Publicada no último 27 de março, a pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre a visão dos brasileiros diante do estupro estava errada. O Instituto reconhece em nota que trocou os gráficos relativos aos percentuais de duas respostas, falha esta que o levou a concluir que 65% dos 3.810 entrevistados acreditavam que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. A afirmação acendeu uma polêmica, ainda em chamas, na mídia e nas redes sociais, e campanhas de protesto contra o estupro, como a de #eunaomerecoserestuprada da jornalista Nana Queiroz.
O diretor da área social do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, pediu a sua exoneração assim que o erro foi detectado.
O erro é resultado da troca de dois gráficos com as respostas a duas perguntas feitas durante a pesquisa, cuja metodologia já havia sido criticada. “Corrigida a troca, constata-se que a concordância parcial ou total foi bem maior com a frase “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar (65%), e bem menor com “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas (26%)”, explica a nota.
A primeira versão dos resultados havia sido recebida com estupor por uma parte da sociedade brasileira. Outra parcela mostrava sua cumplicidade com a frase nas redes sociais, e trouxe à tona o debate do machismo no país. Até a presidenta Dilma Rousseff se manifestou em apoio à campanha #eunaomerecoserestuprada no Twitter.
Ao corrigir os dados, a afirmação mais polêmica das 41 apresentadas na pesquisa perde seguidores. Contudo, alerta o IPEA, “os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. As conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos”.
Reportagem de María Martín
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/04/sociedad/1396641232_381697.html
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