Um remédio natural contra doenças do mundo moderno. Essa é uma das formas de se ver a equoterapia, que pode ser traduzida como um método terapêutico que utiliza a equitação. Há 15 anos, a fisioterapeuta Letícia Junqueira trabalha com essa prática e há dois tem parceria com o Jockey Club de São Paulo.
Ela garante que a equoterapia abrange muito mais que pessoas com mobilidade reduzida. "Essa terapia pode auxiliar no tratamento de estresse, insônia, síndrome do pânico e distúrbios alimentares (bulimia e anorexia), além de ajudar no aprendizado e no resgate da relação mãe e filho." Junqueira acrescenta que o contato corporal com o animal melhora a independência, a autonomia, a autoestima e a autoconfiança.
A fisioterapeuta explica que quando a pessoa está em cima do cavalo, precisa se adaptar ao movimento do animal - de um lado para outro, para frente e para trás, para cima e para baixo. Com isso, há liberação das endorfinas, os antidepressivos naturais do organismo.
"Durante esse exercício, o praticante recebe de 1.800 a 2.200 estímulos cerebrais e ajustes tônicos que percorrem a coluna e chegam até o Sistema Nervoso Central. Os neurônios se unem, geram novas células nervosas e ajudam no equilíbrio dos níveis de noradrenalina e da serotonina, o hormônio da felicidade."
Evolução emocional
O médico Paulo Facciola Kertman, ortopedista pediátrico e do esporte, indica a prática da equoterapia a seus pacientes com paralisia cerebral. Segundo ele, há evolução no aspecto emocional, psicológico e da coordenação motora. "As mães relatam que as crianças ficam mais calmas. Além disso, melhora o equilíbrio do tronco, fazendo com que não caiam com tanta frequência", avalia ele que, durante muitos anos, atendeu na Santa Casa e na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).
O médico diz que não há contraindicações para praticar a equoterapia, mas é necessário fazer uma avaliação prévia. "É preciso verificar as condições da coluna e dos quadris, partes bastante exigidas durante os exercícios com o cavalo", aconselha Kertman.
A neuropsicóloga Daniella Landucci, do Centro Paulista de Neuropsicologia (CNP), também recomenda a prática dos exercícios com cavalos a pessoas que tiveram sequelas físicas e cognitivas, em virtude de acidentes de carro ou moto.
"Dependendo da lesão, os acidentados não voltam a ter a mesma vida de antes. Percebi evolução rápida nos pacientes que praticam a equoterapia, principalmente no controle do tronco, melhorando a qualidade de vida", constata Landucci.
Adaptação do animal
Não é qualquer cavalo que é utilizado na equoterapia. Letícia Junqueira diz que o animal precisa passar por adaptação e treinamento de cerca de três meses. É necessário ter altura e idades ideais. "Se for muito novo só vai querer brincar e o mais velho não irá produzir muito", explica.
Chuva, que ajuda os pacientes de Junqueira, tem sete anos. A fisioterapeuta já está treinando outros cavalos para não sobrecarregar a égua. "Depois de cada sessão a deixamos solta para brincar um pouco. Não queremos que ela se estresse com seu trabalho", garante.
Prática vem da Grécia Antiga
Hipócrates (458 –370 a.C.), considerado o pai da medicina, já se referia à equitação na Grécia Antiga como sendo uma prática que ajudava na regeneração da saúde. Em seu livro "Das Dietas" ele afirmava que cavalgar melhorava o tônus muscular e também era indicado no tratamento de insônia.
A Primeira Guerra Mundial contribuiu para o desenvolvimento da Equoterapia. Muitos soldados feridos em combate utilizaram esse tratamento para se reabilitar.
No Brasil, a equoterapia foi introduzida em 1989, em Brasília. Na site da Associação Nacional de Equoterapia (Ande - http://www.equoterapia.org.br) é possível saber mais sobre o assunto, além de consultar locais, no país todo, onde essa terapia é praticada.
Reportagem de Carla Uerlings
fonte:http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/12/15/exercicios-com-cavalos-trazem-melhoras-para-quem-sofre-de-estresse-depressao-e-insonia.htm
foto:cavaloterapia.blogspot.com
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