25/05/2013

Marcha das Vadias de São Paulo incentivará mulher a denunciar agressões


A terceira edição da Marcha das Vadias de São Paulo, que ocorre hoje na capital paulista (25), terá como tema “Quebre o Silêncio”, para incentivar denúncias de violência contra mulher. Na véspera, participantes do coletivo feminista que organiza o evento sairão pelas ruas do centro da cidade distribuindo cartões com informações sobre onde denunciar.
Os manifestantes se concentração na Praça do Ciclista, das 12h às 14h, e seguirão para a região central da cidade. Os cinco mil cartões que serão entregues podem ser levados na carteira e usados em casos de emergência. Além disso, serão distribuídos panfletos sobre os tipos de violência contra a mulher, os pontos de denúncia e o que é a Marcha das Vadias, uma resposta à ideia de que mulheres são culpadas pela violência que sofrem.
“Sabemos que muitas vezes as vítimas de violência de gênero não conseguem sequer tocar no assunto. Nossa intenção é incentivar essas mulheres a quebrarem o silêncio ainda que isso signifique simplesmente conversar com uma pessoa de confiança”, explicou a comissão organizadora do evento, em nota. Também foi lançada uma campanha no Facebook: trata-se de uma série de fotografias onde megafones aparecem como símbolo da quebra do silêncio.
Segundo o coletivo, em 65% dos casos de violência sexual, o estuprador é um parente ou conhecido da vítima. A cada dia, 2.175 mulheres telefonam para o 180 denunciando violência. Em 89 % destes casos, o agressor é o companheiro ou ex-companheiro e metade das vítimas diz estar correndo risco de morte. O Brasil é o 7º país no ranking mundial de homicídios de mulheres, segundo o Conselho Nacional de Justiça.

A marcha

Após uma onde de estupros em 2011 no campus da Universidade de Toronto, no Canadá, um policial sugeriu às jovens que evitassem "se vestir como vadias”. No dia 3 de abril daquele ano, três mil pessoas tomaram as ruas da cidade, em um protesto batizado como SlutWalk. O movimento se alastrou mundo e no Brasil ficou conhecido como Marcha das Vadias.
O objetivo é quebrar a ideia de que uma mulher vadia é aquela que é vulgar, promíscua, que não esconde seus desejos sexuais, agregando a isso um valor negativo. “Quando o senso comum diz que as mulheres são estupradas porque usam roupas consideradas ‘provocantes’, diz, nas entrelinhas, que os homens são incapazes de se controlar, que todo homem é um potencial estuprador”, aponta a nota.
A versão paulistana da Marcha das Vadias ocorreu pela primeira vez em 4 de junho de 2011. Em 2012, reuniu 2 mil pessoas e, no mesmo ano, assumiu a forma de um coletivo feminista que se propõe a lutar pelos direitos das mulheres. Além de marchar anualmente, o coletivo se reúne a cada 15 dias para deliberar sobre pautas da agenda feminista, promover debates e atividades culturais e políticas.

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