" Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo. Que tal mudarmos o mundo começando por nós mesmos?" Martin Luther King
28/02/2014
Brutalidade, emoções contidas e medo de ser livre
Artigo de Kátia Marko, jornalista e terapeuta bioenergética.
Somos todos violentos. Podemos não reconhecer isso. Acreditamos não ser violentos porque não matamos, roubamos, batemos ou quebramos. Mas se olharmos com mais atenção, vamos perceber que a violência passiva, ou seja, de natureza emocional, faz parte do nosso dia a dia. E é ela que alimenta a fornalha da violência física. Atitudes egocêntricas, egoístas, manipuladoras, maliciosas, gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e agressivas, muitas vezes, ferem e deixam marcas mais profundas.
É comum ouvirmos as pessoas dizerem: “Este é um mundo cruel, e, se a gente quer sobreviver, também tem de ser cruel”. Então, vamos continuar a educar para o ódio. Para afastar e, quem sabe, eliminar os que são “diferentes”. Sim, é isso que estamos fazendo. Estamos todos esperando que os outros mudem primeiro. Tudo que fazemos é condicionado por motivações egoístas: “Que vantagem eu levo nisso?”. Claro que eu sei que muitas pessoas estão buscando outros caminhos, mas de alguma forma estamos sendo coniventes com essa visão que ganha força no mundo. O conservadorismo está vencendo. Por que temos medo de avançar na garantia dos direitos humanos? Podemos pensar em vários motivos, políticos, sociais, econômicos, culturais, mas quero entrar mais profundamente na esfera emocional, na forma como lidamos com nossos sentimentos, principalmente, a raiva, desde a infância.
Num seminário em sua casa, em 1945, Wilhelm Reich declarou que a personalidade neurótica só se desenvolve quando a capacidade de uma criança de expressar raiva por um insulto à sua personalidade é bloqueada. Ele ressaltou que, quando o ato de ir em busca do prazer é frustrado, ocorre uma retração do impulso, criando uma perda de integridade no corpo. Essa integridade pode ser restaurada apenas através da mobilização da energia agressiva e sua expressão como raiva. Isso restabeleceria os limites naturais do organismo e sua capacidade de ir em busca do novo.
O médico Alexander Lowen, discípulo de Reich e autor da Terapia Bioenergética, afirma que se um indivíduo é incapaz de ficar com raiva, torna-se trancado numa posição de medo. Segundo ele, as duas emoções são antitéticas: quando se está com raiva, não se está com medo, e vice-versa. “Quando uma pessoa é muito medrosa, pode-se presumir que tem em sua personalidade um potencial equivalente de raiva reprimida. Expressar a raiva alivia o medo, assim como chorar alivia a tristeza. Na maioria dos casos, o medo é igualmente negado e reprimido, com isso a pessoa fica imobilizada ou morta.”
No livro Alegria, a entrega ao corpo e à vida, Lowen faz uma distinção entre raiva, ira e fúria. Na sua visão, a raiva é uma emoção restauradora ou protetora. Já a ira é uma ação destrutiva. Tem a intenção de machucar, de realmente quebrar alguém ou alguma coisa. Também é cega, e o ataque geralmente é contra uma pessoa ou criança inocente, impotente. A ira também é explosiva, o que significa que não pode ser controlada depois de irromper. Pode-se conter a raiva, mas não a ira. “A ira se desenvolve quando uma pessoa sente que seu poder foi contrariado ou frustrado. Uma criança que resiste insistentemente à ordem de um genitor pode lança-lo numa ira, cuja intenção é quebrar a resistência do filho, obrigando-o a submeter-se. Quando uma criança não faz o que o genitor manda, confronta-o com seu próprio sentimento de impotência, decorrente do fato de ter sido obrigado a submeter-se quando era criança, e foi incapaz de expressar sua própria raiva por medo. Essa raiva reprimida agora torna-se ira e é projetada sobre outra pessoa de quem ele não sente medo”, explica.
Uma raiva mais intensa do que a ira, é a fúria. “Estou furioso” expressa um sentimento de raiva extremo, simbolizado pelo furacão ou tornado, que destrói tudo em seu caminho. Como defesa contra a atuação de um impulso assassino, vem uma reação catatônica. “Essa qualidade congelada é o lado físico do ódio e só pode ser transformado pelo calor, especificamente, o calor da raiva. A ira, em oposição à raiva, é fria. Um indivíduo pode sentir o calor de sua raiva subir à sua cabeça à medida que a excitação move-se para cima. Ele vai ficar de cabeça quente devido ao aumento de sangue em sua cabeça, o que também pode fazê-lo literalmente ‘enxergar vermelho’. A raiva é uma força de vida positiva que tem fortes propriedades curativas. Em uma ocasião, quando havia vivenciado essa raiva, ela melhorou uma dor ciática que me incomodava a meses”, relata Lowen.
A forma como a sociedade lida com a raiva é muito contraditória. O ódio é alimentado, mas a raiva é reprimida, pois é moralmente errada. A maioria dos pais reprime energicamente um filho com raiva. Lowen acredita que isso é o mais lastimável, pois a criança que tem medo de expressar sua raiva dos pais torna-se um adulto frustrado. A raiva reprimida não desaparece. As crianças processarão o impulso proibido contra crianças menores, machucando-as deliberadamente. Ou, quando essa criança tornasse adulta, ela atuará contra seus próprios filhos, que são indefesos. “Pode-se pensar que punir uma criança por sua expressão de raiva seja uma maneira de ensiná-la a comportar-se socialmente, mas o efeito disso é anular o espírito da criança e torná-la submissa à autoridade. A criança de fato precisa aprender os códigos de comportamento social, mas isso deve ser feito de tal modo que a sua personalidade não seja prejudicada. As crianças cuja capacidade de expressar raiva não á abalada não se tornam adultos enraivecidos. Sua raiva geralmente é apropriada à situação, pois não é abastecida por conflitos não resolvidos e injúrias do passado.”
Lowen acredita que pesa sobre as pessoas esquentadas ou que perdem as estribeiras uma grande soma de raiva reprimida que está próxima da superfície e, portanto, é facilmente provocada. A raiva descarregada através da provocação pouco adianta para resolver o conflito subjacente, que é o medo de expressar os próprios sentimentos assassinos contra o genitor ou figura de autoridade que feriu a integridade da criança. Esse conflito é conservado e guardado na tensão do alto das costas e dos ombros, e só pode ser resolvido quando a raiva for direcionada contra a pessoa responsável pelo trauma. Contudo, ela não é dirigida contra essa pessoa, pois a injúria é antiga. O local apropriado para essa descarga é a situação terapêutica.
