O candidato à presidência Eduardo Campos (PSB), de 49 anos, morreu na manhã desta quarta-feira quando a aeronave em que viajava caiu na cidade de Santos (a 72 quilômetros de São Paulo no litoral paulista).
O avião, com capacidade para 12 pessoas, levava sete. Dois pilotos, Geraldo da Cunha e Marcos Martins, e cinco civis: além de Campos, Pedro Valadares (ex-deputado e assessor do candidato), Carlos Percol (assessor de imprensa), Alexandre Severo (fotógrafo ) e Marcelo Lyra (cinegrafista). Ninguém sobreviveu.
O acidente ocorreu na esquina das ruas Vahia de Abreu e Alexandre Herculano, no bairro do Boqueirão, próximo ao canal 3. A aeronave Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, saiu na manhã desta terça do Rio de Janeiro, onde o candidato participou na noite desta segunda-feira de uma entrevista para o Jornal Nacional. A queda aconteceu por volta das 10h, em uma área residencial, entre uma casa e uma academia de ginástica. Cinco pessoas ficaram feridas sem gravidade e foram levadas para a Santa Casa de Santos, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo. De acordo com ele, ao menos oito residências foram atingidas por destroços.
Segundo o comitê de campanha do candidato, Campos tinha uma agenda na cidade nesta manhã, que incluía uma série de entrevistas às redes de TV local e uma passeata. Ele voltaria à tarde para São Paulo, onde participaria de uma gravação. Um dos compromissos seria ao lado do vereador Valdemir Batista (PSB). Ele disse ao EL PAÍS que, pouco antes do horário previsto para que a aeronave chegasse, recebeu uma ligação do comitê do candidato, dizendo que o avião estava com muita dificuldade para descer, devido ao clima.
Na madrugada desta terça-feira houve uma forte ventania no litoral de São Paulo. No momento da queda, chovia muito, conta Fernando Estriga, proprietário de uma banca que fica a 50 metros do local. "Ficamos apavorados, as pessoas começaram a correr de um lado para o outro". O estrondo, disse ele, foi sentido a três quadras do acidente. "Foi uma cena muito chocante, muitos curiosos, gente que queria ajudar", disse ele.
A Força Aérea Brasileira disse que o avião se preparava para o pouso, no aeroporto da cidade vizinha, Guarujá, quando arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave.
As investigações consideram o caso como um homicídio culposo (sem intenção de matar), de acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, que esteve no local ao lado da Polícia Militar e da Polícia Federal. Também trabalhavam 45 bombeiros, que tentam resgatar os corpos, todos em "estado delicado", segundo o tenente Palumbo. Após a queda, o avião pegou fogo e os corpos ficaram totalmente carbonizados, o dificultará a identificação. De acordo com Grella, será necessário realizar testes de DNA em São Paulo. Cães farejadores também foram levados para o local, para tentar descobrir se há mais vítimas mortais entre as casas atingidas.
A Rede Sustentabilidade, grupo político da vice da chapa, Marina Silva,lamentou a morte dele no Twitter. Silva foi para Santos nesta tarde, onde fez declarações à imprensa, bastante abalada pela tragédia. "Foram dez meses de intensa convivência e, como eu disse, começamos a afiar juntos principalmente a esperança de um mundo melhor e mais justo. Eduardo estava empenhado com esses ideais até os últimos segundos de sua vida. E a imagem que eu quero guardar dele foi a da nossa despedida ontem, cheio de alegria, cheio de sonhos, cheio de compromissos. E com esse espírito que eu peço a Deus que possa sustentar e consolar a sua família e também a todos nós".
Em nota, o PSB comunicou a morte do candidato e disse que ele vivia o auge de "sua brilhante carreira política". "Perdemos Eduardo Campos quando mais o Brasil precisava de seu patriotismo, seu desprendimento, seu destemor e sua competência". A presidenta Dilma Rousseff (PT), que decretou luto nacional de três dias, e Aécio Neves (PSDB), primeiro e segundo colocados na disputa presidencial, cancelaram suas agendas. O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve em Santos nesta tarde, também decretou luto oficial no Estado.
Biografia
Campos nasceu em Recife no dia 10 de agosto de 1965. Ele era filho do poeta e cronista Maximiano Campos e neto do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, que morreu no mesmo dia 13 de agosto, de 2005, aos 88 anos. Segundo o irmão do candidato, Antônio Campos, ele agora será enterrado junto ao avô, no cemitério de Santo Amaro, em Recife. Deixa cinco filhos, o mais novo com seis meses.
Reportagem de Frederico Rosas
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/13/politica/1407945627_786665.html
foto:http://www.folhadoararipe.com.br/site/
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