Em uma pesquisa com mais de 5 000 participantes que engravidaram, cerca de 0,5% afirmou não ter tido relação sexual.
Um estudo publicado na última terça-feira no periódico British Medical Journal investigou casos de mulheres que dizem ter engravidado sem perder a virgindade. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos Estados Unidos, não se preocuparam em verificar a hipótese de que alguma delas tenha de fato concebido por milagre, como a Virgem Maria da tradição cristã, mas buscaram entender o que levou as participantes a se declararem virgens.
Os cientistas analisaram a incidência de gestações alegadamente ocorridas sem ato sexual, a partir de entrevistas realizadas ao longo de catorze anos com 7 870 americanas. No início do estudo, em 1994, as mulheres ouvidas tinham entre 12 e 18 anos.
As voluntárias foram questionadas sobre métodos contraceptivos e sexo, além da importância da religião e da adoção de voto de castidade. Seus pais informaram o quanto conversavam com as filhas sobre sexo ou métodos de controle de natalidade, enquanto professores esclareceram se as escolas onde as voluntárias estudaram ofereciam aulas de educação sexual.
Das 7 780 garotas, 5 340 engravidaram, sendo que 45 delas (cerca de 0,5%) disseram não ter tido relação sexual – o critério para definir virgindade foi a ocorrência (ou não) de penetração – nem recorrido a métodos de reprodução assistida.
Segundo a pesquisa, 30,5% das mães virgens fizeram voto de castidade, ante 15% das demais grávidas. Além disso, 28% dos pais das virgens que engravidaram admitiram conversar pouco sobre sexualidade e métodos contraceptivos com suas filhas, índice que caiu para 2% entre os pais das outras gestantes.
Apesar dos cuidados adotados para garantir a veracidade das respostas (as voluntárias responderam ao questionário em vídeos que gravaram sozinhas, de modo a se sentir menos inibidas para falar), os autores do estudo afirmam que declarações sobre temas sensíveis são mais suscetíveis a erros.
"A ocorrência de gravidez em virgens mostrou-se associada a fatores culturais que valorizam a virgindade, especificamente a castidade, e a pouca conversa sobre sexo e métodos contraceptivos entre pais e filhas", afirmaram os pesquisadores.
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