“A raiva, embora relacionada com o passado, decorre diretamente da existência de tensões musculares crônicas que prendem o organismo, reduzindo sua liberdade de movimento. A raiva é a reação natural à perda de liberdade. Isso significa que qualquer tensão muscular crônica no corpo está associada à raiva. É evidente que, se a pessoa não sente a tensão, não percebe raiva nenhuma. Interpreta as limitações de movimento e a perda de liberdade como normais, assim como um escravo poderia reconhecer a condição de sua escravidão sem raiva, posto que admitiu sua perda de liberdade.”
Somente quando recuperarmos a liberdade e a graça do nosso corpo, poderemos amar verdadeiramente e, aí sim, quem sabe, transformar o mundo. Mas, pra isso, é preciso parar de nos entorpecermos com remédios, alimentos cancerígenos, virtualidades e negação de nossas emoções, entre outras drogas. Quando assisti Blade Runner, de Ridley Scott, ainda na década de 1980, fiquei impressionada com a projeção sombria de uma sociedade dominada por uma minoria high-tech que relega à lata de lixo da história o restante da população. Será que assim caminha a humanidade ou ainda há tempo de nos resgatarmos e projetarmos comunitariamente o futuro?
fonte:http://outraspalavras.net/destaques/brutalidade-emocoes-contidas-e-medo-de-ser-livre/
foto:http://www.iesaltaaxarquia.es/?p=520
Brasil é um dos países da América Latina que menos investem
Entre 30 nações, o país ocupa o 23º lugar em taxa de investimento, atrás de Nicarágua, Jamaica e Bolívia.
Apesar de uma ligeira melhora no ano passado, a taxa de investimento no Brasil ainda preocupa, permanecendo entre as menores da América Latina e do Caribe. A relação entre a medida que reflete o uso de capital em meios de produção e a soma de todas as riquezas produzidas no país serve como um instrumento crucial para as ambições de um crescimento sustentável no longo prazo.
O indicador ficou em 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem. O resultado superou os 18,2% registrados no ano anterior. O investimento em si, medido como a formação bruta de capital fixo, foi celebrado pelo Governo, uma vez que houve uma recuperação no ano passado, de 6,3%, depois da queda de 4% em 2012.
Porém, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), entre os 30 países da região da América Latina e o Caribe analisados –Haiti e Suriname não fazem parte da amostra–, a taxa de investimento brasileira ficaria em 23º lugar, à frente apenas de Barbados, Dominica, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Paraguai e Trinidad e Tobago. Os números se referem ao levantamento com estimativas do órgão para o ano de 2013. Os países da Aliança do Pacífico, por exemplo, apresentam taxas de investimento acima de 20%: no México é de 24,1%, no Chile, 25,6%, no Peru, 27,8% e na Colômbia, 23,7%.
Na comparação com outros emergentes, o desempenho do Brasil também não é diferente. Fica atrás de Rússia (25,3%), Índia (35%), China (48,8%).
Na apresentação dos resultados da economia brasileira em 2013, nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que a trajetória da taxa de investimento em relação ao PIB tende a aumentar nos próximos anos. “Até 2020 devemos chegar a 24%”, disse. Essa, porém, era a mesma projeção feita pela equipe da presidenta Dilma Rousseff para este ano, em seu primeiro ano de Governo. Ou seja, o plano era que em 2014 a taxa de investimento estivesse em 24% do PIB.
Mantega apontou que as concessões em infraestrutura feitas em 2012 e 2013 – aeroportos e rodovias, principalmente – devem estimular o investimento neste ano. Vagner Alves, economista da Franklin Templeton, porém, acredita que os efeitos desses projetos só devem aparecer em 2015 ou 2016 e que o cenário para 2014 não é nada promissor para que as empresas invistam. “Os juros mais altos devem afetar a taxa de investimento”, diz ele.
Ontem o Banco Central subiu, uma vez mais, a taxa de juros, que passou de 10,25% para 10,75%. Esta é a sétima alta consecutiva, desde abril do ano passado. A alta era esperada, em função da volatilidade da economia internacional e da necessidade de manter a inflação sob controle. O aumento deve encarecer também o crédito, o que desestimula o consumo.
A indústria já vinha sentindo um consumidor mais retraído desde o ano passado e por isso não se ilude com 2014. “Esperamos um empate dos resultados”, diz Armando Valle, vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos que faturou 9,3 bilhões de reais no ano passado, com lucro antes dos impostos de 1 bilhão de reais, em linha com o resultado de 2012. “Não foi um ano exuberante, mas também não foi desastroso”, diz. As vendas de linha branca foram uma das mais beneficiadas pela expansão do crédito dos últimos anos e vinham crescendo a taxas de dois dígitos. No ano passado, porém, viveram queda de 4%.
Os números do PIB divulgados nesta quinta-feira mostram que o consumo das famílias está crescendo menos, o que acaba por desestimular as empresas a empreender grandes projetos de investimentos. “O ideal seria se chegássemos a uma taxa de 25% do PIB, mas o nosso pico foi em 2010, quando atingimos uma taxa de investimento de 19,5%”, diz Sérgio Vale, da MB Associados. Na comparação trimestre com trimestre anterior de 2013, os investimentos do país cresceram mais no primeiro semestre: de 3,9% no primeiro trimestre, e 3,6% no segundo. Já no terceiro trimestre, ela caiu 2% e subiu 0,3% no quarto trimestre.
Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirma que o país só terá um crescimento sustentável se a taxa de investimento brasileira chegar, pelo menos, a 23%, assim como a de poupança.
Mas, além da conjuntura pessimista, outras razões estruturais desestimulam as empresas a injetar capital em novos projetos no país. A burocracia é um entrave constante, assim como a falta de financiamento barato. Nem todas conseguem acessar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece crédito a taxas competitivas.
O economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, aponta dois grandes desafios do investimento no país. O primeiro reúne os custos de produção (mão de obra, infraestrutura, carga tributária), e o segundo, questões conjunturais, como o cenário internacional e os próprios "ruídos em relação às regras da economia nacionais". Padovani, entretanto, é otimista quanto ao futuro. “Vejo um ambiente global mais saudável e que estamos criando as condições para a redução dos custos por aqui, incluindo mais aportes em infraestrutura”, resume.
Reportagem de Carla Jiménez, Felipe Vanini e Frederico Rosas
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/27/economia/1393531604_642848.html
foto:http://toupeirasdobrasil.blogspot.com.br/2012/06/corrupcao-acelerou-o-pac.html
Polícia brasileira mata cinco pessoas a cada dia
A cada dia, cinco pessoas são assassinadas pela polícia brasileira. O número, que se refere ao ano de 2012, é 4,6 vezes superior ao dos Estados Unidos. Naquele ano, 1.890 pessoas foram assassinadas no Brasil e 410 nos EUA. As informações foram levantadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma ONG que anualmente compila os dados estaduais e traça um perfil da violência pelas 27 Unidades da Federação.
