08/09/2012

A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo, diz estudo da OMS


A cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, o que eleva para um milhão por ano o número daqueles que decidem tirar a própria vida, segundo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde). O índice é ainda mais preocupante se analisado com outro dado: para cada suicídio, há 20 tentativas fracassadas.
Nos últimos 50 anos, houve uma mudança no perfil das pessoas que se suicidam. Em 1950, 60% dos suicídios eram protagonizados por pessoas com mais de 45 anos. Atualmente, porém, 55% dos que tiram a própria vida são mais novos do que essa faixa etária.
De fato, o suicídio é a terceira causa de morte entre as pessoas de 15 a 44 anos. Entre os jovens de 10 a 24 anos, o suicídio constitui a segunda causa de morte, o que os coloca na faixa etária de "maior risco" para a OMS.


"As causas exatas dessa mudança de tendência são desconhecidas. É um fenômeno que afeta todos os países e que está aumentando. As razões principais são muitas, variadas e mudam de caso a caso", assinalou em entrevista à Agência Efe Alexandra Fleischmann, do departamento de Saúde Mental da OMS.
Em geral, as mulheres realizam mais tentativas de suicídios do que os homens, mas estes são mais efetivos porque usam métodos radicais, como armas de fogo ou pesticidas, frente principalmente ao abuso de remédios por parte do sexo feminino.
Os fatores que determinam uma tentativa de suicídio são múltiplos e variados - psicológicos, sociais, biológicos, culturais e ambientais -, mas, generalizando, pode-se afirmar que as desordens mentais (depressão e uso desproporcional do álcool, especialmente) são um fator maior de risco na Europa e nos Estados Unidos, enquanto, nos países asiáticos, o impulso "representa um papel essencial".
"Nas zonas rurais da Ásia, por exemplo, há um grande problema com os pesticidas. Em uma situação de desespero, os agricultores tomam impulsivamente o pesticida e morrem rapidamente", explicou Alexandra.
"Além disso, nas zonas remotas, o acesso aos estabelecimentos de saúde é muito mais difícil. Se a tentativa de suicídio é realizada em um apartamento de uma grande cidade desenvolvida, essa pessoa pode ser levada com urgência a um hospital e ser salva.”
Com relação à América Latina, a região mantém tradicionalmente baixos níveis de suicídio, apesar de existirem grandes diferenças entre os países, como revela o 1,9 por cada 100.000 homens peruanos que tiram a própria vida, frente aos 26 por cada 100.000 dos homens uruguaios.
"Tradicionalmente as taxas na América Latina se mantiveram baixas, mas vemos a mesma tendência que no resto do mundo, ou seja, o aumento dos índices sobretudo entre os jovens", destacou a especialista.
Alexandra explicou que os recentes estudos revelam que, apesar dos países escandinavos continuarem tendo altas taxas de suicídios, o fenômeno cresce na Europa do Leste e, particularmente, na Ásia, “em grandes países como China e Índia, com uma grande população e imensos problemas ligados ao desenvolvimento e à globalização".
Consultada sobre o aumento de suicídios relacionados à crise econômica, Alexandra afirmou que, na maioria dos casos, as pessoas que os cometeram eram previamente "vulneráveis", e a pressão só exacerbou a situação.
Perante isto, a OMS recomenda atuações multidisciplinares, como a restrição do acesso aos métodos (pistolas, pesticidas, remédios) e o cuidado na apresentação pública dos casos. A especialista também alertou sobre o perigo que representa a falta de consciência sobre a importância do problema e o fato de que seja um tema tabu em muitas sociedades.



foto:noticiasdobem.wordpress.com

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