18/12/2013

Herança genética influi mais no aprendizado do que o ambiente escolar, diz estudo

Segundo pesquisa britânica, fator responde por mais de 50% da variação do desempenho entre alunos que compartilham escola e estilo de vida.

Um dos grandes desafios de professores dos ciclos fundamental e médio é fazer com que os alunos atinjam o mesmo nível de compreensão em diversas disciplinas. Um estudo realizado pela King’s College, de Londres, e divulgado pela publicação científica Plos One revelou que essa tarefa pode ser mais difícil do que se imaginava. O estudo mostra que a herança genética de cada indivíduo pode ter uma influência maior sobre seu desempenho acadêmico do que o ambiente escolar e o apoio dos pais, por exemplo.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram o desempenho acadêmico de 5.474 pares de gêmeos de 16 anos de idade no Certificado Geral de Educação Secundária (GCSE) — espécie de Enem da Inglaterra e do País de Gales. Entre os jovens, havia 2.008 pares de gêmeos idênticos (monozigóticos) e 3.466 não idênticos (dizigóticos)  — os primeiros têm carga genética idêntica, enquanto os do segundo grupo compartilham 50% do material genético. Foram considerados apenas os gêmeos que são criados juntos e estudam na mesma escola. Foram excluídos aqueles que tiveram algum tipo de problema durante a gestação.
Foram levadas em conta as três principais variáveis que podem influir no desempenho dos alunos: a herança genética, o ambiente compartilhado entre os gêmeos (escola, local de residência) e o ambiente não compartilhado por eles (qualquer lugar que apenas um dos gêmeos frequenta com exclusividade). O resultado da pesquisa mostrou que os pares de gêmeos idênticos obtiveram notas mais próximas do que os pares não idênticos. Uma vez que os pares de gêmeos frequentam a mesma escola e compartilham o mesmo estilo de vida, os pesquisadores concluíram que essa diferença tem razão genética.
De acordo com o estudo, mais da metade da diferença de desempenho escolar entre os irmãos é devida a razões genéticas — 58% em ciências, 55% em matemática e 52% em inglês. A influência dos ambientes compartilhados responde por 30% da diferença de desempenho, em média.
Os pesquisadores ressaltaram que os resultados não reduzem a importância do esforço individual para o aprendizado. "Estudos já demonstraram que frequentar a escola tem, sobre o QI dos estudantes, o dobro do efeito de um ano a mais de vida fora da escola", afirmam os pesquisadores. "Ir à escola tem um impacto substancial, mas, entre crianças que frequentam a mesma escola, esse impacto se torna relativamente pequeno."

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