Apesar dos dados serem um tanto antigos, o ano de 2013 parece que não deve apresentar uma melhora tão significativa no cenário nacional. Uma breve análise sob as informações disponíveis em três dos cinco Estados mais populosos do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) mostra que a retração não foi tão grande no ano passado.
As informações disponibilizadas pelas secretarias de Segurança Pública desses três Estados mostram que seus policiais matam, juntos, duas pessoas em média por dia. Esses dados que se referem a supostos confrontos entre criminosos e policiais, mas ele ainda está distante da realidade. Isso porque algumas investigações ainda estão em andamento, como o do caso de um jovem em Limeira (interior de São Paulo) que foi encontrado morto após ter sido preso, algemado e colocado dentro de um carro da PM. Esse óbito não entrou para a estatística de mortos por policiais.
Em São Paulo, o Estado mais populoso do Brasil, apresentou uma diminuição das mortes cometidas por policiais militares. O ano passado registrou a menor letalidade da PM em 15 anos. Ainda assim, a polícia local responde por 7,5% de todos os assassinatos do Estado. No Rio, esse índice é de 8,7% e no Rio Grande do Sul, de 3,1%.
Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, José Vicente Tavares dos Santos, esse índice ainda é alto porque a cultura policial é de que esse agente de segurança precisa ser um herói. Autor de estudos que analisam o treinamento policial, Santos é categórico em afirmar que é necessário mudar o ensino desses profissionais, caso contrário, a letalidade policial não se reduzirá tão cedo.
“Em todas as academias de polícia em que estive pude perceber que o policial é preparado para atirar no coração do agressor. Não há uma preocupação de trabalhar o tiro defensivo ou de não usar armas letais como há na Inglaterra, por exemplo”, afirmou o especialista.
Tânia Pinc, doutora em ciência política e major da reserva da PM, vai mais ou menos na mesma linha e diz que o problema da letalidade policial é exatamente a falta de treinamento. Ainda assim, segundo ela, é preciso analisar cada caso de morte provocada por um policial. “Temos a tendência de tratar a letalidade como uma ilegalidade. Nem todos os resultados letais são intencionais. Eles estão relacionados à falta de preparo. A maioria dos policiais não quer matar, mas, sob forte stress ele acaba usando a arma de fogo e matando. Ao invés de ser um instrumento de proteção da sociedade a arma acaba se tornando um objeto de defesa pessoal ”, avaliou a especialista que foi oficial na polícia por 25 anos.
A cultura do heroísmo citada pelo sociólogo Santos não está apenas dentro da polícia. No Judiciário ainda é possível encontrar incentivadores dessa violência. Em setembro de 2011, por exemplo, uma reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que um promotor reclamava que um dos policiais conseguiu matar só um dos criminosos que atirou contra ele. Dizia o promotor: "Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer. Lamento, todavia, que tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno. Fica aqui o conselho para [o policial] Marcos Antônio: melhore sua mira..."
Ainda hoje, a maneira mais comum de se medir a violência policial é analisar quantas pessoas foram mortas pelos agentes. Isso porque ainda não é possível aferir quantas foram vítimas de agressões gratuitas, como o motorista que foi parado porque passou na frente de uma moto de um PM, do jornalista que filmou uma abordagem e questionou a ação, da mulher que brigou porque um conhecido seu estava sendo preso e por aí vai. Basta fazer uma breve pesquisa na internet para encontrar dezenas de exemplos de atitudes incomuns de policiais.
Esses casos são classificados pela cientista política Pinc como “ações abusivas invisíveis”. “Para se combater isso seria preciso ter um maior controle do policial. As denúncias feitas sobre esses abusos deveriam ser isentas e quem tiver a culpa ser punido. Mas, infelizmente, ainda temos poucos casos de punições, o que desestimula a denúncia e faz com que os casos continuem acontecendo” , ponderou.
A preocupação dos especialistas é que essa agressividade extrapole para momentos em que ela não é nem um pouco necessária como para conter manifestantes que não estão cometendo nenhum delito, como ocorreu nos últimos protestos contra a Copa do Mundo na capital paulista. “Temos que aproveitar esse momento de comoção social, essa série de protestos para rediscutir nossa polícia. O ideal é acabar com a PM? Eu acho que não. Deveríamos democratizá-la e reduzir algumas regras internas que são prejudiciais a ela”, disse o professor Santos.
Policiais vítimas
Algo que não dá para negar é que, ao mesmo tempo em que são autores de homicídios (ainda que em confrontos) os policiais têm sido vítimas em várias ocasiões. Em 2012, ao menos uma centena de policiais militares da ativa e aposentados foram assassinados em São Paulo em uma onda de violência que foi tratada como uma reação do crime organizado contra o fechamento de pontos de venda de drogas. Desde então, a tensão na tropa cresceu.
Em um dos artigos publicados no“Anuário Brasileiro de Segurança Pública” , as pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz Edinilsa de Souza e Maria Cecília Minayo reforçam que “enquanto a sociedade reclama da letalidade produzida por eles contra a população, os policiais também estão morrendo violentamente em elevadas proporções”. No ano de 2012, por exemplo, 23 das 27 Unidades da Federação informaram que tiveram policiais assassinados durante o serviço ou nos horários de sua folga.
Para essas duas pesquisadoras, há diversas razões para que eles sejam vítimas de homicídio. Eis algumas delas : a negação do perigo por considerar que medo, ansiedade e choro são manifestações de fraqueza e devem ser reprimidas, além do sentimento de urgência da vida, como se houvesse sobre eles uma "sentença de morte” antecipada.
De fato, ao acompanhar uma recente abordagem policial de um homem na região central de São Paulo, a reportagem do EL PAÍS questionou por qual razão o PM havia sido tão agressivo ao abordar um cidadão que, sem querer, passou o carro na frente da moto do agente. A resposta do PM: “Você tem de entender meu mundo. A todo momento eu acho que vou morrer. Não posso falar um ‘por favor’ ou um ‘muito obrigado’ para uma pessoa que pode estar querendo me matar. Primeiro sou duro. Depois relaxo”.
Ao que parece, o que ainda prevalece é aquela velha tese reproduzida nos filmes de bang-bang: atira primeiro, pergunta depois.
Reportagem Afonso Benites
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/27/politica/1393533362_626474.html
foto:http://blogucsal52.blogspot.com.br/2013/05/a-criminalidade-e-violencia-urbana.html
Condenados no mensalão não formaram quadrilha, decide STF
A maioria do Supremo Tribunal Federal decidiu que oito condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão, não cometeram crime de formação de quadrilha. Com o placar de seis votos a cinco, o entendimento que prevaleceu na sessão de ontem (27/2) foi de que os envolvidos não se reuniram para a prática de crime — condição para que a formação de quadrilha fosse caracterizada.
