No Brasil, o time dos que se declaram solteiros supera o dos casados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011 do IBGE. A nova versão do estudo, realizado a cada dois anos, foi apresentada na manhã desta sexta-feira, e indica que há 48,1% de brasileiras e brasileiros solteiros na população com 15 anos de idade ou mais. Informaram ser casados 39,9% dos entrevistados. Se considerados os que se declararam divorciados/separados ou viúvos, o índice de pessoas fora de um relacionamento formal chega a 60,1%.
O dado indica principalmente um enfraquecimento da formalização de relacionamentos conjugais. Entre os solteiros podem estar, por exemplo, casais que têm relação estável, morando ou não no mesmo domicílio. Pela primeira vez, a Pnad buscou identificar, de forma independente, o estado civil declarado e a existência ou não de união estável. Dos 57,1% (85,5 milhões de pessoas) que vivem em união, 37,2% estão em um casamento civil e/ou religioso, e 19,8% apenas em união consensual. Deste último grupo, 76,6% se declaram solteiros, apesar de viverem com um parceiro.
Disseram não ter vida conjugal em 2011 42,9% da população, ou 64,3 milhões de pessoas a partir dos 15 anos.
A tendência de redução de relações formais é detectada simultaneamente ao crescimento dos lares com apenas um morador – detectada nos últimos anos nos Estados Unidos e na Europa. Do levantamento anterior, realizado em 2009, para o atual, 800.000 pessoas passaram a viver sozinhas em uma residência, totalizando 7,8 milhões de moradores individuais. Entre os domicílios, esse grupo foi o que apresentou o acréscimo mais acentuado. O movimento ajudou a rebaixar a densidade domiciliar total de país, que passou de 3,3 para 3,2 moradores por domicílio, em média. Regionalmente, o Centro-Oeste apresentou o maior porcentual de casas com apenas um morador, 13,8%, liderança que em 2009 pertencia ao Sudeste, com 13,1%.
O aumento de domicílios de apenas um morador aproxima o país de uma tendência global em nações desenvolvidas. A estatísticas oficiais do Reino Unido de 2011 indicam que, entre os britânicos, 7,7 milhões de pessoas que moram sozinhas - o que representa 29% do total de domicílios. Já nos Estados Unidos, um em cada quatro americanos moram sozinhos atualmente - e em Nova York esse é o tamanho de metade dos domicílios.
Imóveis - O primeiro a sentir a necessidade de se adaptar foi o mercado imobiliário – termômetro mais imediato. Na cidade de São Paulo, esse perfil da população fez aumentar a proporção de apartamentos com menos dormitórios. Segundo o presidente do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes, a venda de apartamentos de um quarto, com cerca de 40 metros quadrados, deu um salto de 2007 para 2011, passando de 1,4% para 17% do total de unidades lançadas. “As pessoas estão saindo antes de casa e se casando depois”, analisa Bernardes.
O produto acaba mudando quando a pessoa decide morar sozinha. Ela privilegia prédios que ofereçam facilidades, como uma academia de ginástica, um espaço gourmet no térreo para receber pessoas, uma lavanderia para suprir a falta de espaço no apartamento. Também procuram empreendimentos com centrais de serviços como o das camareiras e das faxineiras. São pessoas que trabalham o dia todo e precisam dessa infraestrutura”, explica Bernardes. Esse tipo de comprador - ou de quem aluga o apartamento - está principalmente na faixa dos 25 a 30 anos.
No Rio, o panorama é diferente por causa de uma lei municipal, de 1981, que proíbe a construção de apartamentos menores do que 50 metros quadrados. “Não há lançamento de quarto e sala, loft, kitnet há muitos anos. A área mínima estipulada na cidade já é grande para apenas um quarto”, afirma o vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ), Paulo Fabbriani. Portanto, enquanto em São Paulo o crescimento do número de solteiros morando sozinhos é bem atendido por novos empreendimentos, no Rio, para se manter na zona sul, o luxo tem de se deixado de lado. “São poucas unidades de um quarto em uma região altamente valorizada. Se lançar um quarto e sala hoje, no Rio ou em qualquer lugar, vai vender tudo em dois minutos.”
