20/12/2016

Como o atentado contra o chanceler russo pode afetar a relação entre Rússia e Turquia?


Rivais históricos, Rússia e Turquia já protagonizaram diversos episódios de tensão diplomática. O atentado contra o embaixador russo, Andrei Karlovneta, ontem (19) em Ancara, capital turca, aconteceu, no entanto, em um momento em que as nações estavam se aproximando.
Em lados opostos no conflito da Síria, os governos da Turquia e Rússia estavam colaborando, nos últimos dias, na operação de evacuação de civis da cidade de Aleppo, no norte da Síria.
Para os especialistas em relações internacionais ouvidos pelo UOL, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato sem relação com o governo. Contudo, se o assassinato do chanceler russo tivesse acontecido há seis meses, o cenário seria diferente.
"Essa rivalidade entre os países chegou ao ápice quando a Turquia derrubou um caça russo", analisa o professor de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília) Juliano da Silva Cortinhas.
Em 24 novembro de 2015, a aviação turca derrubou um avião militar russo perto da fronteira com a Síria. Segundo o governo da Turquia, o avião havia violado o seu espaço aéreo. Após o ataque, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ato era uma "punhalada pelas costas".

Relação estava amistosa

Até o atentado desta segunda-feira, a tensão entre os países estava sob controle para os órgãos internacionais de segurança.
Segundo Cortinhas, a "amizade" entre as nações foi retomada em junho deste ano, após o governo da Turquia ter sofrido uma tentativa de golpe de Estado. "A Rússia se mostrou solidária ao presidente turco Recep Tayyip Erdogan", explica o professor.
Com isso, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato terrorista. 
"A Rússia não vai entrar em conflito aberto contra a Turquia nem deve romper relações diplomáticas", diz o professor de Relações Internacionais da USP, Feliciano Sá Guimarães.
De acordo com Guimarães, a preocupação principal do governo russo é ampliar o domínio do presidente sírio Bashar al-Assad sobre o território do país. Putin deverá manter seus esforços bélicos direcionados a esse propósito. 
Ambos os professores também dizem que o acordo para a retirada de civis de Aleppo deverá ser mantido. 

Histórico do conflito na Síria

O conflito armado que começou com protestos contra o presidente Basha al-Assad que cresceram até dar origem a uma guerra civil total. Mais de 11 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas, em meio à batalha entre forças leais ao governo e oposicionistas - e também sob a ameaça de militantes radicais do Estado Islâmico.
 
Os protestos pró-democracia começaram em março de 2011, na cidade de Daraa, após a prisão e tortura de adolescentes que haviam pintado slogans revolucionários no muro de uma escola. Forças de segurança mataram os manifestantes, o que alimentou a insurgência por todo o país - em julho daquele ano, centenas de milhares tomavam as ruas.
 
A violência se intensificou e o país entrou em guerra civil quando brigadas rebeldes foram formadas para enfrentar forças do governo pelo controle de cidades e vilas. A batalha chegou à capital, Damasco, e a Aleppo, segunda cidade do país, em 2012.
 
O conflito hoje é mais do que uma disputa entre grupos pró e anti-al-Assad. Adquiriu contornos sectários, jogando a maioria sunita contra o ramo xiita alauita de al-Assad. E o avanço do EI deu uma nova dimensão à guerra.
 
O EI se aproveitou do caos e tomou controle de grandes áreas na Síria e no Iraque, onde proclamou a criação de um "califado" em junho de 2014. Seus integrantes estão envolvidos numa "guerra dentro da guerra" na Síria, enfrentando rebeldes e rivais jihadistas da Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, bem como o governo e forças curdas.
 
Em setembro de 2014, uma coalizão liderada pelos EUA lançou ataques aéreos na Síria em tentativa de enfraquecer o EI. Mas a coalizão evitou ataques que poderiam beneficiar as forças de Assad. Em 2015, a Rússia iniciou campanha aérea alvejando terroristas na Síria, mas ativistas da oposição dizem que os ataques têm matado civis e rebeldes apoiados pelo Ocidente.
 
Há evidências de que todas as partes cometeram crimes de guerra - como assassinato, tortura, estupro e desaparecimentos forçados. Também foram acusadas de causar sofrimento civil, em bloqueios que impedem fluxo de alimentos e serviços de saúde, como tática de confronto.


fonte:http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/12/19/como-o-atentado-contra-o-chanceler-russo-pode-afetar-a-relacao-entre-russia-e-turquia.htm
foto:http://todasnoticias.com.br/achei-que-era-um-ato-teatral-fotografo-que-registrou-assassinato-de-chanceler-russo-conta-como-foi/

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