costas para o sol?
Vêem somente suas sombras, e suas sombras são suas leis.
E que é o sol para eles senão um lançador de sombras?
E que é reconhecer as leis senão curvar-se e delinear essas sombras sobre a terra?
Vós, porém, que caminhais encarando o sol, que imagens desenhadas sobre a terra vos podem reter?
Vós que viajais com o vento, que cata-vento orientará vosso curso?
Que lei humana vós poderá atar quando quebrardes vosso jugo, mas não à porta de uma prisão humana?
Que leis temereis se dançardes sem tropeçar em nenhuma cadeia de ferro feita pelo homem?
E quem vos poderá acusar em juízo se rasgais vossas vestimentas, sem as atirar no caminho alheio?
Povo de Orphalese, podeis abafar o tambor e afrouxar as cordas da lira, mas quem poderá proibir à calhandra de cantar?”
foto: instasiante.blogspot.com
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