Eletrodomésticos – As configurações de conforto e decoração também se adaptam para um país com mais residências individuais. Entre as Pnads de 2009 e 2011, os bens duráveis que apresentaram percentual mais elevado de crescimento foram o microcomputador com acesso à internet (39,6%), seguido de microcomputador (29,5%) e celular (26,7%). Outro item com elevação expressiva – 20,3% no período – foi a máquina de lavar roupa, eletrodoméstico indispensável para um solteiro que vive sozinho e não quer perder tempo (nem tem jeito) lavando suas peças à mão.
A Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, procura se antecipar a esses movimentos demográficos. Pessoas que moram sozinhas, em apartamentos cada vez menores, muitas vezes com a cozinha integrada à sala, adicionam uma nova exigência aos produtos: design. “Os espaços pequenos antes eram mais fragmentados. A tendência agora é ficar cada vez mais aberto, no estilo loft. O design desse aparelho pode compor a decoração”, explica Mario Fioretti, gerente-geral de Design e Inovação da empresa.
“O padrão do ‘single’ é aquele que saiu de casa, extremamente urbano. Muitos deixaram o interior e foram para a capital paulista, têm boa renda, considerando o estágio da vida em que estão, e exigem conforto e praticidade”, descreve Fioretti. A linha Brastemp retrô, por exemplo, foi pensada para os apartamentos nos quais os eletrodomésticos fazem parte da decoração. Outro ponto importante para atender essa demanda é pensar que, apesar de morarem em locais pequenos, essas pessoas têm o costume de receber amigos. “São sozinhos só na nomenclatura. É um pessoal que se reúne constantemente, para fazer festa, assistir a jogos. O refrigerador, por exemplo, tem de atender o hábito de vida, não só a pessoa”, esclarece, ressaltando que o solteiro não é, necessariamente, solitário.
No Brasil, o time dos que se declaram solteiros supera o dos casados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011 do IBGE. A nova versão do estudo, realizado a cada dois anos, foi apresentada na manhã desta sexta-feira, e indica que há 48,1% de brasileiras e brasileiros solteiros na população com 15 anos de idade ou mais. Informaram ser casados 39,9% dos entrevistados. Se considerados os que se declararam divorciados/separados ou viúvos, o índice de pessoas fora de um relacionamento formal chega a 60,1%.
O dado indica principalmente um enfraquecimento da formalização de relacionamentos conjugais. Entre os solteiros podem estar, por exemplo, casais que têm relação estável, morando ou não no mesmo domicílio. Pela primeira vez, a Pnad buscou identificar, de forma independente, o estado civil declarado e a existência ou não de união estável. Dos 57,1% (85,5 milhões de pessoas) que vivem em união, 37,2% estão em um casamento civil e/ou religioso, e 19,8% apenas em união consensual. Deste último grupo, 76,6% se declaram solteiros, apesar de viverem com um parceiro.
Disseram não ter vida conjugal em 2011 42,9% da população, ou 64,3 milhões de pessoas a partir dos 15 anos.
A tendência de redução de relações formais é detectada simultaneamente ao crescimento dos lares com apenas um morador – detectada nos últimos anos nos Estados Unidos e na Europa. Do levantamento anterior, realizado em 2009, para o atual, 800.000 pessoas passaram a viver sozinhas em uma residência, totalizando 7,8 milhões de moradores individuais. Entre os domicílios, esse grupo foi o que apresentou o acréscimo mais acentuado. O movimento ajudou a rebaixar a densidade domiciliar total de país, que passou de 3,3 para 3,2 moradores por domicílio, em média. Regionalmente, o Centro-Oeste apresentou o maior porcentual de casas com apenas um morador, 13,8%, liderança que em 2009 pertencia ao Sudeste, com 13,1%.
