03/04/2012

Produtores de vinho portugueses descobrem o Brasil


Importadores querem crescer no mercado nacional, mas se queixam dos impostos cobrados sobre a bebida. Não são os únicos que reclamam das taxas nacionais.


O vinho está entrando cada dia mais no hábito do brasileiro e quem brinda esse movimento do mercado agora são os produtores portugueses. A primeira edição da Brasil Wine Fair reuniu na semana passada 18 importadores no Rio, a maioria representando vinícolas portuguesas que enxergam o Brasil como um mercado com grande potencial para ampliar as suas vendas.

“No Brasil, o consumo per capita de vinho é de dois litros por ano. Para se comparar, em Portugal são 47 litros por ano. São quase 200 milhões de potenciais consumidores”, afirma o português José João, responsável pela comunicação da Essência do Vinho, empresa que organizou a Brasil Wine Fair.
José João acredita que os brasileiros estão cada vez mais interessados em conhecer vinhos, o que abre espaço para que os produtores europeus ganhem um espaço que hoje é dominado por rótulos argentinos e chilenos. “Os brasileiros estão saturados desses vinhos”, acredita.
Apostando nessa tendência, a brasileira que vive em Portugal há nove anos Kiria Marques investe na importação de vinhos portugueses para o Brasil há cerca de seis meses. Ela representa a Emporio Cose, empresa que traz ao País vinhos, azeites e queijos portugueses, entre outros produtos. “O Brasil tem uma carência imensa de oferta de produtos portugueses, e ela pode ser preenchida por produtos de qualidade e com bom preço”, afirma.
Mais novo no mercado brasileiro é António Lopes Ribeiro, da distribuidora Casa de Mouraz. Representante de cerca de dez rótulos orgânicos, ele está em busca de um importador no Brasil. A empresa exporta para 15 países diferentes, e está muito otimista em relação ao País. “O Brasil pode ser um mercado importante para a marca. Dá mais gosto vender aqui, por causa da ligação histórica com Portugal”, afirma Ribeiro.

Além da empolgação com o mercado brasileiro, o que todos esses empresários têm em comum é a indignação em relação às dificuldades impostas pelo governo brasileiro para a importação de vinhos. “Para outros países, eu envio uma amostra por uma transportadora e o cliente recebe sem problemas. Aqui, fica retido pela Receita Federal”, diz Lopes. “Não deve ser um ganho tão grande para o governo. Quem perde é o consumidor”, acrescenta.
José João calcula que os impostos representam um acréscimo de 83% no preço dos vinhos para o consumidor. Já Kiria decreta que o Brasil tem o maior imposto do mundo. “É muito protecionista”, diz. Mas nem isso a desanima desse mercado: “É só saber trabalhar com uma margem de lucro que não seja abusiva, porque é mais interessante ganhar no volume”, diz.
 

Reportagem de Mariana Sant'Anna
foto:cesaradames.wordpress.com

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