A violência urbana que amedronta o brasileiro e o aprisiona dentro de casa não é um triste privilégio do Brasil. A violência se alastra pelo nosso continente fazendo mais vítimas a cada dia. Um celular, um tablet, um veículo, roupas, qualquer objeto material, insignificante ou não do ponto de vista do seu valor, é motivador de roubos e assassinatos. Somos intimidados, acossados, violados no nosso direito de ir e vir e de manter nossos bens adquiridos com o trabalho. O sistema prisional está falido, transformado em escolas de aperfeiçoamento da criminalidade e meros depósitos de indivíduos. Quem deveria garantir a nossa proteção se omite. Não há empenho suficiente, não há um comprometimento no sentido de deter a escalada da violência que já atinge índices absolutamente insuportáveis. Até quando? Recentemente uma amiga brasileira teve todos os seus pertences roubados dentro do Hotel Ultra em Buenos Aires onde tinha acabado de se hospedar. Além da perda material e do choque emocional ainda teve que enfrentar a indiferença e o descaso dos comissários de polícia que não só não deram importância ao fato como duvidaram da sua versão para o ocorrido. Tenho uma ligação muito forte com a Argentina, porque além de ser o país onde faço meu segundo doutorado, é também um lugar onde fiz grandes amigos e aprendi a amar e admirar. Tudo isso me deixa ainda mais triste e revoltada com a situação de abandono da população e que se repete em outros países da América Latina. Até quando teremos que viver assim? Até quando o poder público vai se omitir? A população não aguenta mais viver acuada, sair de casa sem saber se vai voltar, teme pela vida de seus familiares. Até quando?
Dra. Tânia Mota de Oliveira
imagem:http://noticias.band.uol.com.br/cidades/rs/noticia/100000726020/Band-faz-dia-%E2%80%9CD%E2%80%9D-da-campanha-Chega-de-Violencia---.html
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