Filas para atendimento de emergência e dificuldades para marcar consultas são problemas conhecidos dos brasileiros, mas se tornam cada vez mais uma preocupação também dos britânicos.
Sobrecarregado, o NHS (National Health System), que inspirou o SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro, passou a ocupar a primeira posição no ranking de preocupações dos britânicos nestas eleições, de acordo com o instituto Ipsos Mori. Em 2010, no mesmo período, o tema era o quarto mais importante.
O sistema atende quase a totalidade da população britânica – planos de saúde e consultas particulares são raras no Reino Unido.
Mas, com o envelhecimento da população, o sistema universal, pensado para tratar doenças como infecções, precisa lidar com doenças de longa duração, como problemas mentais que atingem idosos, para os quais não há cura.
Isso tem gastos muitos mais altos e demanda muito mais do sistema.
O Royal College of General Practioners, associação dos clínicos gerais britânicos, prevê que, em 18% das tentativas de marcar consultas, os pacientes não conseguem atendimento com um clínico geral (GP) na mesma semana.
Uma espera de sete dias pode parecer pouco para um brasileiro, mas os GPs são a base do sistema de saúde britânico. São as consultas feitas por eles que evitam a superlotação dos setores de emergência nos hospitais.
Um estudo do Imperial College London mostrou que, a cada cinco pessoas que procuraram emergências entre 2012 e 2013, uma o fez porque não conseguiu uma consulta com o GP.
Com isso, os setores de emergência não estão cumprindo metas: no final do ano passado, apenas 92% dos pacientes de emergências foram atendidos em menos de 4 horas - a meta é 95%.
Na corrida eleitoral, todos os principais partidos prometeram aumentar os recursos destinados ao sistema de saúde. Os Conservadores e os Liberais Democratas, que compõem a coalizão de governo, destinariam 8 bilhões de libras a mais ao setor nos próximos cinco anos; os Trabalhistas, principal partido de oposição, dariam um extra imediato de 2,5 bilhões de libras ao setor e promoveriam a contratação de mais 8 mil GPs.
Os partidos divergem, entretanto, na visão sobre a administração do vasto sistema de saúde nacional. Os Conservadores querem uma privatização gradual de partes do NHS, os Trabalhistas querem reduzir a participação de empresas privadas no setor.
Saúde básica
A situação espelha o que diversos especialistas apontam como um dos principais problemas do SUS - que foi inspirado no sistema britânico.
Segundo eles, a saúde básica, que deveria ser usada como porta de entrada para o sistema, é desvalorizada no Brasil. Por causa disso, pessoas com doenças simples recorrem diretamente a hospitais e emergências, superlotando unidades que deveriam se concentrar em casos mais graves.
De acordo com uma pesquisa Datafolha divulgada no ano passado, 69% dos entrevistados deram nota menor que cinco para a saúde do Brasil. O SUS ganhou nota zero de 19% dos entrevistados.
Quase um terço (29%) dos entrevistados disse que esperava algum serviço do SUS – como cirurgias e exames – há mais de seis meses.
O gasto público em saúde no Reino Unido, de acordo com o Banco Mundial, é bem mais alto que no Brasil. Mas os recursos destinados ao setor têm caído em proporção ao PIB no Reino Unido e crescido no Brasil.
Segundo a instituição, o total destinado por todas as esferas de governo à saúde passou de 3,8% do PIB brasileiro em 2009 para 4,3% em 2012 (dado mais recente disponível).
No mesmo período, essa taxa passou de 8,2% para 7,8% no Reino Unido.
fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150501_uk_saude_eleicoes_lab#orb-banner
foto:http://www.lejournalinternational.fr/Gra-Bretanha-qual-o-futuro-do-NHS_a2434.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita e pelo comentário!