07/10/2013

Por que rejeitamos determinados alimentos



Pudim de leite te causa enjoo? Brócolis, bife de fígado ou queijo não te caem bem? Você não está sozinho.
A crítica de gastronomia Stephanie Lucianovic sofre mais aversão à comida do que a maioria das pessoas. "Ser difícil para comer não é uma opção, é uma verdadeira desgraça."
"Repulsão seguido pelo desejo de vomitar." Essa foi sua reação quando tentou comer certos alimentos que odiava. Atualmente esses alimentos incluem passas, bananas e vísceras.
David Jackson, do centro de investigação sobre alimentos do Leatherhead, não gostava de azeitonas quando era criança.
"As azeitonas são muito amargas", diz ele. "Eu odiava."
"Mas o que provavelmente aconteceu é que, quando você fica mais velho, você quer parecer mais sofisticado, e por isso há uma motivação para comê-las, mesmo que não goste."
Razões biológicas e sociais
As razões biológicas que levam certas pessoas a rejeitarem certos alimentos têm sido amplamente estudadas, mas as razões sociais são menos claras.
"É difícil saber por que superamos aversões a determinados alimentos, mas é claro que muitas pessoas passam a ser menos exigentes à medida que ficam mais velhas", diz Paul Chappell, do Departamento de Sociologia da Universidade de York, na Grã-Bretanha.
"Querer seguir somente a própria vontade está associado à infância: nós esperamos que as crianças rejeitem uma grande quantidade de alimentos."
"O caso não é o mesmo para os adultos. Ser exigente não é socialmente aceitável, e recusar determinados alimentos por não gostar, pode causar situações constrangedoras."
Stephanie Lucianovic, que publicou um livro sobre a vida de um adulto exigente, disse que estes são estigmatizados.
"Isso acontece, principalmente, porque as pessoas pensam que é uma opção, que eles estão fazendo isso para irritar e não se importam em incomodar os outros."
Ela mesma é exigente, e aprendeu a comer certos alimentos combinando-os com os sabores que gosta.
Agora, os odiados brócolis, couve de Bruxelas e pêssego se tornaram iguarias em seu prato, Lucionovic disse à BBC.
Genes e evolução
As razões pelas quais as pessoas preferem determinados alimentos são mais claras.
Os cientistas têm investigado as diferenças genéticas, e têm agrupado as pessoas em três diferentes grupos: os "degustadores", os "super degustadores" e os "degustadores regulares".
Os super degustadores tendem a ter uma maior correlação com os genes que codificam os receptores das papilas gustativas, que são responsáveis por identificar os componentes amargos.
E assim, eles têm uma forte aversão a alimentos amargos, como couve de Bruxelas e brócolis.
O cheiro também influencia muito.
"O queijo, por exemplo, quando envelhece, ou quando colocamos algum fungo para fazê-lo maturar, degradam os aminoácidos das proteínas do leite e o mal cheiro ocorre", disse David Jackson.
Do ponto de vista da evolução, há razões para esta reação a alimentos amargos e que contêm enxofre.
"Os caçadores dependiam do olfato. O cheiro de enxofre indicava a presença de bactérias nos alimentos. Comê-los poderia deixá-los doente", explica Jackson.
Da mesma forma, a evolução pode explicar a aversão inata ao gosto amargo.
Algumas plantas não comestíveis são amargas, e por isso aqueles que conseguem fazer essa associação têm mais chance de sobreviver.
Como superar as aversões
Muitos conseguem facilmente superar essas aversões. Mas e aqueles que não conseguem?
As motivações para superá-las variam. Podem ser pressões sociais, desejo de parecer sofisticado, ou necessidade por hábitos mais saudáveis.
Em todos os casos, a melhor maneira de superar essas aversões é comer mais desses alimentos. Quanto mais você come, mais você vai gostar e a rejeição diminuirá.
Ao beber cerveja ou vinho pela primeira vez, muitas vezes, a reação é "isso não é gostoso, é muito amargo", diz Jackson.
"Mas se você continuar tentando por um tempo, essa aversão é superada e torna-se uma experiência agradável."
Acabar com a pressão
As crianças, mais do que os adultos, têm uma cautela natural em relação aos alimentos.
Para Emma Uprichard, da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, os pais devem parar de pressionar seus filhos a comer alimentos mais saudáveis.
Segundo ela, "muitos adultos têm memórias de alimentos que odiavam quando eram crianças e isso não deixou nenhum trauma quando cresceram."
"Uma das perguntas que fazemos é se talvez não deveríamos relaxar um pouco em relação aos hábitos alimentares dos filhos, por ser um desgaste emocional para os pais forçá-los a comer o que é considerado mais adequado."
"Isso ajudaria um pouco, já que os pais não se sentiriam tão culpados o tempo todo."



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