Os ministros Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Teori Zavascki e Rosa Weber votaram pela absolvição do crime de quadrilha e, portanto, pelo provimento dos Embargos Infringentes. Vencidos, então, os ministros Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello votaram pela condenação dos réus.
Na prática, o entendimento diminui a pena estabelecida pelo Plenário no julgamento do caso e permite que fiquem de fora do regime fechado o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, cujas condenações transitadas em julgado somam menos de oito anos de prisão.
Também foi descartada a imputação de crime de quadrilha ao publicitário Marcos Valério e a seus ex-sócios, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, além dos ex-dirigentes do Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado. Todos já estão no regime fechado, mas a defesa conseguiu diminuir a pena fixada. O ex-presidente do PT José Genoino, também beneficiado, já havia sido condenado ao regime semiaberto.
Argumentos
Segundo Fux (foto), relator dos infringentes, a formação de quadrilha existe mesmo se os envolvidos se reuniram a princípio para fins legais. Para ele, os condenados associaram-se em um “projeto deliquencial” e sabiam da divisão de tarefas dos demais integrantes para manipular o Legislativo.
O ministro Teori Zavascki foi o primeiro a ler o voto nesta quinta-feira (27/2). Ele apontou a diferença entre formação de quadrilha e cooperação para o crime e decidiu que, no processo do mensalão, houve reunião de pessoas para práticas criminosas. "Um crime cometido por três ou cinco pessoas não significa que tenha sido cometido em quadrilha", disse o ministro. Ele votou pela absolvição dos réus.
Em seguida, e com o mesmo entendimento de Zavascki, a ministra Rosa Weber disse que continuava convencida de que não houve crime de formação de quadrilha. Segundo ela, formação de quadrilha requer que a união de pessoas se faça para a prática de crime. Ela aceitou os recursos pela absolvição dos réus pelo crime de formação de quadrilha por atipicidade de conduta. A partir daqui, mesmo faltando os votos de três ministros, a maioria no STF já havia decidido pela derrubada do crime de quadrilha.
"Chega de ironia e de blasfêmia", disse o ministro Gilmar Mendes ao votar com a certeza de que houve o crime de formação de quadrilha. Para ele, a gravidade dos fatos atenta contra a paz pública, por isso as penas deveriam servir para retribuir o mal causado e impedir a prática de novos crimes. O ministro afirmou ainda que o Brasil saiu "fortalecido" do julgamento do mensalão.
Durante o voto, Gilmar Mendes comparou o caso do mensalão ao do deputado federal Natan Donadon, condenado à prisão pela prática dos crimes de formação de quadrilha e peculado em 2013 na Ação Penal 396 e que teve o seu mandado cassado pela Câmara. "Certamente seríamos forçados a conceder Habeas Corpus de ofício ou levar ao Juizado de Pequenas Causas", ironizou.
Logo em seguida, o ministro Marco Aurélio afirmou que houve formação de quadrilha, mas votou pela diminuição da pena. Ele fundamentou o voto no sentido de que houve a "permanência, estabilidade e entrosamento” quanto à prática do crime.
Marco Aurélio criticou a atual composição da corte que, segundo ele, fez “do dito pelo não dito”, já que, na primeira fase do julgamento — com os ministros Ayres Britto e Cezar Peluso —, os réus foram condenados por formação de quadrilha. E agora, com os ministros Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki, a decisão da maioria levou à absolvição do crime.
No mesmo sentido, Celso de Mello votou pela condenação dos réus por formação de quadrilha — crime que, segundo ele, por sua simples existência, constitui "agressão permanente contra a sociedade civil". O ministro disse que os réus são "delinquentes, agora condenados travestidos então da condição de altos dirigentes governamentais".
Por último, o presidente da corte, ministro Joaquim Barbosa, disse que foi formada uma “maioria de circunstância” para acabar com o julgamento anterior. Segundo ele, o objetivo foi de “reduzir a nada” o trabalho que fora feito. Ele disse que os crimes contra o sistema financeiro nacional de corrupção ativa e passiva e peculato estão provados e documentados. “Como sustentar que isso não configura quadrilha?”, questionou.
Barbosa chamou de “argumentos espantosos” aqueles que entenderam que não houve formação de quadrilha e que se “basearam apenas em cálculos aritméticos e em estatísticas totalmente divorciadas da prova dos autos, da gravidade dos crimes praticados e documentados", afirmou. Em relação ao “entendimento implícito" dos ministros de que para haver a formação de quadrilha os membros devem viver do crime, Barbosa afirmou então que esse tipo penal só poderia ser cometido por "desempregados" ou "marginais".
Embargos Infringentes
Os oito réus tiveram direito aos Embargos Infringentes porque, no julgamento sobre o mérito da AP 470, haviam conseguido ao menos quatro votos a favor da absolvição especificamente para o crime de quadrilha. A maioria dos advogados seguiu o argumento de que não há provas de quadrilha nos autos e que os clientes se reuniram para atividades lícitas, seja um partido ou uma empresa. Marcelo Leonardo (foto), defensor de Marcos Valério, afirmou que as agências de publicidade DNA e SMP&B desenvolviam trabalhos regulares, com propagandas premiadas.
Ainda está na pauta do STF a análise de Embargos Infringentes que questionam a condenação por lavagem de dinheiro do ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP), do ex-assessor do PP João Cláudio Genu e de Breno Fishberg, ex-sócio da corretora Bônus Banval — que, segundo o Ministério Público Federal, foi usada para a prática de lavagem.
Bate-boca
O julgamento havia começado na quarta-feira (26/2) e a sessão foi encerrada com quatro votos a favor da absolvição e apenas um contrário. Na ocasião, o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, abriu um bate-boca no Plenário após o ministro Luís Roberto Barroso apresentar tese de que o crime de quadrilha já prescreveu.
Reportagem de Livia Scocuglia e Felipe Luchete
fonte:http://www.conjur.com.br/2014-fev-27/condenados-acao-penal-470-nao-formaram-quadrilha-decide-supremo
foto:http://movimentobrasildeverdade.com/jose-dirceu-comandava-nucleo-politico-afirma-relatorio-em-voto-sobre-quadrilha/
27/02/2014
Após anos de queda, economias 'correm' para recuperar produtividade do trabalho
A produtividade é uma medida de eficiência da produção, que calcula a relação entre o que é produzido, os meios empregues (como trabalhadores ou máquinas) e o tempo gasto - e permite a avaliação de quanto cada fator de produção contribui para produzir uma unidade de riqueza na economia.
Neste ano, a produtividade foi colocada no centro da política econômica de alguns países - que costumam dedicar suas atenções a índices de desemprego e de crescimento econômico.
Na Grã-Bretanha, o presidente do Banco da Inglaterra (o banco central britânico), Mark Carney, anunciou no dia 12 que a produtividade passará a ser um dos indicadores a balizar decisões sobre a taxa de juros.
