19/01/2011

Convite à reflexão





"Compaixão é tentar entender e participar do sofrimento alheio. Compaixão é a alegria de repartir."

Madre Teresa de Calcutá


A tragédia causada pelas chuvas na região serrana do estado do Rio de Janeiro e que também castigam algumas cidades de São Paulo e Minas Gerais no primeiro mês de 2011 inspira a reflexão proposta neste texto.
Penso que o momento não deve servir simplesmente para apontar culpados (o que não significa minimizar a falta de responsabilidade de determinados agentes da sociedade como o Poder Público e a própria sociedade civil representada pela classe empresarial)e iniciar um jogo muito apreciado pela mídia nestas situações, patrocinando debates sensacionalistas ou superficiais, cujo intuito principal é elevar a audiência por meio da reprodução visual da dor humana.
O que proponho vai além deste ponto. Enquanto não retirarmos o manto da invisibilidade com o qual cobrimos o outro a compaixão não passará de uma palavra vazia, da qual nos utilizamos especialmente em momentos de calamidade pública e depois, passado o impacto inicial, deixamos inerte repousando nos dicionários. Como se bastasse nos emocionarmos com as imagens e fatos reproduzindo a situação de caos e de dor vivida pelo outro (o que vale para outras situações do cotidiano quando somos obrigados a encarar o sofrimento humana de frente), balbuciarmos algumas palavras de indignação e colocarmos a máscara da piedade no rosto.
Para mim ter compaixão é realmente se importar com o outro em qualquer circunstância. É estar sempre pronto para estender a mão e segurar com força aquela que se apoia na nossa. Não é ser santo, é apenas ser humano plenamente. A compaixão deve estar acima de tudo e não pode ser barrada por empecilhos burocráticos, formalismos inócuos. A dor precisa ser apaziguada no momento em que ocorre, depois não irá importar mais.
Não é possível adotar uma postura de sempre lavar as mãos diante do sofrimento alheio e repassar a responsabilidade. A responsabilidade é de todos para com todos e a escolha do egoísmo é a forma mais rápida e eficiente para desvirtuar qualquer projeto de paz na Terra.
Assim como ética, a compaixão também deveria ser ensinada e estimulada nos primeiros anos escolares. Não a piedade, mas o importar-se de verdade com o outro e a entender a vida como um ciclo no qual todos são imprescindíveis para o seu funcionamento pleno e não como sendo uma competição permanente e nós adversários dispostos a esquecer nossa humanidade para vencermos.
A maior vitória é estar sempre disposto a repartir.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e pelo comentário!