Transformar a aposentadoria em recomeço tem se tornado uma opção cada vez mais popular. Em vez de velhos hábitos e paisagens conhecidas, aventuras em novos lugares, prontos para serem explorados.
Atentos ao crescimento e potencial dessa tendência, vários países têm facilitado a concessão de vistos e benefícios para essa importante fatia da população mundial. Um ranking feito há mais de duas décadas, aliás, mostra quais são os melhores locais para quem pretende ter uma nova vida a partir deste ano.
Publicado há 25 anos pela revista americana International Living, o Índice Global de Aposentadoria elegeu os 23 melhores países para quem planeja viver no exterior após "pendurar as chuteiras".
A primeira posição ficou com o Panamá, que alcançou uma nota de 93.5 numa escala que vai de 0 a 100. Equador (92.4), México (89.3), Costa Rica (88.4), Malásia (87.8), Colômbia (87.7), Tailândia (84.8), Nicarágua (84.2), Espanha (83.6) e Portugal (82.9) completam o Top 10.
O ranking é montado por uma rede de correspondentes e colaboradores da revista espalhados pelo mundo, levando em consideração uma série de características que vão tornar a vida do aposentado mais agradável no novo país.
Para a elaboração da lista de 2016, foram considerados 10 critérios: Valor de imóveis para compra ou aluguel, benefícios fiscais e descontos para aposentados, vistos de residência, custo de vida, facilidade de adaptação, entretenimento para aposentados, sistema de saúde, estilo de vida saudável, infraestrutura e clima.
"Esse ranking é o melhor recurso para ajudar alguém a encontrar o seu paraíso ideal para curtir a aposentadoria", afirma Jennifer Stevens, diretora executiva da "International Living".
Vistos e impostos
Uma das estratégias mais populares para atrair aposentados é a criação de categorias especiais de vistos – com burocracia menor que a de um processo convencional – e a redução de impostos.
Primeiro colocado no ranking publicado na última semana, o Panamá oferece um visto permanente a aposentados, que ainda garante diversos tipos de descontos em bens e produtos.
Outros países latino-americanos, como Costa Rica e México, também fornecem vistos de longa duração com pouca burocracia, geralmente exigindo apenas a comprovação de que o estrangeiro recebe pensão em seu país de origem.
Segundo lugar geral e país sul-americano mais bem colocado na lista daInternational Living, o Equador se destaca pelos benefícios fiscais que concede aos aposentados.
"Como cidadão sênior você pode ser reembolsado em até US$ 204 (cerca de R$ 822) por mês só com impostos que estão incluídos em produtos, e ainda possui planos especiais em bancos e supermercados, por exemplo", explica Edd Staton, correspondente da revista.
Portugal atrai brasileiros
Na 10ª colocação, Portugal se tornou nos últimos anos um local atrativo para os aposentados brasileiros. A facilidade do idioma e as proximidades culturais estão entre os fatores que despertam interesse, mas os incentivos fiscais também não podem ser descartados.
Há cerca de três anos, o governo luso criou o programa de Residente Não Habitual (RNH), que garante aos aposentados estrangeiros a isenção de impostos por 10 anos no país europeu.
Para receber o benefício, é preciso alugar ou comprar um imóvel e residir por pelo menos 180 dias por ano em Portugal. Também é necessário que o solicitante não tenha residido em território português nos cinco anos anteriores ao pedido.
Portugal também tem um visto de residência especial para aposentados, que pode ser solicitado em seus consulados no Brasil.
Para que o pedido seja aprovado, é necessária uma renda mensal comprovada de ao menos um salário mínimo português, que em 2016 subiu para 530 euros (R$ 2,3 mil). Para casais, deve ser acrescido o valor de meio salário – 795 euros (R$ 3,4 mil).
Na lista elaborada pela International Living, Portugal se destacou nos critérios infraestrutura, clima, estilo de vida saudável e sistema de saúde.
Apesar de o país fazer parte da zona do euro, o custo de vida também foi bem avaliado, mas pode desencorajar os brasileiros por causa da atual baixa cotação atual do real em comparação com outras moedas.
Moeda fraca
A desvalorização do real em relação ao euro foi o que forçou o engenheiro mecânico brasileiro Paulo Lima, de 68 anos, a adiar o sonho de aproveitar a aposentadoria em Portugal, depois de anos planejando a mudança.
"A cotação atual do euro a R$ 4,3 e a previsão de que pode ultrapassar os R$ 5 ao final de 2016 inviabilizam minha mudança por agora, especialmente porque ainda teria de pagar imposto para transferir o dinheiro todos os meses para uma conta portuguesa", conta Lima à BBC Brasil.
Para o engenheiro aposentado, que vive em Vitória (ES) e pretende se mudar com a esposa e uma filha, a perspectiva de uma rotina mais segura e com mais atrações culturais justifica o desejo de atravessar o Atlântico.
"Imagino que ser aposentado na Europa permite uma melhor qualidade de vida, principalmente no aspecto segurança e cultural. Esses são os motivos que mais me incentivam a iniciar uma nova vida fora do Brasil", explica.
O Índice Global de Aposentadoria oferece uma solução alternativa aos aposentados brasileiros que não estão dispostos a encarar a disparidade atual com o euro, mas querem experimentar a experiência de morar em outro país.
Quatro países sul-americanos estão entre os 23 do ranking da International Living. Além de Equador e Colômbia, que figuram no Top 10, estão presentes Peru e Uruguai, 15º e 18º colocados, respectivamente.
Segundo a avaliação da revista americana, os países vizinhos do Brasil têm como principais atrativos custo, clima, infraestrutura e estilo de vida saudável.
Além de serem mais baratos e da proximidade geográfica, esses quatro países fazem parte do Acordo sobre Residência do Mercosul, que garante o direito de moradia e de trabalho aos cidadãos brasileiros sem a necessidade de passar por processos burocráticos e dispendiosos.
Reportagem de Mamede Filho
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160104_aposentados_paises_mf#orb-banner
foto:http://www.mundotkm.com/us/ciencia/70813/un-estudio-afirma-que-la-felicididad-esta-en-viajar-y-no-en-comprar
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