Tonturas, sensação de torpor, cansaço, confusão mental, coma e até a morte são alguns dos efeitos que as variações no termômetro provocam no organismo.
Pouco mais de duas semanas após o início do inverno, o ar congelante tem quebrado recordes nos Estados Unidos, com temperaturas perigosamente baixas para a vida humana. A cidade de Nova York registrou o frio mais severo da história na terça-feira, 7 de janeiro: -16 graus Celsius, com sensação térmica de -26 graus Celsius, no Central Park. Um dia antes, algumas cidades no meio-oeste do país alcançaram as menores marcas dos últimos vinte anos. Em Chicago, o termômetro marcou -27 graus Celsius.
A variação acentuada de temperatura, como a registrada em Nova York, exige atenção. Para quem enfrenta temperaturas tão baixas, mesmo pequenas variações trazem efeitos críticos para o organismo. O corpo treme (são os músculos buscando se movimentar e gerar calor) e os vasos sanguíneos se contraem para evitar que a temperatura normal do organismo, que varia de 36 a 37 graus Celsius, não caia – o que mantém a sensibilidade de extremidades como mãos, pés, nariz e orelhas. Se essas estratégias para reter o calor não funcionarem, o próximo passo é o congelamento e a gangrena. "O corpo lança mão dessa série de mecanismos para manter sua temperatura, necessária para a realização de todas as reações bioquímicas do organismo", diz Paulo Olzon, clínico geral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os efeitos do frio intenso variam de acordo com a idade, peso, carga genética e mesmo o hábito de se expor ou não às temperaturas baixas. Os que mais sofrem com as temperaturas extremas são crianças de até 2 anos e idosos acima dos 60 anos, que não dispõem de mecanismo tão eficazes para permanecer na temperatura ideal e podem ter hipotermia – a queda acentuada de temperatura leva à confusão mental, ao coma e à morte. Em geral, dispomos de uma reserva de calor para suportar variações intensas de temperaturas, que mudam de acordo com cada um. “Em questão de minutos o organismo percebe a mudança brusca e procura se adaptar”, afirma Olzon.
O ideal é permanecer em locais fechados e manter o calor do corpo com agasalhos e bebidas quentes. "Também não é indicado sair ao vento, que retira a camada de ar quente ao redor da pele e traz a sensação de ainda mais frio", diz o clínico.
Calor no Brasil – Enquanto isso, os termômetros marcam temperaturas altas no Brasil. Na última sexta-feira, nove das dez estações meteorológicas mais quentes do mundo estavam no país. A mais escaldante era a de Joinville (SC), com termômetros marcando 39 graus Celsius. No Rio de Janeiro, a temperatura chegou aos 38 graus Celsius, com sensação térmica de 52. Para os próximos dias, a temperatura deve diminuir, mas não muito. A previsão é que, na próxima quinta-feira, a capital carioca chegue aos 36 graus Celsius e São Paulo atinja os 34 graus Celsius, de acordo com o Climatempo.
No calor intenso, o corpo transpira mais, buscando diminuir o superaquecimento. O hipotálamo, região cerebral que regula a sensação de sede, dispara o comando para que o corpo beba líquidos e evite a desidratação, o principal vilão das temperaturas elevadas. Com a transpiração elevada e a falta de água, o organismo sofre com tonturas, sensação de torpor e cansaço. Os membros se movimentam lentamente, buscando não gerar mais calor, e a respiração se torna acelerada: é a estratégia para eliminar vapor pela respiração e diminuir a temperatura interna.
Quanto mais quente e úmido, maior a sensação térmica - associação entre a temperatura na escala do termômetro e a umidade relativa do ar. Por isso, ela pode ultrapassar os 50 graus Celsius. "Além disso, quando há ventos, a sensação é de uma temperatura mais amena, pois o vento refresca o ambiente", afirma Fábio Rocha, meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Para não sofrer esses efeitos do calor extremo, as melhores opções são buscar ambientes ventilados, tomar água e sucos e usar roupas leves, que não impeçam o calor de escapar do organismo. "Convivendo durante muito tempo com temperaturas muito baixas ou muito altas, o metabolismo corporal tem a tendência a se adaptar e a sofrer cada vez menos", diz Olzon.
Reportagem de Rita Loiola
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