A
população de Portugal, uma das grandes afetadas pela crise econômica da zona do
euro, diminuiu pelo terceiro ano consecutivo. O saldo negativo, diz pesquisa do
INE (Instituto Nacional de Estatística) divulgada na última terça-feira
(29/10), é em função do fluxo migratório: cerca de 120 mil portugueses deixaram
o país em 2012, enquanto apenas 90 mil crianças nasceram.
Confirmando
previsões dos últimos anos, os nascimentos voltaram a cair, preocupando
geógrafos com o "envelhecimento da população" - termo utilizado por
portugueses para descrever a diminuição da capacidade da força de trabalho.
Além disso, o valor é um recorde histórico: pela primeira vez na história do
país, menos de 90.000 crianças nasceram (foram 89.841 em 2012). Comparada a
2011, a diminuição foi de 7,2%.De
acordo com as estatísticas, 107.612 pessoas em 2012, um aumento de 4,6%. Ou
seja: o crescimento natural foi, portanto, negativo - houve 17.771 mais mortes
do que nascimentos, uma diferença três vezes maior do que em 2011. Para
além do valor negativo do crescimento natural (ou seja, da diferença entre
nascimentos e óbitos), dizem os especialistas, o principal fator para a
diminuição da população está no saldo migratório.
“Se muitos destes dados estavam previstos a médio e longo prazo, o saldo
migratório não. Nos dois anos recentes, voltamos a uma situação anterior, com
saldo migratório negativo, por efeito da imigração a diminuir e da emigração a
aumentar”, explicou a demógrafa Maria João Valente Rosa em entrevista ao
jornal Público
A especialista reitera que a diminuição dos nascimentos “não é de hoje” e que o
número de óbitos se deve a um fenômeno normal. “Há mais gente nas idades em que
se morre mais”, conclui. “É uma situação que nos obriga a pensar
seriamente e tem a ver com o posicionamento do país face ao exterior. [Portugal]
está perdendo pessoas porque muitas estão saindo, e muitas já não estão
entrando”, acrescenta Maria Rosa, apontando que o "futuro do país está em
jogo" com diminuição da população.
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