Um estudo independente, chamado de
"Ética Abandonada", revelou ontem (05/11) que médicos militares dos
EUA participaram de torturas em Guantánamo e outras prisões da CIA, violando
códigos éticos da profissão. Segundo a pesquisa, doutores e psicólogos
"formulavam, participavam e permitiam tortura, tratamento cruel, desumano
e degradante dos prisioneiros". Leia, em inglês, o relatório completo.
A Fundação Open Society, de George Soros,
responsável pela pesquisa, afirma também que, além de participar de torturas, o
grupo médico se envolveu na concepção das práticas contra suspeitos de
terrorismo que ocuparam prisões da CIA em Guantánamo, em Cuba, ou no
Afeganistão, denuncia o relatório. Pentágono e CIA, no entanto, negam as
acusações, dizendo que o relatório contém imprecisões e erros.
O estudo aborda diversas práticas de
coerção e tortura, mas concentra-se na alimentação forçada de presos em greve
de fome e, também, nos métodos violentos de interrogatório, como a
simulação de afogamento (waterboarding) em centros de detenção secretos.
“Fica claro na pesquisa que, em nome da
segurança nacional, os militares ignoraram o código de ética dos profissionais
da saúde. Eles passaram a funcionar como agentes dos militares, praticando atos
contrários à regra e à ética [profissionais]” internacionais e em vigor nos
EUA", afirmou o co-autor do estudo Gerald Thomson, professor de Medicina
emérito na Universidade de Columbia, nos EUA.
“Os médicos, enfermeiros, psicólogos e
outro pessoal destacado para assistir os doentes ajudaram a conceber,
permitiram e participaram de práticas desumanas contra os detidos”, disse em
entrevista à imprensa norte-americana.
"O Departamento de Defesa e a CIA alteraram as regras de ética
fundamentais para facilitar a participação de profissionais de saúde em abusos
contra detidos. Foi isso que aconteceu. E essas distorções ainda existem",
disse Leonard Rubenstein, também co-autor, ao programa da BBC Newsday. Rubenstein
denunciou exemplos em que os profissionais de saúde são chamados aos
interrogatórios "para procurar vulnerabilidades físicas que os agentes que
interrogam possam explorar".
A investigação foi realizada por militares
e peritos legais, especialistas em questões de saúde e ética, e centra-se em
especial no papel que desempenharam os profissionais de saúde na alimentação
forçada de presos em greve de fome, com tubos. A prática veem sendo
frequentemente questionada pelos observatórios de direitos humanos ao redor do
mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita e pelo comentário!