04/12/2012

Quase 2000 comunidades africanas abandonam mutilação genital feminina, revelam agências da ONU

Prosseguimos hoje com a série de textos sobre comportamentos discriminatórios e violentos que ainda ocorrem de forma sistemática em todo o planeta e estão sedimentados em bases religiosas, políticas, econômicas e culturais. Começamos pela Índia e a seu sistema de castas e nesta segunda postagem vamos falar sobre a mutilação genital feminina. Mas desta vez, felizmente, vamos iniciar com uma boa notícia: segundo a ONU esta prática tem diminuído no mundo.



Quase 2.000 comunidades na África abandonaram a prática de mutilação genital feminina, segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Esse dado faz parte do relatório “Principais Resultados e Destaques 2011” . “Esses resultados mostram que normas sociais e práticas culturais estão mudando, e que as comunidades estão unidas para proteger os direitos femininos”, disse o Diretor Executivo da UNFPA, Babatunde Osotimehin na comemoração do Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.
Junto do Diretor Executivo da UNICEF Anthony Lake, Osotimehin pediu a renovação dos compromissos para colocar um fim a essas práticas. “Com a ajuda da comunidade global, nós podemos abolir as mutilações genitais femininas em uma geração e ajudar milhões de mulheres a ter vidas mais saudáveis e plenas”.
Todo ano, perto de três milhões de garotas enfrentam o risco de mutilação. A maioria na África e em alguns países da Ásia e no Oriente Médio. As mutilações se referem a um número de práticas que envolvem decepar parte ou o todo da genitália externa feminina. A prática, reconhecida como violação dos direitos humanos, não traz benefícios à saúde, causa muitas dores, além de problemas a longo prazo.
O relatório mostra que por toda a África, mais de 18 mil comunidades já tiveram sessões de educação, quase três mil líderes religiosos declararam publicamente que a prática deveria se encerrar e mais de três mil veículos de mídia já cobriram o assunto. Antes dos resultados de 2011, outras oito mil comunidades já haviam abandonado a prática em 2010. O relatório foi feito pelo Programa Conjunto UNICEF-UNFPA para a Aceleração do Abandono da Mutilação Genital Feminina, que atua desde 2008. A principal estratégia é argumentar que a prática não é uma exigência religiosa.
fonte:http://www.onu.org.br/duas-mil-comunidades-africanas-abandonam-mutilacao-genital-feminina-diz-relatorio-do-unicef-e-unfpa/

Três mil mulheres e adolescentes alvos de mutilação genital 

a cada ano

A Organização Mundial da Saúde reporta que atualmente 140 milhões de adolescentes e mulheres no mundo vivem as consequências desta prática. A mutilação genital feminina é mais comum em África assim como em alguns países da Ásia e do Médio-Oriente. A OMS estima que 92 milhões de jovens raparigas na faixa etária dos e superior aos 10 anos em África foram submetidas a mutilação genital e cerca de 3 milhões de outras são anualmente alvo desta prática.
A especialista em antropologia médica da OMS, Elise Johansen disse a Voz da América que o número de casos de mutilação genital está em baixa, mas não de forma vertiginosa. Ela considera ser extremamente difícil conseguir que comunidades impregnadas de práticas culturais e tradicionais ancestrais mudem de um momento ao outro.
“A maioria das pessoas pratica a mutilação genital porque toda gente a pratica e tem sido sempre assim, e as pessoas não sabem o que pode ser feito como alternativa… Muitas mulheres têm dito que gostariam que esta prática acabasse, da mesma forma que existem mais homens do que mulheres que gostariam que acabassem com isso.”
Existem sociedades que praticam a mutilação genital em razão de uma série de factores como cultural, religioso e social. A mais comum das razões baseia-se na crença de que esse procedimento reduz a apetência sexual das mulheres e manifestamente as possibilidades de relações sexuais fora do casamento. A mutilação genital feminina está também associada as percepções culturais da feminidade, da modéstia e com a fertilidade. Os seus praticantes as vezes crêem que ela é baseada na religião, embora nenhuma escritura religiosa a apoie.
Dados recolhidos em 28 países africanos mostram uma grande variação da forma como a mutilação genital feminina é integrada no quotidiano. Por exemplo os indicadores mostram que a Etiópia e o Quénia reduziram significativamente a sua prática, o Togo conseguiu bani-la, mas que continua acentuada na Somália, Djibouti, Sudão, Gambia e Mali. Os estudos também comprovaram que ela é mais praticada em comunidades muçulmanas que cristãs.
A mutilação genital feminina está também em crescendo nos países ocidentais entre as comunidades de emigrantes provenientes dos locais onde era ou é ainda uma prática. Muitos países europeus assim como o Canada, os Estados Unidos da América, Austrália e Nova Zelândia adoptaram legislações impondo a sua proibição. As organizações de saúde e dos direitos humanos consideram tais leis como um primeiro passo, mas advogam que as leis devem ser cabalmente implementadas com vista a serem respeitadas. Um grupo dessas organizações está a apelar a criação de leis que assegurem uma maior protecção dos direitos humanos e maior eficácia nos esforços de prevenção tendentes a erradicação da prática de mutilação genital feminina.

fonte:http://www.voaportugues.com/content/article-02-06-12-female-genital-mutilation-138791664/1262198.html
foto:tanianienkotterrocha.blogspot.com

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