Os juros britânicos estão nos patamares mais baixos da história, na tentativa de reanimar a economia. O governo havia prometido subir os juros no momento em que o desemprego caísse para 7% (o número atual é 7,2%), mas agora a produtividade será um dos fatores determinantes na política monetária britânica.
No México, o governo lançou um programa oficial de cinco anos destinado a aumentar a produtividade dos trabalhadores locais. A intenção do governo é investir em infraestrutura e destravar obstáculos que reduzem a eficiência do processo produtivo.
Nos Estados Unidos e na China, a produtividade do trabalhador também está no centro das preocupações das autoridades. A recém-empossada presidente do Federal Reserve (o Fed, banco central americano), Janet Yellen, disse neste mês que o desafio da economia americana é fazer com que os salários dos trabalhadores acompanhem o aumento da produtividade.
Na China, considerada o "grande motor" da produtividade mundial na última década, a desaceleração do indicador foi considerada um sinal de alerta de que a economia chinesa pode estar em declínio.
Eficiência
A produtividade é importante pois um incremento de produtividade permite que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país cresça sem necessariamente depender de queda no desemprego ou aumento no número de empresas e fábricas.
Dados recentes divulgados pela entidade americana de pesquisas Conference Board mostram que a produtividade do trabalhador caiu pelo terceiro ano seguido em 2013 em todo o mundo. Cada trabalhador produziu 1,8% menos em bens e serviços do que em 2012.
No Brasil, a produtividade também está no centro da preocupação dos economistas. Em setembro do ano passado, o assunto foi tema de uma edição especial de um boletim do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea), do governo federal.
Na avaliação dos economistas, o Brasil possui atualmente uma combinação de baixo desemprego com lento ritmo de aceleração econômica. Assim, uma forma de fazer o país crescer seria melhorando a eficiência dos fatores de produção já existentes - como trabalhadores e empresas.
Os dados da Conference Board mostram que a produtividade do trabalhador brasileiro subiu levemente no ano passado, crescendo 0,8%, depois de ter caído 0,4% no ano anterior e de se manter em uma média histórica baixa.
Os números são fracos se comparados com a produtividade do trabalhador chinês - que subiu 7,1% em 2013 e já atingiu 8,8% no começo da década.
Para o professor David Kupfer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a produtividade tem potencial para ser um tema-chave no debate econômico no Brasil no ano eleitoral, pois não existe sequer um diagnóstico claro de quais são os obstáculos para a produtividade brasileira crescer.
"Fazendo uma analogia, a produtividade é como uma temperatura de um paciente. Você mede e ela pode ser alta ou baixa. Mas ela não tem valor de diagnóstico algum. Ela apenas é um indicação de que alguma coisa está errada e que alguma coisa está fora do lugar, mas só depois disso é que você vai saber o quê."
Para ele, diversos fatores são comumente levantados como causadores de baixa produtividade nos países da América Latina, desde o nível inferior de educação da população ao clima quente (que prejudicaria o desempenho do trabalhador), mas não ainda há um diagnóstico convincente sobre quais fatores afetam o Brasil.
fonte:http://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2014/02/26/apos-anos-de-queda-economias-correm-para-recuperar-produtividade-do-trabalho.htm
foto:http://www.agenciamaestros.com.br/?p=1948
Um novo Marco para a Internet
Lobby bilionário das operadoras de telefonia e bancada do PMDB são os principais entraves para a aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara dos deputados.
Tramitando desde 2009 na Câmara dos Deputados, a votação do projeto do Marco Civil da Internet foi adiada novamente na semana passada. Encarada como prioridade pelo governo federal, o projeto continuará trancando a pauta da Casa até depois do carnaval.
O Marco, uma espécie de “legislação da internet”, reúne pontos centrais como a garantia de liberdade de expressão, proteção de dados do usuário e a neutralidade da rede, e define algumas regras que terão que ser respeitadas por usuários e, principalmente, empresas de telefonia.
Muito elogiado por inúmeros especialistas nacionais e internacionais, o Marco é considerado um passo a frente que dará direitos aos mais de 100 milhões de usuários da rede mundial de computadores no Brasil.
“Ele garante que a internet siga livre e aberta para todos e impede que grandes corporações mudem o papel da internet no Brasil. Ele não é um projeto fechado, foi construído juntamente com setores da sociedade civil para que a web continue gerando novos conteúdos e se reinventando”, explicou o Conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) Sergio Amadeu.
O governo federal colocou urgência no projeto após as denúncias de Edward Snowden de que a Agência Americana de Segurança (NSA) espionava países pelo mundo. O problema foi levantado pela presidenta Dilma Rousseff na abertura de 68ª Conferência Mundial da ONU que defendeu o estabelecimento de um Marco multilateral para a governança e uso da internet entre os países.
Outros projetos de lei já buscavam colocar regras na internet. A “lei Carolina Dieckman” que transformou em crime a invasão de computadores e outros dispositivos eletrônicos é um dos mais famosos.
O mais antigo e polêmico é o projeto de lei nº 84 de 1999 do então senador Eduardo Azeredo (PSDB – MG). Ele obrigava os provedores a guardar dados de internautas e tornava crime o compartilhamento de arquivos pela internet. “O marco vai na contramão do que a Lei Azeredo pregava”, disse Amadeu.
A luta na Câmara
Há pelo menos 15 dias, a votação do projeto, que tranca a pauta da Câmara, está sendo adiada. Os maiores responsáveis pelo impasse são os parlamentares do PMDB, entre eles, o líder do partido na Casa, Eduardo Cunha (RN) e o lobby das empresas de telecomunicações.
“Essa indústria movimenta bilhões de reais e age diretamente no financiamento de várias campanhas. A Dilma pede urgência no pedido de votação, mas o principal articulador dela com o PMDB é o Eduardo Cunha, o maior crítico do projeto. Outro grande opositor é o próprio ministro Paulo Bernardo que recebeu prêmios das empresas como o maior ministro das Comunicações que o Brasil já teve”, analisou Amadeu.
Com um faturamento total de R$ 26 bilhões em 2013, as operadoras de telefonia e internet também figuram entre as campeãs em reclamações no estado de São Paulo de acordo com o Procon. Elas são contra a artigo 9º do projeto que reza que as operadoras de serviço “têm o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados sem distinção por conteúdo, origem, destino, serviço terminal ou aplicativo.”
Pedro Ekman, coordenador do Intervozes, explica melhor o que muda no acesso do usuário com a aprovação do Marco Civil. “São as operadoras, que detêm os cabos de fibra ótica, que nos ligam à internet, e elas não vão poder manipular esse sinal. O acesso gratuito ao Facebook é um caso típico: eles entram num acordo financeiro para que ele não seja tarifado. Mas podem pedagiar o acesso ao Netfl ix ou ao WhattsApp, por exemplo. Com o Marco eles não vão poder administrar a velocidade de acordo com o serviço, vai ser tudo igual”, esclareceu.
