Bastante impactado pela crise econômica, o volume de produção da indústria siderúrgica recuou 21,4% em 2009. Neste ano, no entanto, o setor deverá seguir em trajetória de forte recuperação, com alta de 31% na produção de aço bruto, para o valor recorde de 34,7 milhões de toneladas, impulsionada tanto pelas vendas internas (+34%) quanto pelas exportações (+14%).
No ano passado, foram produzidas no País 26,5 milhões de toneladas de aço bruto, volume bastante inferior aos 33,7 milhões de toneladas de 2008. A principal explicação para este recuo foi a queda da demanda interna. Diante da crise econômica, as encomendas das empresas consumidoras de aço diminuíram drasticamente, já que, além da retração econômica, os estoques encontravam-se relativamente elevados, ajustados para o ritmo de consumo pré-crise.
As vendas internas das siderúrgicas nacionais caíram 25% em 2009, de 21,8 milhões de toneladas para 16,3 milhões de toneladas, com retração relativamente semelhante para os produtos planos e longos. A produção de automóveis fechou o ano passado com queda de 1%, apesar da boa recuperação das vendas ocasionada pelos incentivos fiscais do governo.
A construção civil, por sua vez, deve ter encerrado o ano passado com queda de 6,6% e a indústria de bens de capital, com recuo de 17%. As exportações, que tradicionalmente representam cerca de um terço da produção nacional, tiveram queda de apenas 2,9%, para 8,9 milhões de toneladas. O recuo é relativamente modesto se considerada a redução da demanda internacional e só não foi mais acentuado graças aos embarques de produtos laminados planos, que tiveram alta de 48,5% em virtude, em grande parte, da baixa base de comparação. Para 2010, a expectativa é de reversão do cenário verificado no ano passado.
Diante da recuperação do mercado interno e também da retomada da demanda internacional, a produção nacional do setor siderúrgico deve apresentar grande alta. As vendas internas devem apresentar expansão de 34%, para 22,2 milhões de toneladas, sustentada pelo crescimento dos principais setores demandantes .
A construção civil, importante consumidora de aços longos, por exemplo, deve apresentar elevação de 7,1% em 2010. A projeção se baseia na perspectiva de forte expansão dos financiamentos habitacionais e nos impactos positivos das obras de investimento em infraestrutura do PAC.
No caso da indústria automotiva, a expectativa é de crescimento de 9,7%, para 3,5 milhões de veículos, o que se deve ao vigor esperado para o mercado interno. A expansão da massa salarial com aumento dos níveis de emprego e do salário real e as melhores condições relativas dos financiamentos com juros em queda e alongamento dos prazos devem ser as principais diretrizes do setor ao longo de 2010.
A indústria de bens de capital, por sua vez, deve apresentar elevação de 17% em relação a 2009. Além da baixa base de comparação, a elevada taxa de crescimento se justifica pela robusta da atividade industrial, pelo aumento da utilização da capacidade instalada e pela recuperação da confiança dos empresários, associados às boas perspectivas de médio prazo para a economia brasileira, fatores de estímulo à tomada de decisão de investimentos.
Na outra frente de vendas das siderúrgicas, as exportações brasileiras de derivados de aço devem crescer 14% neste ano, para 10,2 milhões de toneladas. A projeção baseia-se na recuperação da demanda mundial e orientação de parte da produção para exportação, levando em conta, inclusive, o início da operação da planta da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) em Santa Cruz (RJ) no segundo semestre.
Produção mundial de aço bruto deve crescer 13% em 2010 Em 2009, a produção mundial de aço bruto recuou 8,0%, para 1,22 bilhão de toneladas, com forte queda da produção de todos os países, com exceção da China, cuja indústria siderúrgica apresentou expansão vigorosa. Para 2010, a expectativa é de recuperação da produção mundial. Dois fatoressustentam essa perspectiva: a expectativa de crescimento de 9,5% do PIB chinês e a retomada da atividade nos países desenvolvidos. Com isto, projetamos elevação de 13% frente ao ano anterior, totalizando 1,44 bilhão de toneladas de aço bruto.
No ano passado, a produção chinesa apresentou elevação de 13,5%, atingindo o volume recorde de 568 milhões de toneladas de aço bruto. O forte crescimento da produção siderúrgica chinesa reflete principalmente um bom ritmo de crescimento da economia local: o PIB da China cresceu 8,7% em relação a 2008. Paralelamente, os incentivos fiscais do governo para combater os efeitos da crise mundial serviram de estímulo ao setor. Grande parte dos recursos públicos destinou-se a obras de infraestrutura e de construção de habitações, atividades consumidoras intensivas de aço.
Por outro lado, os demais países do mundo, como um conjunto, apresentaram queda de 21% em relação a 2008. Com o forte impacto da crise nas economias desenvolvidas, importantes produtores mundiais apresentaram retrações bruscas no volume de produção.
Japão, Alemanha e Estados Unidos, por exemplo, sofreram quedas de 26%, 29% e 36%, respectivamente. (Alexandre Gallotti). A análise mensal é produzida pela Tendências Consultoria Integrada para a Agência Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita e pelo comentário!