O fato de ter estudado
música na infância tem um efeito benéfico sobre a forma como o cérebro dos
idosos processa o som. Segundo um estudo publicado na última quarta-feira no
periódico Journal of Neuroscience, essa
relação se mantém mesmo em pessoas que passam décadas sem ter contato com
instrumentos musicais novamente. A descoberta sugere que o treinamento
musical leva a uma resposta mais rápida do cérebro ao som da fala.
À medida que as pessoas
envelhecem, o cérebro passa por mudanças que prejudicam a audição. Os cérebros
de idosos respondem de forma mais lenta a sons que mudam rapidamente, o que
prejudica a interpretação da fala. Porém, estudos recentes mostraram que esse
efeito não é inevitável. Pesquisas com músicos sugeriram que o treinamento musical
contínuo poderia neutralizar esse e outros problemas cognitivos relacionados à
idade.
No estudo em questão, os
cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, buscavam descobrir
se um treinamento musical mais limitado, ocorrido durante a infância e
interrompido por um longo período, também estaria associado a mudanças na
resposta cerebral ao som, décadas mais tarde.
Pesquisa
– Para
isso, 44 adultos com idade entre 55 e 76 anos ouviram o som artificial de uma
sílaba (“da”), enquanto os pesquisadores mediam a atividade elétrica no tronco
cerebral, região que fica entre a medula espinhal e o cérebro, e processa os
sons e informações sensoriais. Com isso eles descobriram que, apesar de
nenhum dos participantes ter tocado um instrumento musical em pelo menos 40
anos, os participantes que tiveram entre 4 e 14 anos de treinamento musical no
início da vida apresentaram as respostas mais rápidas ao som da fala.
A diferença foi pequena, da
ordem de um milissegundo, mas esse curto tempo é significativo para o
processamento cerebral. “Ser um milissegundo mais rápido pode não parecer
muito, mas o cérebro é muito sensível ao tempo, e um milissegundo em milhões de
neurônios pode fazer uma diferença real na vida de idosos”, explica Michael
Kilgard, um pesquisador da Universidade do Texas, que trabalha com a forma com
a qual o cérebro processa os sons, mas não estava envolvido na produção deste estudo.
Segundo ele, essa descoberta pode confirmar que os investimentos que fazemos em
nosso cérebro no início da vida continuam a oferecer resultados anos depois.
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