A estratégia das operadoras, de acordo com Sergio Amadeu, é vender um discurso que aproxime seus interesses dos mais pobres, o que não é verdade.
“O que estão querendo passar para a opinião pública é que eles usam essa manipulação nas informações para dar desconto em serviços. Eles conseguem um acesso grátis aqui e acolá com algumas empresas e sites. O que eles querem mesmo é transformar a internet em uma espécie de TV à cabo”, explicou.
Liberdade de expressão
A garantia de ampla liberdade de expressão na rede é também pauta da discussão do Marco Civil. Com a sua aprovação, sites que armazenam conteúdos não serão mais responsáveis por publicações de terceiros.
Com isso, sites como o Google, Facebook e Youtube só se tornarão responsáveispor um conteúdo postado neles após a Justiça declarar que eles devem ser retirados do ar.
Blogueiros independentes também são os maiores beneficiados com a medida, de acordo com Amadeu, pois suas postagens permanecerão armazenadas até que haja uma decisão judicial definitiva.
“O marco vai garantir que blogueiros e jornalistas independentes no Brasil sofram a censura privada, ou seja, a censura que os próprios servidores fazem para evitar problemas na justiça. O conteúdo só sai do ar se houver uma decisão judicial”, disse.
Porém, o relator do projeto, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) incorporou um artigo que permite que se retire conteúdo de nudez da rede sem que haja nenhuma decisão judicial. Isso, para Amadeu, abre um precedente perigoso.
“Sei que o artigo foi pensado nas melhores intenções, que é a de defender a privacidade de alguém que é exposto na rede sem que haja consenso. Por outro lado, fundamentalistas poderão denunciar fotos da Marcha das Vadias, por exemplo, que é um evento que luta contra o patriarcado, até elas saírem do ar. O evento pode ser alvo de ações orquestradas de setores da sociedade. OFacebook já retira todo e qualquer conteúdo de nudez sem o menor discernimento”, denuncia.
Segurança e Privacidade
O debate de segurança na internet vem ganhando importância, desde que Edward Snowden tornou público que a NSA viola a privacidade de milhões de pessoas e países pelo mundo.
Um ponto nebuloso no texto atual é sobre a questão dos datacenters. No projeto original, operadoras e sites seriam obrigados a armazenarem dados de internautas brasileiros em servidores no Brasil.
Isso, para Pedro Ekman, é ineficaz e não leva em conta o fato da internet ser uma rede global. “Isso não faz muito sentido e criticamos logo de cara. O que você escreve hoje no Twitter ou no Facebook pode ser compartilhado por usuários do mundo todo. É uma ilusão achar que essas informações ficarão só no Brasil”, criticou.
O marco também agirá na proteção dos logs de usuários da internet, que são registros das informações dos sites visitados. Existem dois tipos, os de conexão, que apenas registram a conexão do usuário; e os de aplicações, que registram os sites visitados, palavras pesquisadas entre outras informações.
São os logs de aplicações, por exemplo, que faz com que sites como o Google e oFacebook lhe enviem sugestões de compra ou de páginas de acordo com a sua preferência. O Marco Civil proíbe que as operadoras de acesso armazenem esse tipo de informação.
“Uma coisa que o Marco não conseguiu limitar foi o uso das informações do usuário por sites como o Facebook e o Google, por exemplo, que baseia as informações que te manda pelas suas pesquisas, pelas fotos e páginas que você curte. Mas o Marco proíbe os provedores de armazenar esses dados”, explicou Ekman.
Sobre o armazenamento dos logs de conexão, o artigo 16 aponta que as operadoras são obrigadas fazê-lo por seis meses podendo ser estendido para um ano somente por meio de uma ação judicial. Ekman acredita que essa medida vai contra o princípio do Marco, que era o de defender a privacidade e os dados dos usuários.
“É uma espécie de grampo obrigatório. O relator atendeu aos interesses da polícia para colocar esse artigo no Marco que usa como argumento o combate ao crime para transformar uma lógica que já existe em obrigatória. Trata todos como culpados até que se prove o contrário. Se a ideia do governo é que o marco responde ao episódio da espionagem estadunidense, esse artigo é um tiro no pé”, comentou.
Futuro
No dia 19 de fevereiro, mais uma tentativa de votação foi barrada pela bancada do PMDB. A acusação do líder Eduardo Cunha era a de que o governo se reuniu com as operadoras para alterar alguns pontos no texto sem discutir com os líderes na Câmara. Lideranças do PSDB e do DEM se uniram ao PMDB para impedir a votação.
O relator do texto, Alessandro Molon, refutou as acusações e declarou que o argumento de Cunha foi para atrapalhar novamente a votação do Marco. “O que houve no texto foi uma modificação apontando que as operadoras continuarão podendo negociar faixas de velocidade a preços diferentes. Isso não é nenhuma novidade”, declarou.
Ao contrário do que se veicula na mídia, Molon disse que a intenção do governo não é a de ceder na questão da neutralidade da rede. “Não há a menor possibilidade de recuo nessa questão. Dentro da velocidade contratada, o usuário terá liberdade total de fazer o que ele quiser e de acessar o serviço que for”, explicou.
O deputado acredita que a próxima tentativa acontecerá somente depois do carnaval, e que a matéria terá que ser votada custe o que custar. “Construímos um diálogo com vários setores da sociedade e com os partidos de oposição. Acredito que agora a matéria tem que ir pra votação de qualquer jeito. Quem for contra vai votar contra e quem for a favor vai votar a favor”, afirmou.
Reportagem de Bruno Pavan
fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/27566
foto:http://simnoticias.com.br/2012/index.php/geral/item/10354-cpc-e-marco-civil-da-internet-sao-prioridades-na-reabertura-do-congresso
La corrupción oculta de las potencias
El catedrático Hickel señala un problema fundamental en términos sistémicos para la economía mundial: la corrupción de guante blanco, invisible y refinada, en los países desarrollados. En lista figuran EE.UU., Japón, Reino Unido y Suiza, entre otros.
Una visión muy extendida sobre el desarrollo económico es que los problemas que enfrentan las economías en desarrollo y los países pobres se deben a la corrupción. Esta visión choca con un dato contundente de la realidad internacional: China. Ni el mismo Partido Comunista pone en duda que la corrupción es uno de los grandes problemas nacionales, todo lo cual no ha impedido un crecimiento promedio de dos dígitos en las últimas tres décadas. Pero, además, según Jason Hickel, catedrático de la London School of Economics, esta perspectiva oculta un problema mucho más fundamental en términos sistémicos para la economía mundial: la corrupción en los países desarrollados. Se trata de una corrupción de guante blanco, invisible y refinada, que fue una de las claves del estallido financiero de 2008. Página/12 dialogó con Hickel sobre el tema.
