07/03/2016

Por que Portugal não está conseguindo atrair refugiados?

A grave crise migratória atual ameaça dividir a Europa e acabar com a livre circulação no continente. Não foram poucos, por exemplo, os governos que levantaram cercas e muros e restabeleceram controles de fronteiras na tentativa de travar o intenso fluxo de refugiados.

Mas nem todos os países, porém, enxergam o momento atual pelo aspecto negativo. Alguns deles estão de braços abertos para receber estrangeiros – o problema é que quase ninguém aceita esse convite.
Portugal é um dos lugares que veem com bons olhos a chegada de refugiados: imerso numa grave crise imigratória, o país precisa de mão de obra jovem.
Diante disso, seu governo implementou diversas medidas para atrair refugiados, além de se colocar à disposição para receber um número de migrantes ainda maior que o estabelecido nos acordos da União Europeia.
A cota inicialmente estipulada para o país, de 4.574 pessoas, saltou para 10.574 depois de o primeiro-ministro António Costa anunciar na Bélgica, há poucas semanas, que Portugal estava disposto a acolher outros 6 mil refugiados.
Entretanto, só 32 chegaram ao país até agora – outro grupo, com mais 37, é esperado nos próximos dias.
A baixa resposta às iniciativas lusas frustrou as autoridades locais. Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, o diretor-adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Luís Gouveia, admitiu que um dos principais entraves à chegada de refugiados é a recusa dos próprios de seguir para Portugal.
Antes dessa declaração, a culpa recaía sobre a burocracia de Itália e Grécia, responsáveis por realocar os requerentes de refúgio nos demais países europeus.
“O processo de recolocação está passando por dificuldades. Colocam a responsabilidade nas autoridades italianas e gregas, o que em parte é verdade, mas uma das principais razões para isso tem a ver com o fato de os requerentes de asilo não quererem ser recolocados”, disse Gouveia.
Como Portugal não tem a projeção internacional das principais potências econômicas europeias, avalia o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados, Rui Marques, acaba ignorado pelos migrantes que chegam ao continente.
“O que acontece é que a maioria desses refugiados não possui quaisquer informações sobre Portugal, então não se sente atraída pelo país. Não somos um país que tenha, por exemplo, a projeção da Alemanha”, afirmou Marques à BBC Brasil.
A baixa resposta às iniciativas lusas frustrou as autoridades locais. Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, o diretor-adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Luís Gouveia, admitiu que um dos principais entraves à chegada de refugiados é a recusa dos próprios de seguir para Portugal.
Antes dessa declaração, a culpa recaía sobre a burocracia de Itália e Grécia, responsáveis por realocar os requerentes de refúgio nos demais países europeus.
“O processo de recolocação está passando por dificuldades. Colocam a responsabilidade nas autoridades italianas e gregas, o que em parte é verdade, mas uma das principais razões para isso tem a ver com o fato de os requerentes de asilo não quererem ser recolocados”, disse Gouveia.
Como Portugal não tem a projeção internacional das principais potências econômicas europeias, avalia o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados, Rui Marques, acaba ignorado pelos migrantes que chegam ao continente.
“O que acontece é que a maioria desses refugiados não possui quaisquer informações sobre Portugal, então não se sente atraída pelo país. Não somos um país que tenha, por exemplo, a projeção da Alemanha”, afirmou Marques à BBC Brasil.

Trabalho e estudo

Uma das principais iniciativas para atrair jovens refugiados é a possibilidade de entrar no ensino universitário. No começo de fevereiro, o governo português anunciou um plano de distribuir 2 mil bolsas de estudos a requerentes de refúgio, com direito a alojamento e aulas de português e inglês. A medida abrange ainda as escolas politécnicas.
Para quem pretende trabalhar, Portugal promete emprego no setor agrícola em regiões onde geralmente há baixa densidade populacional. Segundo o ministro-adjunto português, Eduardo Cabrita, cerca de 100 municípios do país já manifestaram interesse em receber refugiados e ajudar a integrá-los ao mercado local.
“Existe uma escassez de mão de obra na agricultura em diversos pontos de Portugal, que só será compensada com a chegada de imigrantes dispostos a trabalhar”, aponta o economista português Horácio Piriquito.
Além disso, o país enviou representantes para os centros de relocação, um esforço a mais na tentativa de convencê-los a ir para Portugal.
“Esses representantes explicam aos refugiados o que Portugal pode oferecer, como cursos de línguas, alojamento e oportunidades de trabalho. É uma iniciativa interessante, que pode ter resultados positivos”, avalia o porta-voz da Acnur em Roma.

Esforço para a integração

Nos últimos meses, foi adotada em Portugal uma série de medidas para ajudar na integração dos requerentes de refúgio que chegarem ao país.
A Plataforma de Apoio aos Refugiados, por exemplo, ministrou cursos para as pessoas que vão se relacionar diretamente com os migrantes. Neles, foram abordados temas como alimentação, ética, traumas, vestuário e o diálogo entre religiões.
Já a Câmara Municipal de Lisboa criou um fundo com cerca de 2 milhões de euros (R$ 8,5 milhões) para apoiar os refugiados que permanecerão na capital lusa. Essa verba é direcionada à alimentação, educação e cuidados de saúde dos migrantes, além da construção de alojamentos como o recém-inaugurado Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados, que tem capacidade para abrigar 24 adultos e duas crianças de colo.
“A resposta que Portugal tem dado à questão dos refugiados é muito positiva. Nós fomos além de tudo o que nos foi solicitado”, afirma o coordenador Plataforma de Apoio aos Refugiados.
“Estamos com tudo preparado desde outubro do ano passado. Já criamos até mesmo os mecanismos para integrá-los ao serviço público de saúde e às escolas, para que possam aprender português”, explica Rui Marques, antes de arrematar: “A única coisa que falta agora é a chegada dos refugiados”.

Reportagem de Mamede Filho
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160306_portugal_refugiados_mf_ab#orb-banner
foto:http://www.ionline.pt/419681

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