Panelaço reúne milhares contra governo argentino e revela divisão do país
Um panelaço que reuniu milhares de pessoas em várias cidades na Argentina e também grupos no exterior revela o descontentamento de parte da população com o governo e a divisão da sociedade argentina. No protesto de ontem, batizado de 8N (8 de novembro), a maioria dos manifestantes em Buenos Aires vestia camiseta branca, erguia bandeiras e globos azuis e brancos, cores da bandeira argentina, batia panelas, garrafas e pratos em vários pontos da capital.
Eles exibiam cartazes com as frases: "Liberdade", "Imprensa livre", "Chega de inflação", "Basta de corrupção" e "Não à reforma da constituição para terceiro mandado da presidente".
O protesto foi realizado também em frente à residência presidencial de Olivos, onde a presidente mora, e está a pouco mais de uma hora do centro de Buenos Aires. Manifestantes argentinos fizeram protestos no exterior - em Sydney, Londres, Roma, Madri e Nova York - e no interior - em cidades como La Plata, Mendoza, Tucumán, Rosário e Salta, entre outras.
"Não tenham medo, isso, sim, é democracia", dizia um cartaz em Córdoba. "Chega de mentiras", dizia outro cartaz em Tucuman. Muitos também cantavam o hino nacional do país.
Movimento 8N
O protesto foi convocado inicialmente através das redes sociais até ser notícia nos principais jornais do país nos últimos dias. Na ultima semana, foram espalhados cartazes pela cidade, com campanhas de "sim" e "não" ao 8N, confirmando a divisão dos argentinos em relação ao governo.
Na véspera, um apagão, em um dia de calor recorde, que deixou mais de um milhão de usuários sem luz, semáforos desativados e afetou até a Casa Rosada, a sede da presidência da Argentina, aumentou o mau humor de muitos argentinos.
Para evitar a politização das manifestações, políticos de oposição fizeram apelos para que deputados e senadores não comparecessem ao encontro.
"A manifestação foi espontânea e não podemos prejudicar uma bandeira que é popular", disse a deputada Victoria Donda.
Vozes do governo criticaram o protesto. "É coisa da ultradireita", afirmou o deputado Aníbal Fernandez, ex-ministro do governo de Nestor Kirchner
Apoiador do governo, Ricardo Forster disse: "muitos lugares não fizeram protesto. A Argentina não é só Buenos Aires, Mendoza e Córdoba. É mais", disse. O líder social Luis D'Elia, que apoia o governo, disse que "a população tem direito de se expressar" e que nós também faremos nosso protesto, no dia dez de dezembro para aprovar a lei de mídia", afirmou.
Analistas políticos ouvidos pela BBC Brasil, Jorge Giacobbe, da consultora de opinião publica, Giacobbe e Associados, e Mariel Fernoni, da Management&Fit, observaram que a maioria da população argentina é de classe média e a "atitude da presidente não é tolerada", disse Giacobbe.
Mariel entende que o governo não fala sobre os assuntos que preocupam os argentinos, como a inflação e a insegurança pública e esta atitude, afirmou, contribuiu para queda na popularidade da presidente.
Em debate na TV C5N, o apresentador disse: "Parece que passou a ser pecado ser de classe media na Argentina. Somos um país de classe média, mas agora o governo parece ser contra essa classe e foi ela que protestou hoje em sua grande maioria", disseram.
fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121109_argentina_panelaco_dg.shtml
Reportagem: Marcia Carmo
foto:veja.abril.com.br
Equador
Presidente do Equador quer repartir lucro dos bancos com os pobres
O presidente do Equador, Rafael Correa (foto dir.), quer transferir parte dos lucros dos bancos aos pobres com um projeto de lei foi debatido ontem na Assembleia Nacional. Segundo banqueiros, o plano significa "quase um confisco".
Correa, um economista de esquerda que enfrentará um ex-banqueiro nas eleições presidenciais de 2013, se confirmar sua candidatura, espera arrecadar US$ 164 milhões adicionais dos bancos privados com a proposta. O Estado forneceria outros US$ 140 milhões para elevar de US$ 35 a US$ 50 o chamado Bônus de Desenvolvimento Humano (BDH), que recebem mensalmente 1,2 milhões de pessoas pobres no Equador.
Na Assembleia Nacional, os legisladores aliados ao governo mostraram um apoio entusiasmado ao projeto, enquanto os parlamentares de oposição mostraram cuidado em não parecer que defendiam os bancos.
O Equador não passou pela grave crise econômica que transformou os banqueiros em objeto de críticas nos países desenvolvidos nos últimos anos. No entanto, está fresco na memória o colapso financeiro de 1999, que forçou o Estado a nacionalizar instituições quebradas, a um custo de US$ 8 bilhões. Correa lembrou o fato nesta quarta-feira em entrevista televisiva na qual disse que enquanto nessa ocasião foram socializadas as perdas dos bancos, com seu projeto de lei pela primeira vez serão socializados os lucros.
A voz discordante chega das associações empresariais e, certamente, dos próprios bancos, que enfatiza que as entidades financeiras de hoje são as que não receberam ajudas estatais em 1999 e não deveriam pagar pelos erros de outros. O diretor-executivo da Associação de Bancos Privados do Equador, César Robalino, previu hoje que o setor registrará lucro líquido de US$ 300 milhões este ano, o que representa uma rentabilidade de 12%.
No entanto, segundo seus cálculos, essa rentabilidade se reduziria a 5% em 2013 com a aplicação de novos impostos, o que seria similar à inflação prevista, com o que o lucro real seria nulo. "É quase um confisco", lamentou Robalino.
O projeto contempla a cobrança de 12% do Imposto ao Valor Agregado (IVA) pelos serviços financeiros, que atualmente estão exonerados, e eleva os encargos sobre os fundos depositados no exterior, entre outras medidas. O projeto também dá poder à Junta Bancária, uma entidade estatal, para pôr teto aos salários dos diretores dos bancos e amplia o acesso do Serviço de Rendas Internas (SRI) à informação bancária dos cidadãos.
A proposta da alta do bônus foi apresentada originalmente por Guillermo Lasso, um ex-banqueiro que é candidato à presidência no pleito de fevereiro de 2013, mas ele disse que a pagaria com os fundos que o Estado destina à publicidade. Correa, que deve se apresentar à reeleição, reagiu prometendo o mesmo aumento, mas custeado com um aumento dos encargos aos bancos.
Após o debate de hoje o projeto de lei irá a uma comissão da Assembleia, que elaborará um segundo relatório que devolverá ao plenário, para finalmente ser votado.
fonte:http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6287603-EI294,00-Presidente+do+Equador+quer+repartir+lucro+dos+bancos+com+os+pobres.html
foto:fernandogaebler13.blogspot.com
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