–Según la Convención de la ONU sobre Corrupción, ésta les cuesta a los países en desarrollo entre 20 y 40 mil millones de dólares anuales. Es una suma considerable. Pero usted dice que, en comparación, la corrupción del mundo desarrollado es mucho mayor y tiene un impacto sistémico mucho más grande. ¿Cómo llegó a esa conclusión?
–El presidente del Banco Mundial, Jim Kim, hizo este cálculo sobre el costo de la corrupción en el mundo en desarrollo. Pero esta suma, indudablemente importante, constituye apenas un 3 por ciento del total de los flujos ilícitos que abandonan los países en desarrollo cada año. La evasión fiscal sola es 25 veces esa suma. El año pasado, un millón de millones de dólares se fugaron de los países en desarrollo y terminaron en paraísos fiscales por una práctica conocida como re-facturación, en la que las empresas falsifican documentos para que sus ganancias aparezcan en paraísos fiscales en los que no pagan impuestos en vez de en las jurisdicciones donde las empresas hicieron las ganancias. Por supuesto que esto sólo es parte del problema. Hay otras prácticas, como el llamado precio de transferencia. Las multinacionales comercian sus productos entre sus propias subsidiarias para pagar en la jurisdicción donde el impuesto es más bajo, algo que cuesta un millón de millón de dólares anuales, más o menos lo mismo que la refacturación.
–¿Por qué es tan fácil la evasión fiscal?
–Porque las reglas de la Organización Mundial del Comercio les permite a los exportadores declarar lo que se les antoja en sus declaraciones aduaneras. Esto les permite subvaluar sus productos para que paguen menos impuestos. No debería sorprendernos dado la ausencia de democracia interna de la OMC. El poder de negociación en la OMC está determinado por el tamaño del mercado y las decisiones más cruciales se toman en reuniones del llamado “cuarto verde”, que son manejadas por los países más poderosos, de manera que el comercio mundial termina manipulado a favor de los ricos.
–Curiosamente, en el índice más publicitado a nivel mundial sobre corrupción, el de Transparencia Internacional, se presenta un panorama exactamente opuesto, es decir, el mundo desarrollado sufriendo a manos del mundo en desarrollo los estragos de la corrupción. ¿Qué opina de este índice?
–El índice tiene una serie de problemas. Primero, se basa en la percepción de corrupción que hay en el propio país. De manera que los encuestados no pueden decir nada sobre lo que piensan de otros modos de corrupción, como pueden ser los paraísos fiscales o la OMC. Segundo, como el índice mide percepciones más que realidades, está expuesto a las narrativas de los departamentos de relaciones públicas. La narrativa dominante está promovida por un complejo de organizaciones, desde el Banco Mundial hasta Usaid y muchas ONG, que centran el tema de la pobreza en la corrupción de los propios países en desarrollo. De manera que no sorprende que los encuestados terminen reflejando esta visión. Además, los índices se basan en datos de instituciones como el Banco Mundial y el Foro Económico Mundial. Estas instituciones, que representan a países ricos occidentales, tienen un interés creado en mantener esta narrativa sobre la corrupción.
–Dos países que suelen estar a la vanguardia de todas estas denuncias de corrupción en el mundo en desarrollo son Estados Unidos y el Reino Unido. ¿Cuál es la situación real de estos países respecto de la corrupción?
–Según Transparencia Internacional, Estados Unidos está bastante libre de corrupción. Según la Red de Tax Justice, en cambio, Estados Unidos está en el sexto lugar a nivel mundial en el rango de corrupción, debido a que tiene jurisdicciones secretas que le permiten funcionar como centros de evasión impositiva. Pero además sabemos que la corrupción atraviesa el sistema político estadounidense. Las corporaciones pueden gastar dinero sin límites en las campañas políticas para asegurar que sus candidatos sean elegidos. Así las cosas, no sorprende que más de la mitad de los congresistas sean multimillonarios. Y hay otras formas de lobby político mucho más directas. Según la Radio Nacional Pública, por cada dólar que gastan las corporaciones en tareas de lobby obtienen un retorno de 220 dólares. Y los sistemas regulatorios suelen estar capturados por gente de las mismas corporaciones que deben ser reguladas. El ejemplo más obvio es Henry Paulson, el CEO de Goldman Sachs, quien fue secretario del Tesoro de los Estados Unidos y artífice del rescate que canalizó millones de millones de dólares de los contribuyentes a la banca privada. En resumen, las corporaciones abusan del Estado para su propio provecho, lo que es la definición de corrupción de Transparency International. El Reino Unido es otro gran ejemplo. La City de Londres es uno de los centros de funcionamiento de los paraísos fiscales, de manera que sorprende que el Reino Unido sea calificado por Transparency International como un país sin corrupción. Y no es la única instancia de corrupción. La privatización de la infraestructura pública, tanto del sistema nacional de salud como de los trenes, ha permitido que gente como el multimillonario Richard Branson gane millones en subsidios estatales para su compañía Virgin Trains.
–Esto no quita que el tema de la corrupción en el mundo en desarrollo es real y tiene un fuerte impacto socioeconómico e institucional. ¿Cómo debería ser un índice neutral y justo sobre el tema de la corrupción?
–Por supuesto que la corrupción en el mundo en desarrollo es real y no debe ser subestimada como problema. Pero es importante concentrar la mirada en formas de corrupción ocultas. Por el momento lo más cercano que tenemos a un índice objetivo es el que elabora la Red de Tax Justice. En este índice, el ranking se elabora sobre países responsables de ocultar unos 30 millones de millones de dólares de riqueza en paraísos fiscales. Si mira la lista verá que los países que encabezan el ranking son el Reino Unido, Suiza, Luxemburgo, Hong Kong, Singapur, Estados Unidos, el Líbano, Alemania y Japón. Estos son los principales centros de corrupción que debemos enfrentar.
Reportagem de Marcelo Justo
fonte:http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-240687-2014-02-27.html
foto:http://www.deolhonacapital.com.br/2009/12/06/corrupcao/
Europa aprova a lei mais dura do mundo contra a emissão de CO2 por carros
O Parlamento Europeu aprovou o regulamento mais severo do mundo contra as emissões de dióxido de carbono (CO2) originadas por automóveis. Os carros fabricados a partir de 2020 só poderão emitir um máximo de 95 gramas de CO2 por quilômetro, 25% menos que os 130 fixados pelo limite atual (para 2015). Apesar da aparente ambição da norma aprovada, as pressões da Alemanha obrigaram a Eurocâmara a reduzir as expectativas da proposta saída da Comissão Europeia, tanto no prazo de aplicação como nos incentivos aos fabricantes pela produção de veículos mais limpos.
