O Parlamento francês iniciou ontem (29) em clima de grande tensão os debates sobre o polêmico projeto de lei que concede aos homossexuais o direito de se casar e adotar crianças. A proposta divide a sociedade do país e vem sendo combatida pela Igreja Católica e pelos partidos de direita.
A esquerda, majoritária, e a oposição se preparam para um embate parlamentar que deverá durar duas semanas: mais de 5,3 mil emendas ao texto já foram apresentadas, quase todas por partidos de direta.
Há meses o assunto vem mobilizando defensores e opositores do "casamento para todos", como é chamado o projeto de lei.
Inúmeras passeatas já foram organizadas no país nas últimas semanas. Em meados de janeiro, opositores ao projeto conseguiram reunir 340 mil pessoas nas ruas de Paris, segundo a polícia, ou 1 milhão, de acordo com os organizadores.
No domingo, houve o contra-ataque dos defensores da proposta, com uma manifestação que reuniu entre 125 mil e 400 mil pessoas em Paris a favor da reforma.
Mais importante reforma
O projeto, que autoriza o casamento entre homossexuais e a adoção por esses casais, é considerado por alguns a mais importante reforma da sociedade francesa desde a abolição da pena de morte na França, em 1981.
O governo afirma que sua determinação para garantir a aprovação do projeto - uma promessa de campanha do presidente François Hollande - é "total".
Para a ministra da Justiça, Christiane Taubira, que expõe na Câmara dos Deputados a visão do governo no início dos debates, a França "não deve discriminar seus cidadãos e todos devem ter os mesmos direitos".
"Vamos viver um momento histórico, ultrapassar a última barreira jurídica entre casais heterossexuais e homossexuais", diz o relator socialista do projeto de lei, Erwann Binet.
Referendo
O partido de direita UMP, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, vai exigir a realização de um referendo para que a sociedade decida se aprova ou não o casamento entre gays.
O ponto mais polêmico do projeto é a possibilidade de casais homossexuais adotarem crianças.
Pesquisas indicam que a maioria dos franceses (em torno de 60%, de acordo com diferentes institutos) é favorável ao casamento entre homossexuais.
A aprovação ao casamento chegou a ser maior em pesquisas realizadas em anos anteriores. Mas a maioria dos franceses (51%) é contra a adoção por casais do mesmo sexo, segundo uma pesquisa do instituto Ifop divulgada no sábado.
Nesta terça-feira, faixas contra o casamento homossexual e a adoção de crianças por casais gays podem ser vistas na capital francesa e seus arredores.
Opositores ao projeto também prometem fazer vigílias em frente ao Parlamento.
Para garantir as chances de aprovação do texto, o governo retirou do projeto o ponto mais polêmico: a possibilidade de mulheres lésbicas recorrerem a tratamentos de procriação médica assistida para engravidar.
O governo optou por adiar o debate dessa questão e retomar o assunto em um futuro projeto de lei sobre temas ligados à família.
Reportagem de Daniela Fernandes
fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/01/130129_franca_casamentogay_pai_df.shtml#page-top
foto:http://grupofreedom.blogspot.com/2012/12/casamento-gay-uma-realidade.html
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