Uma organização dos Estados Unidos já inocentou 300 pessoas condenadas erroneamente à prisão erroneamente usando provas de DNA.
Entre os inocentados pela organização The Innocence Project desde sua criação em 1992, 17 haviam sido condenados à morte.
"É preciso mudar a mentalidade dos investigadores e da polícia. Eles às vezes estão tão convencidos da culpa do acusado que ignoram outras provas ou apostam no princípio de presunção de culpa", disse à BBC Peter Neufeld, um dos fundadores da organização, que é afiliada à Universidade Yeshiva, de Nova York.
Neufeld afirma que, para evitar condenações de inocentes, é preciso adotar uma atitude mais científica e estabelecer protocolos em investigações, como os adotados por hospitais para evitar infecções ou os que são usados por companhias aéreas para evitar acidentes.
"Uma simples lista com dez passos a serem seguidos reduziu as infecções cirúrgicas em 90% e acredito que podemos fazer o mesmo com o sistema penal", disse.
Os erros mais frequentes são identificação errada por meio de uma testemunha ocular, uso de provas menos exatas do que as de DNA, admissão de culpa por medo ou coação e práticas de advogados, investigadores e da polícia pouco qualificados.
No entanto, alguns policiais são contra as propostas de melhora do sistema, pois não querem reconhecer o que está errado ou porque temem ser afetados por possíveis mudanças.
"Os humanos comentem erros se confiam na intuição ou na memória; temos que apostar em métodos científicos, como as provas de DNA", disse Neufeld.
Cadeira elétrica
Um dos casos de inocentados pelo projeto é o de John Thompson, preso durante 18 anos, sendo 14 no corredor da morte, por um assassinato que não cometeu.
"Meus advogados me disseram que só um milagre poderia me salvar, pois já haviam se esgotado todos os recursos possíveis", disse.
Quando a cadeira elétrica já estava preparada, um investigador descobriu que um fiscal do distrito de Nova Orleans, Harry Connick, tinha escondido provas relativas ao caso, entre elas, o sangue do verdadeiro assassino, que não correspondia com o sangue de Thompson.
Um relatório do The Innocence Project demonstrou que Connick tinha retido provas favoráveis à defesa em pelo menos nove casos de condenação à morte. Quatro destes condenados já foram libertados.
"Minha transição do corredor da morte para uma vida livre foi fácil e suave, mas sei que sou uma exceção", disse Thompson.
Sem casa nem trabalho
No entanto, assim que Thompson saiu da prisão em 2003, ele não tinha casa nem trabalho.
"De repente eu estava com 40 anos, meu pai havia morrido e minha mãe estava em um asilo", disse.
Uma semana depois, ele encontrou trabalho em um escritório de advocacia e, neste trabalho, conheceu a futura esposa.
Desde que saiu da prisão, Thompson já ajudou dezenas de pessoas que foram inocentadas depois de, como ele, terem sido condenados erroneamente.
"O esforço de reconstruir suas vidas não deveria ficar com os indivíduos que passaram anos em prisões onde foram agredidos e até violentados, deveria ficar a cargo da sociedade", disse Thompson.
Depois do desastre causado pelo furacão Katrina em Nova Orleans, Thompson fundou a organização Resurrection After Exoneration, com sede na cidade, que garante moradia, educação e trabalho para os inocentados.
fonte:http://noticias.uol.com.br/bbc/2011/08/19/organizacao-usa-dna-para-provar-inocencia-no-corredor-da-morte.jhtm
foto:artesdaandreia-andreia.blogspot.com
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