O novo objetivo ratificado ontem foi acordado em novembro pelos 28 Estados-membros, o Parlamento e a Comissão, e representa uma redução absoluta de 50 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano, segundo cálculos divulgados pelo promotor da medida, o democrata-cristão alemão Thomas Ulmer. A UE já definiu há seis anos que o limite de CO2 dos carros para 2020 fosse de 95 gramas, mas na ocasião não detalhou medidas especificas para conseguir esse objetivo.
As pressões da Alemanha, cujo poderoso lobby automobilístico empurrou o Governo de Angela Merkel a solicitar uma ampliação no prazo de aplicação da medida até 2024, conseguiram fazer com que a resolução final aprovada ontem contenha certas concessões. Em primeiro lugar, o novo regulamento incluirá um generoso programa de incentivos para a produção de veículos menos poluentes —os chamados supercréditos—. Em concreto, por cada carro produzido que emita menos de 50 gramas de CO2 por quilômetro, o fabricante conseguirá uma redução na cota total de emissões de sua frota, compensando as emissões dos veículos mais poluentes que produza com as dos mais limpos. Na prática, esse limite só é cumprido pelos veículos elétricos e os híbridos. Em segundo lugar, o regulamento contempla uma margem adicional de um ano (até 2021) para que entre em vigor para 100% dos carros novos, frente aos quatro que pedia o Governo alemão.
Fontes da UE admitem que o regulamento é “mais flexível” que o texto que o Executivo comunitário encaminhou ao Parlamento, mas mostram sua satisfação por um acordo que qualificam de “bom e ambicioso”. Os ecologistas se dividem entre os que veem a medida como “insuficiente”, como Franziska Achterberg, do Greenpeace, e os que chamam o acordo de “positivo” apesar das pressões dos fabricantes alemães, como Greg Archer, da organização Transport & Enviroment. Os legisladores da bancada verde recusaram o texto na votação da Eurocâmara.
O texto, que ainda deve ser ratificado pelo Conselho de Ministros da UE, prevê futuras reduções adicionais depois de 2020 e a introdução de novas provas que registrem melhor o nível de emissões sob condições reais de condução. As empresas que não consigam cumprir o novo objetivo deverão pagar por cada grama por quilômetro que exceda o limite. Os fabricantes que produzam menos de 1.000 unidades estarão isentos de cumprir a norma. Atualmente, um quinto das emissões de CO2 na Europa tem origem nos carros particulares que, entre 1990 e 2008, aumentaram 26%.
Os mais vendidos e o C02
Um Volkswagen Golf, o carro mais vendido na Europa no ano passado emite, em sua versão média de combustível, 125 gramas de CO2 por quilômetro percorrido, com o que estaria pouco menos de 25% acima das novas exigências comunitárias. O segundo veículo de passeio mais vendido na Europa em 2013, o Renault Clio, em uma versão equivalente, emite cerca de 100 gramas de CO2 por km, 5% a mais que o permitido pela norma aprovada pelo Parlamento Europeu.
“Há de se ter em conta que esses modelos não são os que mais CO2 geram”, destaca o presidente da Automobilistas Europeus Associados, Mario Arnaldo, que dá as boas-vindas às medidas embora alerte que, na atual situação de crise, não será fácil adotá-las. Segundo ele, os Estados-membros deveriam somar medidas não penalizadoras que apoiassem o rejuvenescimento do parque automobilístico. “É inegável que um carro fabricado hoje é muito menos poluente que outro produzido há apenas cinco anos”, conclui.
Reportagem de Ignacio Fariza
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/25/sociedad/1393361577_451092.html
foto:http://blogs.diariodepernambuco.com.br/mobilidadeurbana/2012/02/page/4/
26/02/2014
O Brasil sela um convênio para evitar o roubo de um milhão de celulares por ano
Com a maior taxa de aparelhos furtados depois da Argentina, o país quer cortar a exportação das unidades roubadas.
O Brasil tem a segunda taxa mais alta de roubo de celulares no mundo, com mais de um milhão de aparelhos roubados por ano, sendo superado apenas pela Argentina, onde se roubam anualmente dois milhões, embora a população total seja de quase um quinto da brasileira.
Para frear esse fenômeno e com vistas aos grandes acontecimentos que se organizarão no país como a Copa do Mundo deste ano ou os Jogos Olímpicos de 2016, a GSMA –a associação que agrupa todos os operadores do mundo– e o Governo brasileiro assinaram no Mobile World Congress de Barcelona (MWC14) um acordo para reduzir os furtos, com o objetivo principal de que os aparelhos roubados não possam ser exportados ilegalmente.
Para isso, todos os operadores de telefonia móvel do Brasil –Algar Telecom, Claro, Nextel, Oi, Sercomtel, TIM Brasil e Vivo– se comprometem a compartilhar os códigos únicos de identificação de dispositivos roubados através do banco de dados da GSMA, que guardará um arquivo centralizado com todos os IMEI –o número único de identificação de cada celular que aparece na caixa ou na bateria– com a intenção de bloquear os celulares roubados para um futuro uso. Um simples telefonema da vitima servirá para inutilizar para sempre o aparelho furtado.
O acordo vai além. Com aproximadamente 268 milhões de dispositivos móveis atualmente ativos no Brasil, o spam de SMS tornou-se um problema crescente. Para proteger os clientes diante das mensagens não requisitadas e identificar os spammers, os operadores vão lançar o serviço Spam Reporting Service onde os usuários podem enviar textos a *SPAM (*7726) para evitar as mensagens indesejadas.
Uma outra área de colaboração é o da proteção à infância. A SaferNet Brasil, por exemplo, é uma organização nacional fundada especificamente para proteger as crianças que se comunicam on-line e promover os direitos humanos na Internet.
Esse programa se complementa com o Disque 100, uma linha de telefone gratuita para ajuda que funciona sob os auspícios da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Para ajudar a conscientizar sobre os perigos para as crianças, os operadores brasileiros enviarão um SMS regular para todos os clientes, informando dos serviços da SaferNet Brasil e do Disque 100.
Paulo Bernardo, ministro das Comunicações do Brasil e Anne Bouverot, diretora geral da GSMA, assinaram o acordo que inclui o apoio para acelerar a adoção da banda larga móvel e a prestação de novos serviços de telefonia móvel no país. "Com cerca de 115 milhões de assinantes únicos e 277 milhões de conexões móveis, o Brasil é o maior mercado de telefonia móvel da América Latina", disse Bouverot.
Reportagem de Ramón Muñoz
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/25/tecnologia/1393348103_358830.html
foto:http://www.baboo.com.br/seguranca/como-bloquear-um-celular-roubado/
Assinar:
Postagens (Atom)