Equipe identificou
neurotransmissor que transmite a irritação ao cérebro e descobriu que a remoção
de uma molécula livra as cobaias da comichão. Achado pode ajudar a tratar
eczema e psoríase.
Cientistas americanos descobriram que uma
molécula presente na medula espinhal é responsável por provocar a sensação de
coceira. E mais: ao retirar a molécula do corpo de camundongos, a equipe
observou que os animais deixaram de sentir a irritação. Para os pesquisadores
do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês),
o achado pode ajudar na busca de formas mais eficazes de atenuar a comichão em
pessoas com determinadas condições crônicas, como psoríase ou eczema. O estudo
foi publicado nesta quinta-feira na revista Science.
A molécula em questão, um
neurotransmissor chamado polipeptídeo natiurético B (Nbbp, sigla em inglês),
está conectada a uma célula nervosa, ou neurônio, presente na medula espinhal
que é responsável por enviar ao cérebro a mensagem da coceira. Segundo o novo
estudo, a remoção da molécula e da célula nervosa livra os camundongos da
irritação – sem afetar outros sentidos.
"Nossa pesquisa também
mostra que a coceira, antes considerada uma forma mais amena de dor, é na
verdade uma sensação distinta e que tem sua própria via até o cérebro",
diz Mark Hoon, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Dental e
Craniofacial, que pertence ao NIH, e principal autor do estudo.
A
procura — A
pesquisa de Hoon começou quando ele e sua equipe começaram a investigar uma classe
de neurônios conhecidos por ajudar a controlar uma série de condições externas
ao corpo para detectar a dor. A equipe, então, conseguiu identificar e analisar
alguns dos principais neurotransmissores — pequenas moléculas que os neurônios
liberam quando são estimulados para enviar sinais ao cérebro — nessa classe de
células nervosas. Ao testarem o Nbbp, os pesquisadores observaram que o papel
desse neurotransmissor é enviar ao cérebro o sinal exclusivamente da coceira.
Eles classificaram os
resultados como animadores, já que o sistema nervoso dos camundongos é parecido
com o dos seres humanos. "Agora, o desafio é encontrar um biocircuito
similar no corpo humano e identificar, em pessoas, quais são as moléculas que,
uma vez desligadas, evitam coceiras", diz Hoon.
Entendendo a coceira
Ainda não está completamente claro de que forma a coceira
funciona. Durante a maior parte da história da medicina, os especialistas
consideravam a sensação como uma forma atenuada de dor. Mas essa concepção
mudou após a realização de um estudo feito em 1987 pelo pesquisador alemão H.
O. Handwerker e sua equipe.
Os cientistas introduziram histamina, uma substância que produz
coceira e que é liberada pelo nosso corpo em reações alérgicas, no corpo dos
voluntários. Conforme as doses da substância eram aumentadas, os pesquisadores
conseguiam aumentar a intensidade da comichão que os participantes sentiam. Mas
nenhum deles relatou sentir dor. A conclusão: dor e coceira são coisas
diferentes e envolvem conexões diferentes entre as células nervosas.
Somente em 1997 foi publicado um estudo que encontrou, pela
primeira vez, os nervos específicos para a coceira. A descoberta foi feita por
um grupo de pesquisadores da Suécia e da Alemanha a partir de uma complexa
experiência feita com 53 voluntários. Nela, os cientistas analisaram os sinais
enviados por cada fibra nervosa individualmente diante de diversos estímulos à
pele, como o contato com uma superfície quente ou macia. Com isso, eles
desejavam saber que tipo de estímulo faz cada nervo agir.
Os pesquisadores observaram que havia fibras nervosas que não
reagiam a nenhum estímulo, a não ser quanto uma dose de histamina era
introduzida na pele – e, assim, identificaram os nervos associados à comichão.
Mas isso não significou a compreensão completa do mecanismo dessa sensação no
corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita e pelo comentário!