O aumento de domicílios de apenas um morador aproxima o país de uma tendência global em nações desenvolvidas. A estatísticas oficiais do Reino Unido de 2011 indicam que, entre os britânicos, 7,7 milhões de pessoas que moram sozinhas - o que representa 29% do total de domicílios. Já nos Estados Unidos, um em cada quatro americanos moram sozinhos atualmente - e em Nova York esse é o tamanho de metade dos domicílios.
Imóveis - O primeiro a sentir a necessidade de se adaptar foi o mercado imobiliário – termômetro mais imediato. Na cidade de São Paulo, esse perfil da população fez aumentar a proporção de apartamentos com menos dormitórios. Segundo o presidente do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes, a venda de apartamentos de um quarto, com cerca de 40 metros quadrados, deu um salto de 2007 para 2011, passando de 1,4% para 17% do total de unidades lançadas. “As pessoas estão saindo antes de casa e se casando depois”, analisa Bernardes.
O produto acaba mudando quando a pessoa decide morar sozinha. Ela privilegia prédios que ofereçam facilidades, como uma academia de ginástica, um espaço gourmet no térreo para receber pessoas, uma lavanderia para suprir a falta de espaço no apartamento. Também procuram empreendimentos com centrais de serviços como o das camareiras e das faxineiras. São pessoas que trabalham o dia todo e precisam dessa infraestrutura”, explica Bernardes. Esse tipo de comprador - ou de quem aluga o apartamento - está principalmente na faixa dos 25 a 30 anos.
No Rio, o panorama é diferente por causa de uma lei municipal, de 1981, que proíbe a construção de apartamentos menores do que 50 metros quadrados. “Não há lançamento de quarto e sala, loft, kitnet há muitos anos. A área mínima estipulada na cidade já é grande para apenas um quarto”, afirma o vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ), Paulo Fabbriani. Portanto, enquanto em São Paulo o crescimento do número de solteiros morando sozinhos é bem atendido por novos empreendimentos, no Rio, para se manter na zona sul, o luxo tem de se deixado de lado. “São poucas unidades de um quarto em uma região altamente valorizada. Se lançar um quarto e sala hoje, no Rio ou em qualquer lugar, vai vender tudo em dois minutos.”
Eletrodomésticos – As configurações de conforto e decoração também se adaptam para um país com mais residências individuais. Entre as Pnads de 2009 e 2011, os bens duráveis que apresentaram percentual mais elevado de crescimento foram o microcomputador com acesso à internet (39,6%), seguido de microcomputador (29,5%) e celular (26,7%). Outro item com elevação expressiva – 20,3% no período – foi a máquina de lavar roupa, eletrodoméstico indispensável para um solteiro que vive sozinho e não quer perder tempo (nem tem jeito) lavando suas peças à mão.
A Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, procura se antecipar a esses movimentos demográficos. Pessoas que moram sozinhas, em apartamentos cada vez menores, muitas vezes com a cozinha integrada à sala, adicionam uma nova exigência aos produtos: design. “Os espaços pequenos antes eram mais fragmentados. A tendência agora é ficar cada vez mais aberto, no estilo loft. O design desse aparelho pode compor a decoração”, explica Mario Fioretti, gerente-geral de Design e Inovação da empresa.
“O padrão do ‘single’ é aquele que saiu de casa, extremamente urbano. Muitos deixaram o interior e foram para a capital paulista, têm boa renda, considerando o estágio da vida em que estão, e exigem conforto e praticidade”, descreve Fioretti. A linha Brastemp retrô, por exemplo, foi pensada para os apartamentos nos quais os eletrodomésticos fazem parte da decoração. Outro ponto importante para atender essa demanda é pensar que, apesar de morarem em locais pequenos, essas pessoas têm o costume de receber amigos. “São sozinhos só na nomenclatura. É um pessoal que se reúne constantemente, para fazer festa, assistir a jogos. O refrigerador, por exemplo, tem de atender o hábito de vida, não só a pessoa”, esclarece, ressaltando que o solteiro não é, necessariamente, solitário.
Reportagem de Pollyane
Lima e Silva e Cecília Ritto
foto: blogdobrunonascimento.blogspot.com
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