Em projeto da Unicef, Rafael Hessel espera que conscientização coletiva atue como propulsora de ações governamentais.
O bolinho rosa no canto superior da sua página inicial do Facebook provavelmente já serviu para que você se lembrasse de dar parabéns para seu amigo aniversariante na rede social. O brasileiro Rafael Hessel criou o Birthdays for Sahel (Aniverário para Sahel), um modo para fazer com que o alerta sirva também para tentar conscientizar os usuários da rede sobre a dificuldade de tantas crianças na África em comemorar seus aniversários.
Em parceria com a cingapuriana Tan Su-lin, Rafael concorreu a um concurso realizado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) que procurava, entre os estudantes da escola de propaganda Miami Ad School, um modo de usar as redes sociais para trazer a questão da mortalidade infantil na África. Segundo dados da organização, uma em cada cinco crianças na área do Sahel morre antes dos cinco anos de idade, das quais 1 milhão estão em risco severo de má nutrição.
“A nossa ideia é que as pessoas pensem que estão doando o aniversário delas para que outras possam também comemorar os seus”, explica Rafael a Opera Mundi. Com a autorização do aniversariante, a Unicef publica um post em seu mural alertando para a crise humanitária que assola países como Senegal e Nigéria. No dia seguinte, outro post agradece a atenção e mostra outras informações do que acontece no continente.
Mas que diferença faz um aplicativo entre os 10 milhões da rede, uma ‘curtida’ entre as 2,7 bilhões diárias ou um entre os 665 milhões de usuários ativos? Rafael responde que, como publicitário, “eu crio app atrás de app, mas com esse pareceu mais... real”. Ele conta que conversava com membros da ONU na África durante as reuniões da Unicef e chegou um pouco mais perto de sentir o que se passa lá.
“É tanta coisa besta que vemos no Facebook que se essa mensagem pode cruzar a barreira, já concretiza o princípio básico de viralizar uma ideia”, explica. Já de antemão a Unicef havia dito que não poderia envolver doação de dinheiro no projeto, “justamente porque desejava que os governos nacionais percebessem como as pessoas estão falando do assunto e, assim, eles mesmos passassem a investir nos projetos africanos”.
Rafael diz que encara seu trabalho de um modo diferente. “Você entende que tem muita coisa acontecendo, seja na África, na Indonésia , na Espanha ou no Brasil, é mais do que Angry Birds, sabe?” Ele espera e acredita que essa faísca de discussão possa levar a algo maior. “No projeto inicial, pensamos em envolver vídeos com celebridades para que o assunto estivesse mais destacado e, quem sabe, provocasse ações mais efetivas por parte do governo e de outras instituições”. E, por isso, quer ao máximo fazer esse simples aplicativo ficar conhecido.
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