05/02/2014

Um apagão deixa seis milhões sem energia em meio à onda de calor


Em meio à maior onda de calor desde que se iniciaram os levantamentos sistemáticos de temperatura no país, uma falha em uma linha de transmissão de energia deixou parte das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste sem energia elétrica no começo da tarde de ontem, afetando 6 milhões de pessoas, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS).
O apagão atingiu 11 Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Goiás e Espírito Santo. Na capital paulista, o serviço de metrô da linha 4 foi interrompido e houve o registro de tumultos. Pelo país, o apagão desligou semáforos, prejudicou o abastecimento de hospitais e comerciantes que não tinham gerador, atrapalhou clientes em bancos e em outros estabelecimentos comerciais e deixou sem escapatória do calor milhões de pessoas. 
A pane começou às 14h03 e consistiu em dois curto-circuitos seguidos, segunda uma nota do ONS, que afirmou que a energia foi restabelecida às 15h30 no país. O Governo organizou no final da tarde uma entrevista coletiva com os diretores da área elétrica. Durante mais de 20 minutos, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, demonstraram uma incapacidade de dimensionar o problema e uma dificuldade ainda maior em apontar soluções objetivas.
Grande parte da entrevista foi ocupada pelos diretores culpando o regime anormal de chuvas. "Não sabemos o tamanho do problema”, afirmou Tomalsquim em um trecho da coletiva, em um contexto em que avaliava que as eventuais correções do sistema podem mudar caso volte a chover. Zimmermann, por sua vez, afirmou que não há risco de desabastecimento.
O jornal Valor escreveu em sua manchete desta terça-feira: “Risco de déficit de energia neste ano já passa de 20%.” A previsão acabou coincidindo com a queda de energia. No mesmo dia.
Neste contexto, como cerca de 70% energia é produzida por usinas hidrelétricas, os preços dispararam e bateram um recorde na sexta-feira passada (dia 1), chegando a 822,83 reais por megawatt-hora, que equivale ao consumo de 500 residências. O recorde anterior de 680 reais por megawatt-hora foi atingido durante o apagão de 2001.
Para o meteorologista Gustavo Verardo, da Somar Meteorologia, a expectativa é de que o calor continue nos próximos 15 dias. "Para se ter uma ideia", diz Verardo, "a sensação térmica vai atingir de 40 a 50 graus Celsius em várias capitais brasileiras, o que é anormal até mesmo para o verão."
Além das altas temperaturas, o país está sofrendo com uma estiagem severa em varias regiões. Verardo afirma que várias áreas de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram menos de metade da chuva prevista registrada historicamente em janeiro.
Com isso, cidades do interior paulista como Campinas, Piracicaba, Limeira, São Carlos e Descalvado já cogitam medidas de racionamento. O reservatório da Cantareira, responsável pelo abastecimento de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo, está com cerca de 21% da capacidade de seus reservatórios. Os reservatórios nacionais terminaram o mês de janeiro com 42,6% da capacidade.
O caloraço aumenta mais o uso de ventiladores e ar-condicionado, o que contribui para sobrecarregar o sistema, causando apagões como os desta terça-feira.
Na capital gaúcha, Porto Alegre, o mês de janeiro passado foi o mais quente desde 1916, quando começou a ser medida a temperatura. Em São Paulo, as temperaturas de janeiro também tiveram a média mais elevada desde 1943.

Reportagem de Felipe Vanini
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/04/economia/1391546362_080675.html
foto:http://aracnosoro.blogspot.com.br/2013/06/apagao-em-sorocaba-durou-mais-de-uma.html

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