04/03/2013

Acordo facilitará venda em países pobres de medicamentos para HIV em crianças


A Fundação Medicines Patent Pool (MPP, comunidade de patentes de medicamentos) anunciou no final de fevereiro em Genebra (Suíça), a assinatura de um acordo com três laboratórios farmacêuticos prevendo a possibilidade de conceder licenças de fabricação de medicamentos anti-HIV para crianças. É uma iniciativa que visa preencher uma enorme lacuna na resposta à pandemia da Aids.
A comunidade internacional estabeleceu para si o objetivo de eliminar novas infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) entre as crianças até 2015.
Essa meta se tornou mais plausível pela grande diminuição das contaminações: de 570 mil crianças infectadas pelo HIV em 2003, seu número caiu quase pela metade, chegando a cerca de 330 mil em 2011, ou seja, de qualquer forma quase mil crianças infectadas por dia.
No entanto, os tratamentos antirretrovirais em doses pediátricas são dispensados hoje a somente 28% dos 3,3 milhões de crianças infectadas, sendo que o índice de tratamento dos adultos nos países em desenvolvimento chegava a 50% no final de 2012. Além disso, como o sistema imunológico das crianças não é idêntico ao dos adultos, são indispensáveis formulações específicas.
A iniciativa da Fundação MPP consiste em ampliar o acesso aos tratamentos antirretrovirais. A MPP foi criada pela Unitaid, presidida pelo ex-ministro francês da Saúde, Philippe Douste-Blazy, e lançada em 2006 pela França, Brasil, Chile, Noruega e Reino Unido para criar mecanismos de financiamento inovadores no combate à Aids, à tuberculose e à malária.
Rendas intermediárias
O novo acordo une a MPP à ViiV Healthcare, uma joint-venture que reúne a GlaxoSmithKline, a Pfizer e a Shionogi. O acordo trata de uma molécula já comercializada, o abacavir, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em caso de fracasso de um primeiro tratamento anti-HIV, mas também como possível alternativa. As indústrias signatárias também se comprometeram a conceder licenças para os novos antirretrovirais que vão desenvolver.
Segundo a MPP, o acordo permitirá o fornecimento dos medicamentos "em 118 países onde vivem 98,7% das crianças afetadas pelo HIV". "Esse acordo sobre o abacavir e, futuramente, sobre outros medicamentos, representa um progresso", acredita Eric Fleutelot, diretor-geral adjunto internacional da Sidaction.
"No entanto, nem todos os países em desenvolvimento serão beneficiados", lamenta Michelle Childs, diretora de defesa estratégica da campanha de acesso aos tratamentos da Médicos Sem Fronteiras. De fato, países de rendas intermediárias como a Ucrânia, a China e o Brasil não são beneficiários.
Embora o acordo de 27 de fevereiro seja o primeiro para antirretrovirais com objetivo pediátrico, outros para adultos já haviam sido assinados. Em setembro de 2011, a americana Gilead se comprometeu a fornecer licenças para quatro de suas moléculas (tenofovir, emtricitabina, cobicistat e elvitegravir) para cinco laboratórios fabricantes de genéricos "que apresentem a capacidade de produzir medicamentos a menor custo, mas com a mesma qualidade", afirma Kaitlin Mara, gerente de comunicações da MPP.
 

Reportagem de Paul Benkimoun
Tradutor: Lana Lim

fonte:http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2013/03/01/acordo-facilitara-venda-de-medicamentos-para-combate-a-aids-em-criancas-em-paises-pobres.htm
foto:http://blog.midiaseducacao.com/2009/11/educomunicacao-no-i-encontro-das.html

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