A ONG
Save The Children divulgou na última terça-feira (15/04) um estudo no qual
aponta a Espanha como o segundo país da UE (União Europeia) com maior
porcentagem de crianças vivendo abaixo da linha da pobreza. Segundo a ONG,
29,9% - quase 3 em cada 10 - das crianças espanholas moram em casas cuja renda
anual é 60% inferior a média nacional, que na Espanha equivaleria a € 7.182
euros (R$ 22.160), de acordo com os dados de 2012, mesmo ano analisado no
estudo.
A média
europeia de pobreza relativa é de 21,4% e a Espanha perde apenas para a Romênia
nesse quesito (34,6%). Entretanto, o fator econômico é apenas uma das variáveis
com as quais trabalha a ONG para definir a pobreza infantil. Segundo os autores,
a pobreza é multidimensional, ou seja, abrange mais de um indicador.
Efetivamente, o estudo leva em conta outras duas condicionantes de exclusão
social para compor a pobreza: a falta de bens materiais importantes para o
desenvolvimento das crianças e a condição laboral dos pais (se estes se
encontram desempregados ou têm um trabalho precário).
Os
autores do estudo afirmam que, ao analisar os dados coletados, descobriram que
os fatores externos com maior capacidade de transformação do estado de pobreza
que muitas crianças se encontram são as intervenções redistributivas dos
Estados e a geração de empregos. Para ilustrar esta afirmação, os especialistas
da ONG citaram o caso da França e da Itália, que, apesar de possuírem dois dos
maiores PIBs do mundo, também registravam uma parte significativa da população
abaixo da linha da pobreza relativa ou em exclusão social.
Por
isso, eles argumentam que “a riqueza de um país não beneficia automaticamente
aos mais desfavorecidos da sociedade, salvo que se redistribua através dos
ingressos por trabalho ou transferências sociais. A pobreza infantil está
estritamente relacionada com um apoio econômico insuficiente do sistema de
bem-estar”.
Ajudas
destinadas às famílias
O
desenho dos sistemas de transferências sociais é fundamental para o sucesso dos
mesmos. Os países que aplicam medidas direcionadas às famílias, como moradias
sociais, acesso a empregos não precários, existência de um salário mínimo,
auxílio-desemprego, reduções fiscais e acesso à educação e atendimento
sanitário gratuitos e de qualidade, são os que apresentam o melhor impacto.
Estas
medidas são tão importantes que em alguns casos, como na Irlanda e no Reino
Unido, as políticas de transferências sociais conseguem retirar até 32% das
crianças do grupo de perigo de pobreza. Entretanto, segundo o estudo, países
que gastam menos em políticas sociais e cujos sistemas estão direcionados
apenas à criança não produzem o mesmo resultado. A Espanha é o Estado que tem o
sistema de ajudas sociais menos eficaz da Europa. O país consegue, por meio de
suas políticas, alçar apenas 6,9% das crianças que se encontram abaixo da linha
de pobreza para fora dela.
Reportagem de Rafael Duque
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita e pelo comentário!