A onda de protestos que acontece no Brasil desde o começo do mês foi motivada pelo reajuste no preço das passagens de ônibus, trens e metrô. À medida que as manifestações tomaram maior proporção, no início desta semana, as razões por trás das mobilizações também se tornaram mais abrangentes. As redes sociais, que serviram como principal canal de comunicação para os ativistas nos últimos dias, são os grandes mecanismos que os manifestantes têm utilizado para compartilhar as causas que justificam a ida quase que diária às ruas.
Para difundir as diretrizes por trás dos protestos, os ativistas estão utilizando textos em blogs, vídeos no YouTube, eventos e montagens com frases de ordem.
O material tem sido amplamente compartilhado no Twitter, Instagram e outras redes sociais, e frequentemente associado às hashtags #TodosUnidosPorUmBrasilMelhor, #OPovoCansouDilma, #VemPraRua, #changebrazil, #AcordaBrasil e #oGiganteAcordou.
Não é pelos #20centavos
Cura gay
Os manifestantes são contra o projeto que altera pontos da resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que orientam profissionais em questões sobre a orientação sexual. O texto susta dois itens do regimento: o que proíbe os psicólogos de colaborarem com “eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade” e de "reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica". O projeto, de autoria do deputado federal João Campos (PSDB-GO), foi apelidado por entidades e movimentos ligados a grupos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) de “cura gay”, por entenderem que tipifica a homossexualidade como uma doença.
PEC 37
A Proposta de Emenda à Constituição nº 37, que define como competência "privativa" da polícia as investigações criminais ao acrescentar um parágrafo ao artigo 144 da Constituição, é uma das reivindicações dos ativistas. A legislação brasileira confere à polícia a tarefa de apurar infrações penais, mas em momento algum afirma que essa atribuição é exclusiva da categoria policial. No caso do Ministério Público, a Constituição não lhe dá explicitamente essa prerrogativa, mas tampouco lhe proíbe. É nesse vácuo da legislação que defensores da PEC 37 tentam agir neste momento.
Copa do mundo
A onda de protestos também está sendo associada à Copa do Mundo, que será realizada no país em 2014. Os manifestantes defendem que todo o investimento direcionado aos estádios de cidades que sediarão os jogos deveria ser feito em outras áreas como educação, saúde e transporte público. Os ativistas também reclamam do gasto abusivo na organização da Copa das Confederações e pedem a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os gastos com o evento, possíveis superfaturamentos e transgressões com a venda de ingressos.
Qualidade do transporte público
A redução no preço das passagens foi só o começo, segundo os manifestantes. Entre as reivindicações dos ativistas está a melhora na qualidade do transporte público que, segundo eles, não vale o preço cobrado em todo o país.
Corrupção no Congresso e fim do foro privilegiado
Os ativistas defendem ainda a criação de uma lei que torne a corrupção no Congresso um crime hediondo e o fim do foro privilegiado para os parlamentares - no Brasil, quando há alguma infração penal a ser apurada, o Supremo Tribunal Federal é quem julga o presidente da república, o vice-presidente, os membros do Congresso Nacional, os ministros de estado e o Procurador-Geral da República.
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