16/12/2013

América Latina põe os fumantes na rua

Até pouco tempo atrás refúgio dos fumantes, o número de bares e locais públicos que permitem que seus clientes fumem é cada vez menor na América Latina.
Efetivamente, já é cada vez menos provável entrar em um bar em qualquer cidade da região e que imediatamente seus pulmões se encham desse cheiro acre que a fumaça do cigarro deixa.
Oito países da América Latina já têm ambientes públicos 100% livres de fumaça, enquanto o restante tem pelo menos cinco categorias de locais públicos onde está proibido fumar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estes países são: Barbados, Colômbia, Guatemala, Honduras, Panamá, Peru, Trinidad e Tobago e Uruguai.
Embora os sinais de Proibido Fumar sejam cada vez mais onipresentes, é uma luta que mal começa. Por quê?
Os especialistas afirmam que a venda de cigarros está diminuindo ou estagnando nos países desenvolvidos, mas aumenta nos países de rendimento baixo e médio (a maioria da América Latina) devido a uma agressiva campanha de comercialização da indústria tabagista nessas regiões. O público objetivo: as mulheres e a juventude. O palco: eventos esportivos, musicais e outros. Método: distribuição gratuita de cigarros.
Quase 80% dos mais de um bilhão de fumantes em nível mundial vivem nos países de rendimento médio e baixo. E o cigarro segue matando pessoas. Nos minutos que se seguem entre o momento em que um fumante acende um cigarro até que a bituca aterrisse no cinzeiro morrerão cerca de 50 pessoas no mundo como resultado da repetição dessa mesma operação inúmeras vezes. O total de vítimas fatais: seis milhões de pessoas a cada ano, uma a cada seis segundos, aproximadamente. Cerca de 600.000 não fumantes perecem por inalar a chamada “fumaça alheia”, expelida pelos fumantes, de acordo com dados do Banco Mundial e da OMS.
Na América Latina, o contra-ataque se baseia em uma forte política de controle do tabagismo que inclui medidas impositivas, a proibição de fumar em locais públicos e uma maior conscientização em relação aos perigos do tabagismo.
Argentina, Panamá e Uruguai são bons exemplos de um controle estrito do consumo de tabaco, enquanto Brasil, Chile, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela são bons exemplos de países com duras etiquetas de advertência em relação aos males do tabagismo. E Brasil e Uruguai se destacam pelo tratamento ao vício ao fumo.
A má notícia é que à medida que a taxa masculina diminui, o tabagismo entre as mulheres, especialmente as mais jovens, está aumentando. Na região da América Latina e o Caribe há 25% da população, ou 145 milhões de pessoas, que fumam. Desse percentual, 16% são mulheres jovens,  ante 8% nos Estados Unidos e 11% em nível mundial.
Uruguai à frente
A política antifumo do Uruguai é um dos exemplos de maior sucesso da América Latina e o Caribe e foca em múltiplos setores da sociedade, especialmente entre os adolescentes.
O principal embaixador da luta contra o fumo no país, com estratégia que propagou por toda a América Latina, é o ex-presidente Tabaré Vazquez. “Conscientizar à população em relação ao impacto negativo do tabagismo sobre a saúde é mais eficiente e rentável que atendê-los depois que fiquem doentes”, assegura.
O ex-presidente, médico de profissão, tem uma clara radiografia dos enormes danos humanos e materiais causados pelo tabaco.
As cifras são assombrosas. A taxa de mortalidade para doenças não transmissíveis, muitas delas causadas pelo tabagismo, duplicam a taxa de mortalidade por doenças transmissíveis: 93,8 por cada 100.000 habitantes, frente a 55,4 por cada 100.000 habitantes.
Assim mesmo, a América Latina gasta mais de 70 bilhões de dólares por ano (cerca de 160 bilhões de reais) para tratar dois das doenças não transmissíveis mais mortíferas: a diabetes e o câncer.
Vázquez foi quem conseguiu que seu país fosse um dos primeiros em assegurar a criação de ambientes 100% livres de fumaça a partir de 2005. Como resultado destas medidas, entre 2006 e 2009 o consumo de tabaco nas zonas urbanas do Uruguai (onde vive 95% da população) registrou uma das quedas mais vertiginosas do mundo. A maior foi registrada entre os fumantes de 15 a 24 anos, cujo número foi reduzido em 44% durante o período.

Reportagem de María José González

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