24/11/2012

Black Friday: centenas protestam por melhorias trabalhistas nos EUA

Pela primeira vez na história do Walmart, funcionários realizaram paralisação por todo o país.


Além de extensas filas e lojas lotadas de consumidores, o dia mais movimentado do comércio norte-americano também foi marcado por protestos e paralisações de funcionários que aproveitaram a data para exigir melhores condições de trabalho. A rede gigante de varejo Walmart foi uma das empresas mais afetadas pelas manifestações de ontem (23/11), com greves em 46 estados, segundo a organização de trabalhadores. 

Nos Estados Unidos, a temporada de compras do Natal é inaugurada no dia seguinte do feriado de Ações de Graças, com descontos nas principais marcas e lojas do país. Apesar de não ser feriado nacional, a data ficou conhecida como “Black Friday” e representa um importante evento para a economia do país, tendo consequências, até mesmo, no PIB norte-americano. 

Desde o início das compras de ontem (23/11), o Walmart vendeu mais de 1,8 milhão de toalhas, 1,3 milhão de aparelhos de televisão, 1,3 milhão de bonecas e 250 mil bicicletas, segundo dados oficiais citados pelo jornal britânico Guardian. Mais de 22 milhões de clientes passaram pelas lojas da rede e pelo menos 10 milhões de transações foram registradas, um índice de quase 5 mil itens vendidos por segundo.

Além de sua relevância econômica, o evento também tem a visibilidade da mídia nacional e internacional e de milhares de norte-americanos que frequentam os estabelecimentos comerciais em busca de descontos. Na visão dos trabalhadores do Walmart, não existe dia melhor para as manifestações.
A organização trabalhista OUR Walmart, que reúne milhares de membros em todas as filiais do país, já havia organizado a paralização “em protesto contra as ações contínuas da rede em retaliação àqueles que se manifestam por melhores pagamentos, por seguros-saúde acessíveis, por melhores condições de trabalho, por horários justos e acima de tudo, respeito”.
Pela primeira vez na história de 50 anos da empresa, pelo menos mil funcionários de diferentes filiais deixaram os seus postos para aderir à greve. Os 1,4 milhões de empregados da rede não são protegidos por uma organização sindical e, recentemente, entregaram mais de 20 denúncias contra o Walmart por práticas trabalhistas injustas no Conselho Nacional de Relações do Trabalho, informou o jornal Russia Today.
“Nossas vozes estão sendo escutadas e os nossos pedidos por mudança no Walmart estão se tornando ainda mais fortes com a adesão de milhares de pessoas ao redor do país. O Walmart não pode nos silenciar. Até não houver nenhuma mudança real, nós vamos continuar a nos manifestar”, disse Colby Harris da filial de Lancaster, no Texas, ao Guardian.
Não faltam reclamações de funcionários em filiais por todo os EUA. “Os gerentes nos desrespeitam todos os dias”, contou Cindy Murray ao site Nation. A funcionária do Walmart, que tem 12 anos de casa, disse que seus superiores não aceitaram suas restrições de trabalho devido a problemas nas costas. “Você vai carregar tudo aquilo que eu mandar”, teria dito o gerente a Murray.
Horas do feriado
Até o ano passado, as redes varejistas norte-americanos abriam suas portas para seus clientes apenas na sexta-feira e fechavam durante o dia de Ações de Graça. Em 2011, o Walmart decidiu abrir a onda de promoções às 22 horas da noite do feriado. Para não ser ultrapassada neste ano, a Target, outra empresa do país, afirmou que abriria às 21 horas da quinta (22/11) e o Walmart respondeu a medida abrindo a “Black Friday” às 20 horas. 


Enquanto alguns funcionários reclamaram pela obrigação de trabalhar em um dos mais importantes feriados dos EUA, outros afirmaram que não podiam descartar o pagamento de horas-extra. Este é o caso do casal Fletcher que trabalham, geralmente, apenas 30 horas por semana e que no feriado, viraram a noite na loja de Los Angeles, ganhando pela jornada de 12 horas.
O drama de muitos funcionários aparece entre as principais exigências da OUR Walmart: “pagamento de pelo menos US$13 a hora e tornar disponível trabalho de períodos integrais para aqueles que o desejam”. 
Paralisação? 
A administração do Walmart disse que a paralisação não teve efeitos significativos nas vendas. De acordo com o presidente das filias dos EUA, a maioria dos manifestantes não era funcionário da rede. “Apenas 26 protestos ocorreram nas lojas na última noite e muitos deles não incluíam associados do Walmart”, disse Bill Simon contrariando os números da OUR Walmart e de jornais locais.



Reportagem de Marina Mattar
fonte:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/25593/o+outro+lado+da+black+friday+centenas+de+trabalhadores+protestam+por+melhorias.shtml
foto:blogs.independent.co.uk

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