15/04/2014

Estudo aponta que 3 em cada 10 crianças espanholas vivem abaixo da linha da pobreza


A ONG Save The Children divulgou na última terça-feira (15/04) um estudo no qual aponta a Espanha como o segundo país da UE (União Europeia) com maior porcentagem de crianças vivendo abaixo da linha da pobreza. Segundo a ONG, 29,9% - quase 3 em cada 10 - das crianças espanholas moram em casas cuja renda anual é 60% inferior a média nacional, que na Espanha equivaleria a € 7.182 euros (R$ 22.160), de acordo com os dados de 2012, mesmo ano analisado no estudo.
A média europeia de pobreza relativa é de 21,4% e a Espanha perde apenas para a Romênia nesse quesito (34,6%). Entretanto, o fator econômico é apenas uma das variáveis com as quais trabalha a ONG para definir a pobreza infantil. Segundo os autores, a pobreza é multidimensional, ou seja, abrange mais de um indicador. Efetivamente, o estudo leva em conta outras duas condicionantes de exclusão social para compor a pobreza: a falta de bens materiais importantes para o desenvolvimento das crianças e a condição laboral dos pais (se estes se encontram desempregados ou têm um trabalho precário).
Os autores do estudo afirmam que, ao analisar os dados coletados, descobriram que os fatores externos com maior capacidade de transformação do estado de pobreza que muitas crianças se encontram são as intervenções redistributivas dos Estados e a geração de empregos. Para ilustrar esta afirmação, os especialistas da ONG citaram o caso da França e da Itália, que, apesar de possuírem dois dos maiores PIBs do mundo, também registravam uma parte significativa da população abaixo da linha da pobreza relativa ou em exclusão social.
Por isso, eles argumentam que “a riqueza de um país não beneficia automaticamente aos mais desfavorecidos da sociedade, salvo que se redistribua através dos ingressos por trabalho ou transferências sociais. A pobreza infantil está estritamente relacionada com um apoio econômico insuficiente do sistema de bem-estar”.
Ajudas destinadas às famílias
O desenho dos sistemas de transferências sociais é fundamental para o sucesso dos mesmos. Os países que aplicam medidas direcionadas às famílias, como moradias sociais, acesso a empregos não precários, existência de um salário mínimo, auxílio-desemprego, reduções fiscais e acesso à educação e atendimento sanitário gratuitos e de qualidade, são os que apresentam o melhor impacto.
Estas medidas são tão importantes que em alguns casos, como na Irlanda e no Reino Unido, as políticas de transferências sociais conseguem retirar até 32% das crianças do grupo de perigo de pobreza. Entretanto, segundo o estudo, países que gastam menos em políticas sociais e cujos sistemas estão direcionados apenas à criança não produzem o mesmo resultado. A Espanha é o Estado que tem o sistema de ajudas sociais menos eficaz da Europa. O país consegue, por meio de suas políticas, alçar apenas 6,9% das crianças que se encontram abaixo da linha de pobreza para fora dela.


Reportagem de Rafael Duque

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