11/04/2013

Site propõe boicote a lugares que cobram preços ‘sem noção’ em SP


Lançado nesta semana, o BoicotaSP reúne reclamações a estabelecimentos que superfaturam o valor de seus produtos e serviços.



Em São Paulo, não é só o tomate que custa caro. Quem mora na cidade (e quem já passou por ela) sabe muito bem que os preços cobrados por produtos e serviços na capital paulista são bem altos. Para piorar, há uma sensação de abuso em certas situações. Para combater os preços "sem noção", um grupo de pessoas iniciou um movimento pelas redes sociais e na internet. Na última segunda-feira, entrou no ar o site BoicotaSP, um espaço que reúne denúncias a bares, restaurantes e prestadores de serviços paulistanos que abusam na hora de apresentar a conta.
De acordo com a descrição do BoicotaSP no Facebook, a plataforma "não é o Procon nem o Reclame Aqui. É um lugar para entender que as pessoas percebem a extorsão, que elas não são idiotas (sic). E que também ajuda os desavisados a não sentarem para comer e receberem uma conta de aluguel como resultado". Segundo o publicitário Ricardo Giassetti, um dos criadores do site, a ideia surgiu a partir do acúmulo de vários episódios semelhantes: a conta extrapolava o racional. "Percebemos, eu e minha esposa, que gastávamos cerca de 80 reais para jantar em um restaurante há dois anos e agora gastamos 200. Tudo está fora de controle", afirma ele, que toca o projeto com os também publicitários Danilo Corci, Camila Kintzel e Marcos Takabayashi.
A repercussão do BoicotaSP tem sido grande. Desde a criação do site, a página do BoicotaSP no Facebook conquistou 19 mil fãs - a maioria deles curtiu a página nesta quarta-feira, já que, até o dia anterior, a página tinha pouco mais de mil seguidores. O tráfego da página foi tão alto que, momentaneamente, ela foi tirada do ar. "Com o grande volume de acessos, estamos migrando o site para um servidor mais robusto. Por isso, nem todos os relatos foram ao ar e, consequentemente, as discussões sobre eles estão congeladas até que a nova plataforma se estabilize", afirma Giassetti.
O projeto é alimentado de maneira colaborativa, ou seja, quem quiser criticar o preço de um determinado estabelecimento comercial só precisa se cadastrar e postar a sua mensagem. No site, os lugares com preços “fora da realidade” são indicados em um guia por categorias, de pizzarias a museus. Os estabelecimentos também são classificados por um "índice de exploração", que aumenta conforme os votos que a indicação recebe. Dentre as reclamações mais absurdas, há relatos de milk shakes que custam 45 reais, cervejas populares de 14 reais e ingressos superfaturados, como as entradas do festival Skol Sensation, que chegam a 12,5 mil reais.
Os criadores do site têm recebido mensagens de pessoas de todo o Brasil pedindo para que o serviço seja ampliado. Por isso, uma versão nacional do site deve ser lançada em breve. "Vamos colocar no ar o BoicotaBR, para que todas as cidades brasileira sejam mapeadas pelo consumidores. Pelo que temos visto, o país todo está insatisfeito", diz Giassetti.
Uma outra novidade é a criação de um aplicativo do BoicotaSP para celulares, tablets entre outros dispositivos móveis. Com ele, o consumidor poderá fazer sua reclamação imediatamente após o ocorrido e acrescentar a localização do estabelecimento por GPS, usando a câmera do próprio celular.
Para Giassetti, porém, o resultado de um movimento como esse é uma incógnita. É difícil dizer se os usuários do site vão realmente boicotar os estabelecimentos mais caros. No entanto, ele acredita que a iniciativa trará consciência aos consumidores. "Nossa ideia não é incentivar necessariamente os boicotes, principalmente aos estabelecimentos. A ideia é que os 'boicotados' tomem atitudes, respondam claramente ou revejam suas políticas. É uma questão de informação e de cultura, de escolha e de respeito." É esperar para ver se a cidade de São Paulo conseguirá perder essa má fama.

Reportagem de Adriano Lira

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