O impasse em relação às
leis de imigração americanas, junto com a política de deportações de
indocumentados dos EUA, pesou negativamente nas remessas recebidas no ano
passado pelos países latino-americanos, segundo um estudo anual do instituto
Interamerican Dialogue.
O envio de dinheiro para o continente caiu 1% em
2013 para pouco mais de US$ 60 bilhões (R$ 139 bilhões), de acordo com o
levantamento, apresentado nesta quinta-feira em Washington.
Os especialistas atribuíram a queda ao impasse
em relação à reforma migratória nos Estados Unidos, que restringe os imigrantes
indocumentados aos empregos mais mal-remunerados do mercado.
Quatro em cada cinco destes imigrantes ganham
menos de US$ 25 mil por ano - acima da linha da pobreza, mas pouco para
permitir envios de dinheiro em grandes quantias, avaliou o estudo. Tipicamente,
imigrantes enviam cerca de 10% de suas receitas para o país de origem.
Ao mesmo tempo, a política americana de
deportações de estrangeiros indocumentados, uma das mais polêmicas do governo
do presidente Barack Obama, estrangula a fonte dos recursos, principalmente
para o México, país origem da maior parte dos imigrantes nos EUA.
Mais de 650 mil mexicanos foram deportados ou
barrados na fronteira no ano passado, mostrou o estudo. Os que ficaram nos EUA
mandaram para casa US$ 21,7 bilhões em 2013 - praticamente o mesmo que no ano
anterior, de acordo com a pesquisa.
"Você começa a pensar nos lares e nos
bairros mexicanos que vêem nas remessas uma linha de salvação. Seria uma
surpresa se o crime e a violência começassem a aumentar nesses lugares?",
refletiu o especialista em remessas do Banco Mundial, Dilip Ratha, em uma mesa
redonda para discutir o estudo.
"São coisas a se pensar quando discutimos a
reforma da imigração."
Obstáculos
nos EUA
Os EUA estão na origem de cerca de três em cada
cinco dólares enviados para casa por latino-americanos no exterior.
No passado, disse Ratha, os analistas podiam
relacionar a chegada de imigrantes mexicanos nos EUA à saúde do mercado
imobiliário americano - posto que os primeiros engrossam a mão-de-obra
necessária para o segundo.
Nos últimos anos "essa relação se rompeu",
afirmou o especialista. "Nós achamos que isso tem a ver com as
deportações".
O argumento reforça a posição de organizações
pró-imigrante que pressionam o presidente Barack Obama a emitir uma ordem
executiva suspendendo as deportações até a aprovação de uma legislação de
imigração definitiva.
Calcula-se que em poucas semanas o número de
deportados no governo Obama atinja dois milhões. As organizações chamam atenção
para o efeito devastador dessas políticas, chamada de Comunidades Seguras, em
famílias de imigrantes.
A Casa Branca diz que o presidente não tem
poderes para suspender o programa.
A aprovação de uma legislação final de imigração
caminha a passos lentos na Câmara dos Deputados, controlada pelo Partido
Republicano, avesso a uma reforma que beneficie os imigrantes indocumentados.
'Fonte de
prosperidade'
Reforçando os efeitos da situação na América do
Norte, os especialistas apontaram que a crise financeira na Espanha também
pesou na redução das remessas para a América Latina em 2013.
Desde 2007, ano em que se iniciou a crise
econômica, cerca de 700 mil latino-americanos retornaram para casa por falta de
trabalho no país ibérico, de acordo com o Interamerican Dialogue.
Em alguns casos, a volta dos imigrantes para
casa é sinal de prosperidade doméstica. O Paraguai, por exemplo, que recebe em
remessas equivalentes a 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB), vive um 'boom'
alimentado pela alta das commodities agrícolas.
Mas o pesquisador que coordenou esta edição e
edições anteriores do estudo, Manuel Orozco, disse que emigração e o envio de
remessas continuam a ser fontes importantes de prosperidade econômica no
continente.
Um em cada três lares latino-americanos têm um
parente morando no exterior e, em 70% deles, as remessas ajudam a complementar
o orçamento, enfatizou Orozco.
Em uma tabela com 24 nações, o Brasil aparece
como 9º entre os países latino-americanos que mais receberam remessas em 2013
(pouco menos de US$ 2 bilhões).
Entretanto, o estudo afirma que estes números
estão "altamente subestimados", porque nem todas as operações são
registradas como remessas.
Para o instituto, cerca de um milhão de
brasileiros no exterior enviam aualmente em média US$ 7 mil para casa, o que se
traduz em um total de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões em remessas por ano.
Depois do México, os países que mais receberam
remessas em 2013 foram Guatemala (US$ 5,1 bilhões), Colômbia (US$ 4,1 bilhões)
e El Salvador (US$ 4 bilhões).
foto:http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/economia/2013/09/18/eua-decidem-manter-pacote-de-us-85-bi-por-mes-para-incentivar-economia.htm

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