Objetivo do MemoRef, criado dentro da Unifesp, é integrar culturas com encontros semanais e gratuitos: 'vamos ensinar o que é feijoada também'.
“Nós vamos ensinar português, mas vamos ensinar o que é coxinha e feijoada também”. É assim que Ingrid Candido, uma das criadoras do Memorial Digital do Refugiado (MemoRef), define as aulas do projeto, que começaram na semana passada.
Criado por seis alunos da graduação do curso de letras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o MemoRef tem o intuito de dar assistência a refugiados recém-chegados ao Brasil por meio de aulas de português e atividades culturais para promover a integração à comunidade. O projeto também pretende criar um banco de dados a partir dos resultado das experiências para futuros estudos acadêmicos.
O programa MemoRef surgiu de uma iniciativa da estudante Marina Reinoldes, que já dava aulas de língua para refugiados na ONG Oásis Solidário e estava a par da situação dos estrangeiros no Brasil. Na ONG, ela se deu conta de que era necessário abrir mais turmas, pois as existentes não davam conta de todos os alunos. Por conta disso, levou a ideia para o âmbito universitário: foi assim que surgiu o MemoRef, projeto do qual é coordenadora, junto com as também idealizadoras Beatriz Silva Rocha e Ingrid Candido.
"Não é uma caridade, não estamos fazendo isso porque temos dó de alguém. Vimos um problema e decidimos intervir”, diz Ingrid.
Para colocar o MemoRef em prática, o grupo contou com o apoio da direção acadêmica da Unifesp, da rede Cáritas Brasileira — entidade de auxílio a refugiados — e com o financiamento do Prêmio Procultura Estudantil Unifesp 2015, prêmio anual que seleciona os melhores projetos e atividades culturais que reflitam sobre o espaço universitário como fonte de cultura. O dinheiro do prêmio também permitiu ao grupo desenvolver um livro didático, Recomeçar: língua e cultura brasileira para refugiados, que foi presentado a cada um dos alunos na primeira aula.
Refúgio no Brasil
De acordo com dados de 2014 do Conare (Comitê Nacional de Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, existem 7.289 refugiados de 81 nacionalidades diferentes no Brasil e foram feitas 8.302 solicitações de refúgio no período.
Para ter o pedido aceito, os estrangeiros devem esperar o atendimento da Polícia Federal, que costuma demorar meses. A partir de então, recebem uma carteira de trabalho provisória e precisam buscar um emprego sabendo falar muito pouco ou nada de português.
Cientes dessa situação, as alunas da Unifesp acreditam que é necessário humanizar os refugiados, enxergá-los além dos números. "É importante perceber que são seres humanos que precisam do nosso apoio para sobreviver", ressaltou Marina.
Após a primeira aula do MemoRef, o sentimento das idealizadoras é de gratidão. “Hoje, oficialmente, o projeto saiu do papel. Pegamos o livro, o papel, a caneta e, mais uma vez, todo o nosso amor. Entramos na sala e recebemos nossos guerreiros e guerreiras. A gratidão deles é a maior recompensa que temos. O resto é dispensável.”, finalizou.
Reportagem de Camila Alvarenga
fonte:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/41529/projeto+de+estudantes+de+letras+da+aulas+de+portugues+para+refugiados+em+sp.shtml
foto:acervo MemoRef
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